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A transformação digital de uma companhia do porte da Tupy, multinacional brasileira sediada em Joinville, com 19 mil colaboradores e presença em mais de 40 países, é um processo tão necessário quanto complexo. Engana-se quem imagina que investimentos em tecnologia, equipamentos e sistemas são capazes de, por si só, resolver a questão. A transformação é antes de tudo cultural. Se os colaboradores não entenderem o que é, para que serve e como funciona a tecnologia da Indústria 4.0, os resultados esperados não serão alcançados. “Nosso maior desafio está em fazer com que as pessoas compreendam e adotem as tecnologias habilitadoras em Indústria 4.0”, afirma Daniel Moraes, gerente executivo de Inovação e Transformação Digital da Tupy.
Foi com esse objetivo que a Tupy e o SENAI de Santa Catarina estruturaram um MBI (Masters in Business Innovation) em Fundição 4.0, um curso de pós-graduação com disciplinas sobre automação e digitalização industrial aplicadas ao segmento da fundição. O conteúdo foi talhado para as necessidades da Tupy, permitindo aos colaboradores um mergulho nas mudanças tecnológicas que estão moldando o futuro da empresa. Após dois anos de curso, a primeira turma de 45 funcionários com diferentes perfis e experiências – há alunos das áreas operacional, administrativa, comercial, de finanças e de tecnologia – se formou no primeiro semestre de 2023.
O MBI tem duração prevista de 360 horas e envolve docentes da Faculdade SENAI Joinville, pesquisadores dos Institutos SENAI de Inovação de Joinville e Florianópolis, especialistas da Tupy e consultores em áreas específicas. A primeira parte do curso é dividida em módulos de estratégia de planejamento e liderança para Indústria 4.0, fábricas inteligentes e modelos de negócios em produtos inteligentes.
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“O objetivo é capacitar os colaboradores, mostrando quais são os pilares da Indústria 4.0 e as novas competências requeridas, além de trazer soluções e aplicações relacionadas a vários tipos de tecnologia”, explica Thais Ballmann, docente e pesquisadora da Faculdade SENAI Joinville, coordenadora do MBI. A segunda parte é voltada ao chão de fábrica – os projetos de conclusão de curso dos alunos devem estar integrados com problemas concretos que enfrentam.
A aposta na formação de colaboradores não é novidade na Tupy: em 1959, o então presidente da empresa, Hans Dieter Schmidt, criou a Escola Técnica Tupy, para preparar mão de obra para a indústria. Nesta área a empresa tem forte relacionamento com o SENAI, que oferece formação profissional nas áreas de metalurgia e usinagem, dentre outras, o que pavimentou a criação conjunta do MBI. “Não é um curso de prateleira, mas algo com tópicos avançados, construído para as necessidades de uma empresa que é líder em um setor importante para Santa Catarina e o Brasil”, diz Mauricio Cappra Pauletti, gerente executivo de Inovação e Tecnologia do SENAI/SC.
O MBI é voltado para profissionais em cargos de coordenação e gerência, que na estrutura da Tupy é o público mais envolvido com projetos digitais ou que vai começar a usar as tecnologias. A intenção é que eles atuem como multiplicadores, disseminando novas práticas entre os subordinados e por toda a companhia. Não é ocasional que, para a primeira turma, os alunos tenham sido recrutados em todas as áreas da empresa. “A Tupy inteira precisa ser digital, por isso houve o cuidado de reunir um grupo bem diverso, o que criou um desafio extra para o SENAI”, afirma Daniel Moraes.