"O novo vale do silício do mundo é o agro brasileiro.” A comparação, que chama a atenção para o rápido desenvolvimento de tecnologias para o campo e a sua adoção pelos produtores, é de José Antonio Ribas, diretor executivo de Agropecuária da Seara, uma das marcas da JBS que opera em Santa Catarina pelo modelo de integração rural. “O setor está em um alto nível de incorporação de tecnologia e nós estamos sendo protagonistas nisso: o modelo de galpão para suinocultura que o Brasil está adotando é o que desenvolvemos, baseados em trocas de experiência com o mundo e na ciência, e que busca o bem-estar único: dos animais e das pessoas que estão envolvidas no processo”, explica.
Para ele, a tecnologia está tornando o campo cada vez mais atrativo para os jovens, que percebem no agronegócio a oportunidade de assumir um protagonismo e empreender de fato. “Hoje, ele não precisa mais dormir dentro do galpão para cuidar da temperatura ambiente, ele faz isso a distância, pelo celular. Essa inclusão digital faz também com que ele tenha acesso à informação, ao mundo, mesmo longe da cidade”, avalia o executivo. Por outro lado, a baixa qualidade de conexão de internet, algo que também ocorre em muitas regiões urbanas, é um desafio maior ainda no campo. Mesmo assim, calcula-se que 80% das propriedades estão com algum nível de acesso à rede.
A empresa tem na plataforma SuperAgro o seu instrumento de capacitação e suporte aos produtores integrados. Uma equipe com 600 profissionais oferece atendimento, on-line e presencial, para ajudar em cada tomada de decisão. Pela plataforma o produtor também aprende pelos melhores exemplos.
“Ele começa a ter contato com gente que está fazendo resultados em nível de altíssima excelência e pode copiar exemplos. A gente dá muita evidência a quem tem os melhores resultados”, afirma Ribas, que observa um ciclo virtuoso em crescimento nas zonas rurais do País: o sucesso dos negócios faz com que haja uma fila de interessados em se tornarem integrados da agroindústria, situação oposta à de alguns anos antes.
Além de oferecer premiações e recompensas de mérito para produtores que atingem níveis de excelência em suas propriedades, a empresa também dá estímulos financeiros para aqueles que investem em melhorias e mais tecnologia. Em Lauro Müller, a família de Ederson Coan foi novamente uma das vencedoras deste ano do Prêmio SuperAgro, com o primeiro lugar em conversão alimentar ajustada para frangos – indicador da eficiência com que os animais transformam a ração em peso corporal.
Motivação de sobra
Aos 32 anos, Ederson Coan é produtor integrado da Seara e administra a produção de 60 mil aves junto com o pai, Gelson – a mãe, professora, também participa das decisões financeiras e no planejamento do negócio. Ele nunca quis deixar o campo e se formou em Agronomia na primeira turma noturna criada pelo Centro Universitário Barriga Verde, em Orleans, a 20 quilômetros de casa. “Sou filho único, quero estar perto dos meus pais. E gosto muito do que faço, somos bons no que fazemos, sempre somos elogiados pela empresa, e os resultados financeiros são bons. Não haveria motivo para eu tentar a vida na cidade”, atesta o jovem agricultor.
A terra onde a família trabalha foi adquirida pelo bisavô de Ederson, e já produziu farinha, cachaça, milho e, até a integração com a Seara, há 15 anos, a família vinha priorizando o plantio de fumo. “Percebemos que, com as aves, o trabalho rendia mais, dependia mais do nosso esforço do que de outros fatores externos. Fizemos um financiamento para montar o galpão e, aos poucos, fomos automatizando processos. Hoje administramos a propriedade e só precisamos contratar diaristas em épocas de maior demanda”, conta Ederson. Com melhorias em automação e sustentabilidade – como a mudança do sistema de aquecimento da lenha para a biomassa – a família obteve ainda ganhos financeiros adicionais no contrato com a Seara.