Com o RDC-R, manutenção de plataformas como esta tem custos reduzidos em 84% - Foto: Shutterstock
Tudo é complexo em uma atividade como a extração de petróleo em alto-mar, em águas de até 2 mil metros de profundidade. Mesmo tarefas de manutenção que à primeira vista parecem prosaicas, como a pintura dos cascos das embarcações, devem ganhar ares épicos considerando o tamanho dos costados, o nível de degradação a que são submetidos e as condições atmosféricas e do mar, que podem impedir a realização do serviço durante a operação.
O problema levou a Petrobras a procurar o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura e Processamento a Laser, de Joinville, para que desenvolvessem em conjunto um robô capaz de realizar a operação de modo mais rápido, com mais qualidade e, principalmente, com maior segurança em relação à manutenção tradicional, que é feita por trabalhadores que se penduram em andaimes a 30 metros de altura sobre o mar.
O projeto de pesquisa aplicada iniciado em 2015 criou o RDC-R, também chamado robô de pintura. Ele é formado por uma plataforma e um conjunto de cabos. A plataforma se desloca sobre a superfície por meio da tensão aplicada nos cabos. Diversas ferramentas foram implementadas no “corpo” do robô, como um sistema de pintura airless, que dispensa a necessidade de ar comprimido. Além da pintura em grandes áreas planas verticais, a máquina é capaz de fazer a preparação da superfície e de inspecioná-la.
Seu desempenho, testado em uma plataforma da Petrobras, é notável. O robô é capaz de pintar 200 metros quadrados de superfície por hora, enquanto o serviço realizado de forma manual cobre apenas 20 metros quadrados por dia. As equipes de pintura tradicionais envolvem cerca de 20 pessoas, ao passo que a operação do robô demanda apenas seis, considerando o embarque e a mobilização dos equipamentos.
“Com a simplificação da operação, além de maior produtividade, há ganhos em segurança, meio ambiente e saúde. O serviço executado por robô evita acidentes de trabalho, pois o sistema é operado por meio de painel de controle no convés”, afirma o consultor da Petrobras André Koebsch, um dos idealizadores do projeto. “O equipamento também permite a manutenção do costado em condições climáticas adversas, que impossibilitariam o uso da mão de obra humana por questões de saúde e segurança”, destaca Diego Souza, responsável técnico pelo projeto no ISI.
Outra vantagem obtida com o novo processo tem origem na inserção do sistema de tratamento abrasivo a seco, incluído na etapa de preparação da superfície que também é realizada pelo robô. O tratamento, que normalmente não é feito nas unidades operacionais, prepara melhor o substrato, o que aumenta a vida útil da pintura que é aplicada posteriormente. No fim das contas, o tempo de serviço caiu de 35 dias para 14 dias, e os custos foram reduzidos em 84%.
Antes de realizar a pintura o robô prepara a superfície, o que aumenta a vida útil da manutenção - Foto: Divulgação
Atualmente o projeto está em fase de “estresse tecnológico”, o que inclui 16 embarques para testes com o objetivo de aumentar a maturidade tecnológica e implementar melhorias a partir de situações que só podem ser observadas na prática.
A criação do robô pintor impôs diversos desafios, como os sistemas de controle de movimentos e dos processos finos de preparação, pintura e inspeção, que são realizados em ambientes hostis a equipamentos eletromecânicos. O projeto gerou três patentes, e com isso a Petrobras transferiu a tecnologia para fornecedores de serviços, como as empresas RIP e Granafer.
Case no detalhe
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Parcerias
- ISI Sistemas de Manufatura e Processamento a Laser
- Cenpes/Petrobras e empresas licensiadas
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Clientes
- Petrobras
- RIP
- Granafer
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Tecnologias
- Robótica
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Aplicações
- Ergonomia
- Manutenção
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Setores atendidos
- Indústria de óleo e gás
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Investimentos
- R$ 14 milhões (até julho/22)
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Maturidade Tecnológica
- TRL 7