Um bom pedaço dos cerca de 15 quilômetros da BR-101 que cortam a cidade de Itajaí apresenta uma paisagem homogênea, apinhada de contêineres e pátios de empresas do ramo logístico, lado a lado ao longo da rodovia. O vislumbre não deixa dúvidas sobre o peso da atividade portuária no desenvolvimento regional. Para Marcelo Werner Salles, superintendente do Porto de Itajaí, o porto e a cidade mantêm uma “relação umbilical”: se a movimentação de contêineres sobe, a arrecadação, os investimentos públicos e a economia como um todo crescem juntos. Desde que foi municipalizado, há 30 anos, a movimentação portuária aumentou 1.500%.
“Em 2015 e 2016, quando tivemos dois anos péssimos por conta de um período de cheias e obras em três dos quatro berços do Porto de Itajaí, a cidade sofreu. Com o crescimento de 150% em nossa movimentação nos últimos três anos, Itajaí agora tem um dos maiores PIBs do Estado”, afirma Salles.
Dados do IBGE de 2017 apontam a cidade com o segundo maior PIB de Santa Catarina, com R$ 21,9 bilhões – em 2005, o valor era de R$ 4,2 bilhões. Com população estimada de 219 mil habitantes, sua geração de riqueza é menor apenas que a de Joinville, que tem população de quase 600 mil habitantes. Quando o critério é o PIB per capita, Itajaí fica em terceiro lugar, atrás apenas de cidades pequenas – Piratuba e Araquari. Considerando-se as cidades de maior porte do Estado, Itajaí destaca-se com folga. Além da movimentação do porto, a economia local é puxada pelos setores de pesca e indústria náutica.
Do outro lado do Rio Itajaí-Açu, a Portonave levou a cidade de Navegantes da 32ª para a 13ª posição do ranking de maiores economias do Estado. Desde que se instalou, o PIB cresceu oito vezes, totalizando R$ 4,1 bilhões em 2017. Sozinho, o terminal é responsável por 45% dos impostos sobre serviços (ISS) arrecadados pelo município, e gera cerca de 4 mil empregos diretos e indiretos na cidade.
O dinheiro injetado na economia local pode ser medido em contêineres. Estimativas internacionais apontam que cada contêiner movimentado gera US$ 1,2 mil. O Complexo do Itajaí realiza a movimentação de 1,2 milhão de unidades por ano, e a capacidade constantemente ampliada atrai novos investimentos para a região.
Itajaí
População (2019): 219,5 mil habitantes
PIB (2017): R$ 21,9 bilhões
PIB per capita de SC (2017): 3° R$ 103 mil
Navegantes
População (2019): 81,5 mil habitantes
PIB (2017): R$ 4,1 bilhões
PIB per capita de SC (2017): 15° R$ 53,2 mil
Novo galpão | A AMP Centro Logístico se estabeleceu em Itajaí em 2005, de olho nas oportunidades que a inauguração da Portonave e a duplicação da BR-101 Norte poderiam trazer. Com 136 metros quadrados de espaço para armazenagem de contêineres, a AMP também serve como parque empresarial, com mais de 100 empresas instaladas em seu interior. Está em curso a construção de um galpão com 14 metros de pé-direito e 62 docas, que aumentarão em quase 20% a capacidade de armazenagem de contêineres.
Com a pandemia, as obras diminuíram de ritmo e só devem ser encerradas no outono do ano que vem. “Seguimos com 100% de ocupação, mas percebemos que muitos negócios serão remodelados, com grandes empresas enxugando os gastos. Mas a infraestrutura que este cluster ao redor dos portos oferece é muito atrativa. A nova bacia de evolução só reforça a importância do complexo para a região”, analisa o gerente comercial da AMP, Tarcísio Tomasi.