Da produção mais sustentável de suínos, onde Santa Catarina é líder nacional, ao melhor aproveitamento do açaí na Região Norte, Instituto SENAI em Sistemas Embarcados tem apoio internacional para avançar em pesquisas.
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Desenvolver mecanismos para aprimorar a sustentabilidade da produção de suínos é uma demanda da indústria catarinense, líder absoluta do setor no país. Trata-se de um tema relevante também para o Canadá, que aparece junto ao Brasil na lista dos quatro maiores exportadores da proteína no mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Foi a partir da identificação de interesses compartilhados pelos dois países no setor de suínos que surgiu a possibilidade de um projeto conjunto do SENAI catarinense com a Université du Québec à Trois-Rivières (UQTR). O início da parceria remonta a 2019, quando o SENAI estreitou relações com a Polytechnique Montréal, universidade de engenharia do país da América do Norte que chegou a enviar um estudante a Santa Catarina para um doutorado-sanduíche. A eclosão da pandemia de Covid-19 o obrigou a retornar — contudo, adiando os planos de colaboração mais próxima.

“Em 2022, quando se intensificou o programa de internacionalização dos Institutos SENAI, retomamos as interações com os nossos contatos canadenses”, lembra Renato Simão, coordenador de inovação no Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados (ISI-SE). Durante uma visita ao país, no final do mesmo ano, os representantes catarinenses conheceram dois doutorandos da Polytechnique, Ambre Dupuis e Loïc Parrenin, que demonstraram interesse em desenvolver no Brasil parte das pesquisas que estavam fazendo sobre machine learning (aprendizado de máquina). No início de 2023, os dois vieram a Santa Catarina e passaram três meses trabalhando em projetos do SENAI catarinense voltados ao agronegócio.
 

Parceria promissora

De volta ao Canadá, Dupuis foi contratada para trabalhar na UQTR e logo descobriu que a instituição disponibilizava recursos para incentivar pesquisas sob cooperação internacional. Ela começou, então, a discutir possibilidades com o SENAI catarinense, que já conhecia de perto. “O desafio era encontrar um tema que estivesse dentro das nossas linhas de especialidade e fossem interessantes para os dois países”, lembra Simão.

A resposta foi o desenvolvimento de uma plataforma de Inteligência Artificial para apoiar decisões dos produtores de suínos, com o princípio de conciliar a redução das emissões com o aumento da rentabilidade. “O hub de descarbonização da FIESC vinha destacando o desafio de encontrar o equilíbrio ideal entre lucratividade e impacto ambiental na produção de suínos. Apresentamos essa ideia, que foi acolhida pelos parceiros canadenses”, descreve o coordenador de inovação.

Agora o projeto está dando os primeiros passos, tendo a região Oeste catarinense — epicentro da produção de suínos no Estado — como campo de testes. “Meu primeiro objetivo é construir uma parceria sólida, estruturante e duradoura em pesquisa e ensino entre a UQTR, o SENAI e a UniSENAI”, diz Dupuis. “É uma parceria para fortalecer os laços científicos em torno da agricultura sustentável, aproveitando a complementaridade de expertise, recursos e contextos agrícolas. Nesse sentido, a iniciativa vai além da produção de uma simples ferramenta para se tornar uma alavanca metodológica e estratégica para a pesquisa multidisciplinar em agricultura 4.0, transição ambiental e tecnologias emergentes.”

A professora e pesquisadora canadense vislumbra a criação de outros projetos conjuntos, envolvendo a coorientação de alunos e o desenvolvimento de programas de treinamento adaptados às questões contemporâneas de sustentabilidade. “Trabalhar com uma equipe tão dinâmica, competente e comprometida como a do SENAI-UniSENAI representa para mim uma estrutura ideal para a coconstrução de projetos enraizados em questões atuais, em particular a de repensar nossos modelos de produção industrial e agrícola diante das emergências climáticas e sociais do século 21.”

Maiores exportadores de carne suína do mundo

  • Estados Unidos (31%)
  • União Europeia (29%)
  • Brasil (15%)
  • Canadá (14%)
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Aproveitamento

Outro projeto que envolve financiamento internacional e o ISI-SE é o Açaí Tech, que prevê a utilização de resíduos do açaí em soluções industriais. Trata-se de uma parceria recentemente estabelecida entre o Instituto SENAI de Tecnologia Ambiental e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), via Amazonia Seed Fund, fundo da renomada universidade norte-americana que financia pesquisas envolvendo a Amazônia.

Esse é mais um caso de ideia surgida da identificação de uma possibilidade que conciliasse as áreas de atuação dos Institutos SENAI e o perfil da fonte financiadora. O SENAI catarinense já tinha parcerias com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Instituto de Tecnologia da Vale (ITV) e convocou as duas instituições para participar da concepção do projeto. Outra parte fundamental é a Amazonbai, cooperativa de produtores da região de Bailique, no Amapá.

“Hoje, o que se aproveita do açaí é apenas a polpa, que equivale a não mais que 30% do fruto”, explica Jocinei Dognini, pesquisador que lidera o projeto pelos Institutos SENAI. “O desafio é encontrar formas de aproveitar o caroço dentro da cadeia produtiva, criando soluções sustentáveis que aumentem a renda dos produtores.”

Entre as primeiras ideias que serão investigadas estão o possível desenvolvimento de um “café de açaí” ou a transformação dos caroços em tijolos ecológicos, fibras para roupas ou aglomerados que possam fazer o papel de madeira, além de componentes para alimentos e medicamentos. A primeira fase do projeto, com duração prevista de um ano, inclui aulas on-line ministradas pelo MIT para todas as instituições envolvidas, além da organização de um hackathon.

Mais usos para o açaí

A polpa, que tradicionalmente é a única parte aproveitada no fruto, corresponde por apenas 30% dele. Os pesquisadores buscam formas de aproveitar o restante do fruto. Algumas ideias:

  • Café de açaí
  • Transformação dos caroços em tijolos ecológicos, fibras para roupas ou aglomerados que possam fazer o papel de madeira
  • Componentes para alimentos e medicamentos
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