A indústria de Santa Catarina é um patrimônio do Estado, até mesmo no sentido histórico. O trabalho de empreendedores iniciado no século 19 produziu uma cultura própria, que define em grande medida o jeito de ser do catarinense e as conquistas socioeconômicas do Estado. Criada há 70 anos, a FIESC colaborou de várias formas para pavimentar essa trajetória. Uma delas foi realizar o maior diagnóstico de até então sobre Santa Catarina, nos anos 1950, que orientou as ações do Governo na década seguinte, processo que sustentou nosso maior salto de desenvolvimento.
O momento é oportuno para ressaltar a importância do alinhamento entre o setor produtivo e o setor público. Ele será essencial para reduzir os danos à economia e ao tecido social causados pela guerra travada contra o novo coronavírus. Para gerenciar a crise da melhor maneira possível e ter esperança de uma rápida retomada, todos devem agir em harmonia, desde já.
Ao mesmo tempo que a FIESC atua no dia a dia da crise, oferecendo apoio e serviços à indústria, trabalhamos na elaboração de um plano que sustente o retorno gradual da atividade industrial e proporcione uma retomada forte mais à frente. Avaliamos que poderemos superar a crise se conseguirmos construir uma grande parceria público-privada, no País e em Santa Catarina. Diferentes ações serão necessárias nos próximos meses.
Após atingirmos o pico do número de infecções, a retomada gradual estará vinculada à adoção de rígidos protocolos de segurança e saúde nas indústrias. A produtividade, por consequência, será diminuída, e os custos das empresas serão mais altos. Para tornar a atividade possível, caberá ao Governo não apenas garantir a sobrevivência da economia enquanto ela estiver parada, como também reduzir burocracias, impostos e custos para que a retomada não seja raquítica.
Após essa fase, será essencial que o setor público coloque em prática um grande programa de recuperação e crescimento da economia. Dentre as prioridades que identificamos, destacam-se investimentos em infraestrutura, que movimentarão diversos setores da indústria e poderão corrigir uma das maiores deficiências do País que aflige particularmente Santa Catarina. A agenda de reformas estruturantes também deverá ser retomada. Mesmo sob um ambiente desafiador, o empreendedor catarinense fará a sua parte, com determinação e criatividade. Afinal, superar desafios é a história da nossa indústria.
Mario Cezar de Aguiar - Presidente da FIESC