Por Neivor Canton, presidente da Aurora Coop e vice-presidente estratégico para o agronegócio da FIESC.

A presença internacional da Aurora Coop passou por transformações significativas ao longo da última década. Em 2014, apenas 20% da receita operacional bruta da cooperativa originava-se no mercado externo. Em 2024, esse índice alcançou 36,4%, refletindo um processo consistente de internacionalização e a crescente relevância das exportações para o equilíbrio da balança financeira da empresa. Trata-se de uma mudança estruturante, não apenas de números, mas de postura estratégica diante do mercado global de alimentos.

Esse avanço, no entanto, não ocorreu sem desafios. O ano de 2024 impôs um cenário logístico adverso. O sistema portuário nacional revelou limitações crônicas, agravadas por obras, greves, omissões de escalas e perda de capacidade operacional. Esses entraves resultaram em atrasos significativos, acúmulo de cargas e aumento do custo de exportação.

No cenário internacional, as dificuldades também foram expressivas, causadas por conflitos no Oriente Médio, crise hídrica na América Central e greves nos Estados Unidos. Em meio a essas adversidades, a Aurora Coop manteve sua resiliência e capacidade de adaptação, amparada por uma estratégia de exportação flexível e uma malha logística progressivamente mais diversificada.

Apesar da instabilidade operacional, o frete marítimo iniciou um processo de retorno aos níveis anteriores à pandemia. O ambiente mais favorável permitiu à Aurora Coop ampliar os volumes exportados em contêineres, aproveitando-se de uma janela de competitividade no comércio internacional.

As iniciativas adotadas ao longo de 2024 produziram efeitos mais concretos em 2025. A previsão é de um cenário menos congestionado nos portos brasileiros, com tendência de continuidade na expansão da oferta de rotas e estabilidade dos custos, favorecendo empresas que, como a Aurora Coop, conseguiram se ajustar às novas exigências do mercado global.

A construção de uma malha logística eficiente e sustentável é imperativa para que o Brasil consolide sua posição entre os grandes exportadores mundiais. A experiência da Aurora Coop revela que é possível crescer de forma consistente mesmo em um ambiente desfavorável, desde que haja planejamento, investimento em eficiência e alinhamento estratégico com as demandas do comércio internacional. A modernização da infraestrutura portuária, com maior participação da iniciativa privada, é um caminho necessário para superar as deficiências históricas que ainda limitam o potencial exportador brasileiro.

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