Paulo Eli
Secretário de Estado da Fazenda de Santa Catarina
"Precisamos apostar ainda mais na atração de indústrias que possam completar os elos da nossa cadeia produtiva."
As crises globais trazem ensinamentos. Somente na primeira metade do século passado o mundo enfrentou enormes adversidades, incluindo duas guerras mundiais, gripe espanhola e quebra da bolsa de Nova York. Anos difíceis que refletiram em avanços para a humanidade, na política, na economia e na ciência. Mudanças de padrões monetários, regulação e abertura de mercados alternando com protecionismos, desenvolvimento na saúde com novos medicamentos e vacinas, inovação dos padrões de industrialização e saltos tecnológicos fizeram com que o mundo findasse o século em grande e constante transformação.
Iniciamos o século 21 de forma razoavelmente pacata e eventuais crises, a mais grave em 2008, até nos depararmos com a primeira pandemia dos novos tempos. Embora seja cedo para uma análise concreta do cenário pós-Covid-19, é certo que teremos recessão na economia mundial, com fechamento de fábricas, alterações no consumo e na atividade econômica. Em julho, a Goldman Sachs previu queda de 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos em 2020 e, para o Brasil, a perspectiva é ainda mais sombria, com retração de 6,5%.
Estamos passando por um ano de fatalidade e de perdas, muitas das quais irrecuperáveis. Porém, um ano de aprendizados. Uma dessas lições passa pela reinvenção da indústria. Santa Catarina é reconhecida pela diversidade da atividade econômica, uma grande vantagem na atual conjuntura. Precisamos apostar ainda mais na atração de indústrias que possam completar os elos da nossa cadeia produtiva. Para isso, o Governo do Estado une esforços com as entidades empresariais e setor produtivo, abrindo o diálogo e avançando em novos projetos que fortaleçam ainda mais nossa economia. Lembrando que, aqui no Estado, tão logo anunciada a chegada do vírus, foi decretado lockdown, o primeiro do País. As medidas restritivas estão sendo flexibilizadas aos poucos, com o objetivo de encontrar o equilíbrio entre saúde e economia. Com isso, embora a queda de arrecadação seja acentuada, prevê-se que a recuperação também seja célere e a expectativa é encerrar este ano no mesmo patamar de 2019.
Apostamos na inovação disruptiva para evolução de processos que possam trazer impactos positivos para a sociedade. Afinal, é necessário repensar os modelos adotados até o momento. O setor público deve estar alinhado às tendências e transformações. Na Secretaria de Estado da Fazenda, mesmo antes desta crise, trabalhávamos com a modernização de processos, apostando na tecnologia como peça fundamental dos novos tempos. A necessidade de trabalho remoto acelerou a implementação de serviços em nuvem, provocando modificações estruturais nas ações da área de informática que impulsionaram uma nova cultura e trouxeram, sobretudo, agilidade, eficiência e mobilidade, características tão desejadas no cenário socioeconômico atual.
O mundo nunca mais será o mesmo. O novo normal exige mudança de atitude em relação ao passado, não apenas uma transformação emergencial fruto da necessidade do momento, mas também uma profunda reestruturação tanto econômica quanto social e organizacional. Das adversidades nascem os grandes saltos evolutivos; portanto, estar preparado para a mudança não é suficiente. É preciso fazê-la!