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A fábrica da indústria 4.0

Ao completar o primeiro ano de funcionamento, LabFaber se consolida como peça-chave em ecossistema voltado ao desenvolvimento da manufatura avançada.

LabFaber

Instalações do LabFaber no Instituto da Indústria: apoio a startups com foco em hardware - Foto: Divulgação

O dinâmico ecossistema de inovação de Florianópolis tem um ambiente de excelência no fomento da Indústria 4.0, o LabFaber. Trata-se de um laboratório-fábrica voltado ao desenvolvimento, domínio, prática e difusão de soluções avançadas para a transformação digital dos parques fabris. “Temos uma infraestrutura que incentiva a sinergia em projetos voltados a atender as necessidades do mercado”, afirma Thiago Mantovani, gerente da Fundação Certi à frente do LabFaber. “Um dos resultados do trabalho desenvolvido aqui é a capacitação da força de trabalho para o futuro da indústria catarinense.”

O LabFaber é a continuação de um projeto iniciado pela Fundação Certi há quase duas décadas, o LabElectron, originalmente sediado no bairro do Estreito. A mudança de nome é consequência da ampliação do escopo de atuação – do desenvolvimento de placas eletrônicas para linhas completas de produtos mecatrônicos (leia o box). A nova fase coincidiu com a mudança para o Instituto da Indústria, localizado no Sapiens Parque. A chegada do laboratório-fábrica, em novembro do ano passado, é resultado de um acordo de cooperação técnica entre o SENAI e a Fundação Certi. Com isso, o LabFaber passou a integrar um amplo ecossistema de apoio ao desenvolvimento de sistemas de automação inteligente de processos fabris.

Com 3,3 mil metros quadrados, o Instituto da Indústria é um centro de inovações para o setor industrial. Abriga o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, que desenvolve projetos utilizando inteligência artificial, big data, visão computacional e machine learning, dentre outras tecnologias. Somando as equipes envolvidas nos diferentes projetos, o Instituto da Indústria reúne cerca de 200 profissionais que trabalham em constante troca de experiências.

Junto com o LabFaber, que recebeu investimento de quase R$ 3 milhões do SENAI, chegou a Hards, aceleradora de empresas de hardware que é uma espécie de spin-off da já conhecida Aceleradora Darwin, criada pela Fundação Certi. Baseada no conceito de microcapital de risco, a Hards reúne empreendedores, mentores e corporações interessadas em aportar capital e oferecer mentoria e capacitação para o desenvolvimento rápido de empresas de tecnologia em estágio inicial. “Ao contrário das incubadoras e aceleradoras tradicionais, que costumam lidar apenas com software, apoiamos empresas que combinam software com hardware”, explica o fundador e CEO da Hards, Marcos Buson. “Esse é um público que até então ficava um tanto deixado de lado.”

Instituto Indústria

Instituto da Indústria FIESC - Foto: Divulgação

Capital para empreender | No LabFaber, as startups podem desenvolver protótipos e começar a produzir. Recorrem, para isso, à estrutura de apoio proporcionada pela Produza, empresa responsável por prestar às integrantes do ecossistema serviços operacionais, de administração e de logística.

Quando a Hards abriu as inscrições para a primeira seleção de empresas a serem apoiadas, a procura foi surpreendente – mais de 200 candidatas. O processo de seleção teve várias etapas. Na fase final, oito empresas foram escolhidas por 60 avaliadores convidados, representantes de diversas instituições. Cada empresa recebeu até R$ 300 mil de aporte, em troca de uma participação entre 5% e 7,5% no negócio. Mais quatro empresas foram acolhidas desde então, como resultado de chamadas realizadas sob medida para o mercado – em vez da participação de investidores-anjo, as próprias corporações interessadas estão financiando esses projetos.

Outro papel importante da Hards é apoiar as empresas em editais de fomento, benefício fiscal e captação de recursos. Já foram R$ 5 milhões obtidos dessa forma, bem mais que os R$ 2 milhões arrecadados inicialmente entre os investidores-anjo.

Em plena pandemia, cinco das empresas do grupo inicial já duplicaram de tamanho, especialmente por atuarem em segmentos que ganharam relevância durante a crise da Covid-19, a exemplo de automação industrial e soluções em logística. Uma delas é a Neokohm Inteligência Eletrônica, de Chapecó, criada em 2016 para desenvolver tecnologias de hard­ware e de software para a conectividade de frotas. A principal atuação, por enquanto, é no controle de temperatura no transporte refrigerado. “Nascemos para atender demandas da agroindústria para evitar a perda de mercadorias e a manutenção da qualidade durante o transporte”, descreve o fundador e CEO, Allan Carniel.

Uma das tecnologias já colocadas no mercado permite o ajuste a distância da temperatura dos compartimentos de carga dos caminhões. “O controle deixou de ser responsabilidade do motorista e passou a ser feito pelo operador logístico, que pode ajustar a temperatura remotamente, onde quer que o veículo se encontre”, descreve Carniel. Mais de 34 mil cargas já foram transportadas com o uso da tecnologia, no Brasil e em outros países da América do Sul, atendendo às necessidades de 40 clientes. “Tudo isso com perda zero”, orgulha-se o empreendedor.

À frente de uma equipe que, por enquanto, soma dez profissionais, Carniel conta que a parceria com a Hards tem sido fundamental para encontrar novas oportunidades estratégicas e expandir os negócios. “Sonhamos em ser uma empresa global, e para isso é preciso estarmos muito bem estruturados desde o início. É isso que a Hards está nos proporcionando”, avalia.

Teia tecnológica

Instituto da Indústria da FIESC integra diversas iniciativas que atuam em sinergia

  • Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados
  • Centro de Inovação SESI em Tecnologia para Saúde
  • Centro de Referência em Processos Produtivos da Fundação Certi
  • LabFaber
  • Hards (aceleradora de empresas de hardware)
  • Produza (prestadora de serviços para o ecossistema)

Mais de 200 profissionais envolvidos

Revisão | Outro negócio apoiado pela aceleradora é a Due Laser, fabricante de máquinas de corte a laser para uso doméstico ou em pequenos empreendimentos – mais um setor que acabou sendo impulsionado durante a pandemia. Os equipamentos desenvolvidos pela empresa podem ser utilizados para recortes em diversos materiais, como madeira, acrílico, couro, feltro, EVA e papel.

Depois do lançamento do primeiro modelo, em 2017, a empresa já colocou no mercado mais três produtos, voltados a nichos específicos. “Estávamos justamente no momento de focar no crescimento quando veio a parceria com a Hards. Foi o timing perfeito”, afirma o fundador e CEO, Luiz Carlos Pinage. Ele afirma que a aceleradora foi essencial para elevar a Due Laser a outro patamar, por conta da revisão das estratégias de preço e de aproximação com clientes em potencial, entre vários outros aspectos.

De acordo com José Eduardo Fiates, diretor de Inovação e Competitividade da FIESC, essa dinâmica de criação e suporte a startups de forma integrada com a indústria é extremamente relevante por dois motivos. “Promove a criação e o fortalecimento de um novo setor de empresas de tecnologia e gera oportunidades de soluções inovadoras serem incorporadas pelo setor industrial de forma ágil, ampliando a competitividade e o potencial de crescimento da indústria catarinense”, diz.

Duas décadas de evolução

Projeto nasceu para produzir placas eletrônicas em pequena escala

Projeto LabElectron Nucleador

Foto: Divulgação

Para entender a trajetória que levou à criação recente do LabFaber é preciso voltar a 2002, quando a Fundação Certi iniciou a operação em Florianópolis do LabElectron. O objetivo era a produção de placas eletrônicas em pequenas séries, algo que resolveria um grande problema para empresas que dependiam de componentes eletrônicos de alta confiabilidade, mas em baixa escala. Era uma situação comum em setores críticos, como o de saúde, o aeronáutico, o aeroespacial e o de defesa. A alternativa até então era produzir as placas uma a uma, com solda manual e variações inevitáveis de qualidade.

O projeto LabElectron Nucleador recebeu diversos recursos de instituições de fomento à pesquisa, em especial da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e do Governo do Estado de Santa Catarina. Entre 2002 e 2018 mais de um milhão de placas foram produzidas em pequenas escalas, atendendo mais de 200 empresas, e 35 tecnologias associadas à manufatura eletrônica foram dominadas e disseminadas pelo laboratório.

Quando o projeto LabElectron Nucleador se aproximava do fim, a instituição apresentou ao MCTI proposta de ampliação das atividades e iniciou um novo projeto, o LabFaber 4.0, de apoio ao setor produtivo em novas tecnologias associadas a Transformação Digital, Internet das Coisas (IoT) e Indústria 4.0. Nessa transição, a estrutura mudou de nome para LabFaber e se transferiu para o Instituto da Indústria, em Florianópolis.

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