As colhedoras agrícolas vêm passando por transformações significativas nos últimos anos, incorporando recursos tecnológicos que permitem maior eficiência, precisão e sustentabilidade na produção. A automação, o uso de sensores, sistemas de telemetria e inteligência artificial, dentre outros recursos, tornaram essas máquinas verdadeiras centrais digitais de produtividade no campo, capazes de otimizar o uso de insumos e reduzir custos operacionais. No Brasil, um dos maiores mercados agrícolas do mundo, a CNH se destaca como uma das líderes nesse processo de inovação.
Proprietária das marcas Case IH e New Holland, a companhia estabelece parcerias com instituições de pesquisa capazes de desenvolver as tecnologias necessárias. Entre os parceiros globais da multinacional está o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados (ISI-SE), de Florianópolis, que desenvolveu um sistema de monitoramento de produtividade capaz de mensurar em tempo real a proporção entre o produto que está sendo colhido e impurezas como a palha, e atuar para elevar a eficiência da colheita.
Há várias aplicações em potencial para o recurso, baseado em visão computacional e inteligência artificial. A principal é utilizar a informação para controlar um sistema automático de limpeza da colhedora, algo que no modelo convencional depende do olhar humano. Com esse controle, torna-se possível dosar melhor o esforço do equipamento, o que resulta em preservação das peças e economia de combustível. “O ventilador que sopra a palha é a segunda maior fonte de consumo de diesel numa colhedora”, conta Patryk Gonçalves, pesquisador em visão computacional e responsável técnico do projeto pelo SENAI.
Outro atrativo do sistema é o fornecimento de mapas de produtividade associados a cada trecho do terreno. Isso permite a identificação de problemas pontuais – como deficiência de nutrientes, presença de pragas ou questões relacionadas à irrigação – e a definição de estratégias para combatê-los, incluindo o planejamento da escolha de variedades de culturas mais adaptadas ao solo.
O diferencial da solução está na utilização de sensores, câmeras e algoritmos avançados para automação de tarefas e tomadas de decisão antes feitas pelo operador. “Além de diminuir a carga dos trabalhadores, há redução de perda de matéria-prima e de quebras da máquina, além do incentivo a práticas agrícolas mais eficientes, sustentáveis e orientadas a dados”, descreve Gonçalves.
João Lucca, gerente de inovação para colhedoras de cana da CNH no Brasil, lembra que a automação contempla a demanda dos clientes por simplificação na operação. “Temos hoje equipamentos repletos de recursos e com centenas de botões. Automatizar funções significa reduzir a complexidade da operação”, avalia Lucca.
O ineditismo da solução já suscitou 14 pedidos de patente, em quatro países – Brasil, Estados Unidos, China e Índia. Quatro pesquisadores do ISI-SE estiveram na Bélgica, em março de 2023, para apresentar o equipamento à gerência da divisão da CNH responsável globalmente pelo projeto. Em janeiro do ano passado, dois pesquisadores foram à Flórida, nos Estados Unidos, para testar o desempenho da solução em condições diferentes das encontradas no Brasil. “O teste foi um sucesso. Tudo o que havia funcionado aqui, funcionou lá também”, conta Gonçalves.
A parceria entre ISI-SE e CNH neste projeto começou em 2019 e está em vias de ser renovada por mais dois anos.
Case no detalhe
Indústria parceira | CNH
Instituições envolvidas | Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados (ISI-SE).
Tecnologias | Visão computacional e inteligência artificial.
Aplicação | Monitorar e controlar de forma automatizada a produtividade da colheita.
Maturidade tecnológica | Em fase de testes em condições reais.
