Internacionalização dos Institutos SENAI de Inovação e Tecnologia e do UniSENAI de Santa Catarina conecta o Brasil aos centros de excelência mundiais e amplia os horizontes da indústria.
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400 ações distintas já foram promovidas pelos Institutos SENAI de Inovação e Tecnologia de SC e pelo UniSENAI com 164 parceiros internacionais involvidos, impactando projetos, empresas e profissionais (dados de julho de 2025) - Foto: AdobeStock

Por mais de uma década, os Institutos SENAI de Inovação (ISI) de Santa Catarina, assim como os Institutos SENAI de Tecnologia (IST), vêm trilhando uma jornada de crescimento e consolidação no Brasil. Agora, com um nível de maturidade elevado, avançam em um novo ciclo estratégico: o da internacionalização. Dentre os objetivos estão a ampliação de parcerias e a visibilidade internacional, a geração de receitas com projetos e tecnologias desenvolvidas localmente, mas com aplicação global, e a transferência de tecnologia desenvolvida no exterior para o Brasil, além de elevar a mobilidade internacional das equipes de pesquisadores e acadêmicos. “Queremos ser reconhecidos pelas instituições relevantes no mundo como parceiros capazes de desenvolver projetos de alto nível tecnológico”, afirma Fabrizio Pereira, diretor regional do SENAI/SC.

A atuação internacional se materializa de diversas maneiras, e pode ser dimensionada pelas mais de 400 ações distintas realizadas pelos Institutos SENAI de Inovação, de Tecnologia e também o UniSENAI/SC, que alinham suas estratégias para o atendimento das demandas da indústria. Até meados de 2025, as ações haviam envolvido 164 parceiros internacionais, impactando projetos, empresas e profissionais por meio de missões, eventos, intercâmbios e cooperações tecnológicas, além de outras interações – uma amostra dessas ações e parcerias está descrita nos cases desta edição.

“A competitividade da indústria hoje se dá em um estágio de domínio tecnológico de nível internacional. Então, é fundamental que os Institutos SENAI tenham exposição às demandas internacionais e trabalhem em parceria com instituições de Ciência e Tecnologia de fora do País”, diz Gustavo Leal, diretor-geral do SENAI Nacional. “Santa Catarina está na vanguarda. Os Institutos SENAI do estado têm desempenho acima da média nacional e avançam internacionalmente”, destaca Leal.

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Gustavo Leal, diretor do SENAI Nacional, e Fabrízio Pereira, diretor regional do SENAI/SC: exposição às demandas internacionais - Foto: Filipe Scotti

A internacionalização está no DNA dos Institutos SENAI de Inovação, que foram idealizados para fazerem a ponte entre universidades e empresas, transformando o conhecimento científico em produtos viáveis. A principal inspiração para a criação da rede é o Instituto Fraunhofer de Sistemas de Produção e Tecnologia de Design (IPK), de Berlim, Alemanha, que faz parte da maior organização de pesquisa aplicada da Europa.

O Fraunhofer foi contratado para auxiliar no planejamento e implementação de cada um dos 28 Institutos SENAI localizados em diversas regiões do País, com foco no desenvolvimento de pesquisa aplicada e orientação para o mercado. A implantação da rede também contou com o apoio do Massachusetts Institute of Technology (MIT) de Cambridge, nos Estados Unidos, que é referência mundial em inovação de base tecnológica, para analisar o ecossistema de inovação brasileiro e propor metodologias e práticas adaptadas às particularidades do Brasil.

Cabe atualmente ao Fraunhofer realizar o monitoramento dos Institutos SENAI, tanto individualmente quanto em conjunto, avaliando o nível de maturidade tecnológica e outros aspectos. “Desde o início, os Institutos SENAI de Inovação de Santa Catarina apresentavam um mindset diferenciado, voltado para uma atuação próxima da indústria e com foco em suas demandas reais”, afirma David Domingos, diretor de desenvolvimento de negócios internacionais do Fraunhofer IPK, que contribuiu diretamente para a concepção e implementação da rede brasileira. De fato, desde então os Institutos SENAI catarinenses se destacam como os que obtêm as maiores pontuações em avaliações tanto do Fraunhofer quanto do SENAI Nacional.

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Massachusetts Institute of Technology (MIT) de Cambridge - Foto: AdobeStock

De acordo com Domingos, Santa Catarina já tinha uma presença forte na oferta de serviços tecnológicos especializados, o que tornou a transição para uma agenda mais estruturada de inovação colaborativa com a indústria algo natural e fluido. Agora, ele observa o avanço dos Institutos SENAI catarinenses na condução de projetos relevantes de cooperação com diferentes países e ecossistemas de inovação ao redor do mundo. “Essa abertura e a inserção internacional demonstram que os Institutos SENAI compreendem a importância estratégica da internacionalização nas agendas de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Trata-se de uma visão moderna e necessária para ampliar o impacto e a competitividade da indústria brasileira no cenário global”, diz.

A internacionalização, entretanto, não é uma condição que se alcança instantaneamente ou pela simples vontade, mas por meio de um longo processo repleto de etapas e desafios, dos mais prosaicos aos mais complexos. O investimento passa, por exemplo, pela capacitação de pessoas e o desenvolvimento de cultura organizacional voltada ao ambiente global.

No ambiente dos Institutos SENAI e do UniSENAI catarinenses há clubes de conversação em inglês, incentivos financeiros para estudos de idiomas, metas de proficiência linguística e intercâmbios técnicos constantes. Em média, são realizadas entre 40 e 50 mobilidades internacionais por ano, envolvendo estudantes, docentes e pesquisadores. “A língua é só uma ferramenta. O que a gente busca é criar um ambiente favorável, com cultura, incentivo e participação”, afirma Valério Piana, coordenador de internacionalização dos Institutos SENAI de Tecnologia, Inovação e UniSENAI.

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Instituto Fraunhofer de Sistemas de Produção e Tecnologia de Design (IPK), de Berlim, Alemanha - Foto: Divulgação

Outros desafios são a escassez de recursos financeiros específicos para ações de internacionalização, a elaboração de contratos sob legislações estrangeiras e as dificuldades em se acessar oportunidades como chamadas, editais e programas de financiamento ao redor do mundo, além da prospecção de parcerias e projetos. As barreiras têm sido continuamente superadas. As ações já resultaram em parcerias formais com 15 organizações internacionais e mais de 40 potenciais, em negociação com universidades e centros de pesquisa de países como Canadá, Bélgica, Finlândia, Noruega, Estados Unidos e República Tcheca, além de países da África e da América Latina.

A articulação também garantiu presença em editais de financiamento com recursos internacionais, como o Imagine Fund (Canadá), 100K Strong in the Americas (EUA) e chamadas bilaterais com países europeus. Somam-se a realização de projetos de P&D, transferência de tecnologia e receita gerada por prestação de serviços tecnológicos, participações em fóruns e feiras, intercâmbios, visitas e treinamentos técnicos, publicações e a organização de eventos internacionais – o UniSENAI, por exemplo, realiza anualmente um simpósio internacional de ensino, pesquisa e extensão.

A estratégia de internacionalização, traçada com o auxílio do Instituto Fraunhofer, se baseia em quatro pilares (leia o box) e se alinha às vantagens comparativas que o Brasil possui em áreas de interesse internacional, como energias renováveis e transição energética, minerais estratégicos, bioeconomia, biodiversidade, agricultura sustentável e um setor de óleo e gás consolidado. “Os Institutos SENAI de Inovação têm potencial para desempenhar um papel estratégico como ponte entre as demandas industriais brasileiras e centros de excelência em pesquisa, desenvolvimento e inovação no exterior”, diz David Domingos, do Fraunhofer.

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O 4º Matchmaking Suécia-Brasil foi realizado no Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, em Florianópolis, em 2024 – Foto: Raphaela Berka

Por conhecer as necessidades tecnológicas da indústria brasileira e ter acesso aos mecanismos de fomento nacionais, o SENAI pode alavancar suas próprias competências técnicas ao mesmo tempo que articula parcerias com instituições internacionais de referência para acelerar o desenvolvimento de rotas tecnológicas no Brasil em áreas onde o conhecimento já está consolidado no exterior, permitindo a adaptação ao contexto nacional.

Trata-se de uma abordagem híbrida, capaz de posicionar o SENAI como articulador técnico e institucional da inovação industrial no Brasil. “Com o aprofundamento da internacionalização vamos qualificar nossa atuação local, gerar impacto econômico e mostrar que Santa Catarina tem ciência e tecnologia de ponta para oferecer ao mundo”, afirma Maurício Cappra Pauletti, gerente executivo de Inovação e Tecnologia do SENAI/SC.

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Da mobilidade à visibilidade: a arquitetura global dos Institutos SENAI

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Foto: AdobeStock

O processo de internacionalização dos Institutos SENAI de Inovação e Tecnologia e do UniSENAI de Santa Catarina é orientado por uma estratégia clara e consistente, baseada em quatro pilares: mobilidade, transferência de tecnologia, captação de recursos internacionais e visibilidade global. Essa estrutura sustenta o esforço dos Institutos SENAI para se posicionarem como referências não apenas no Brasil, mas também no cenário mundial de pesquisa aplicada à indústria.

O pilar da mobilidade envolve a troca de estudantes, pesquisadores e docentes com instituições estrangeiras, promovendo o intercâmbio de conhecimentos e culturas. Já a transferência de tecnologia diz respeito à exportação de soluções desenvolvidas localmente ara outros países, assim como a adaptação de soluções estrangeiras à realidade da indústria brasileira. A captação de recursos internacionais permite que os Institutos SENAI sustentem projetos com fundos de agências estrangeiras, ampliando o alcance e o impacto das iniciativas de inovação.

Por fim, a visibilidade é essencial para consolidar a reputação dos Institutos SENAI e do UniSENAI como parceiros globais de confiança. Isso se dá por meio da participação em feiras, publicação de pesquisas e presença em redes acadêmicas e industriais de alto nível. Os projetos descritos a seguir demonstram a eficácia da estratégia para que o objetivo da internacionalização seja atingido.

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