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Se atingir as dimensões esperadas, a mobilidade elétrica será uma daquelas transformações que entrará para os livros de história econômica e social, pela proeza de retirar o protagonismo secular dos combustíveis fósseis no setor automotivo. A transição está em curso, e indústrias estabelecidas no mercado tradicional se mobilizam, lançando mão da inovação para ganhar a dianteira. É o caso da ZEN S/A, de Brusque, que se articulou a um grupo de indústrias para desenvolver uma peça sob medida para veículos elétricos, o EletroRedutor – um sistema que faz a ligação entre o motor e as rodas do veículo, capaz de controlar a rotação e aumentar o torque do motor.
O projeto, viabilizado pela Plataforma de Inovação para a Indústria do SENAI e recursos federais do programa Rota 2030, além de contrapartidas das empresas, cria um poderoso ecossistema de inovação por meio de uma aliança industrial. “O projeto do EletroRedutor poderá habilitar empresas nacionais a serem fornecedores globais de soluções para o mercado automotivo eletrificado”, diz Gilberto Heinzelmann, CEO da ZEN, que é fabricante de peças para automóveis como motores de partida e alternadores, todas para veículos a combustão.
A WEG uniu-se à empreitada com o objetivo de alcançar um novo patamar em seus produtos para mobilidade elétrica. A companhia já desenvolve powertrains para veículos elétricos, porém utiliza redutores de motores a combustão adaptados, que não garantem o rendimento adequado. A expectativa é que o novo produto gere ganhos de autonomia e redução de custos com baterias, contribuindo para a superação de dois dos maiores desafios para a consolidação do mercado de veículos elétricos.
O EletroRedutor com as engrenagens à mostra e acoplado ao motor: maior autonomia e economia de bateria para veículos elétricos - Foto: Divulgação
O Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura forneceu sua capacitação em projetos avançados de engrenagens de alto desempenho. O dimensionamento e o design das engrenagens, associados à escolha de materiais e ligas, precisam assegurar elementos críticos para o sucesso da nova peça, como performance, durabilidade e nível de ruído. “Trata-se de um desenvolvimento avançado de manufatura que transfere o custo de materiais nobres (cobre do motor) para o custo do aço (redutor mecânico) devido à otimização do conjunto eletromecânico”, afirma Amanda Fusinato, líder técnica do projeto.
Coube à gigante do aço Gerdau o desenvolvimento de novos materiais e ligas. A CIP (Companhia Industrial de Peças) produziu os primeiros redutores, os protótipos funcionais, enquanto a eiON, empresa que desenvolveu o veículo elétrico Buggy Power, realiza testes de desempenho não só com as novas peças, mas com todo o conjunto de powertrain produzido pela WEG. Isso permite a demonstração do sistema integrado ao veículo e o levantamento de dados de rodagem para ajustes de tecnologia, garantindo avanços nos níveis de maturidade do projeto. Após a otimização do sistema proporcionada pela primeira bateria de testes é a vez da etapa de avaliação final em outros Buggys.
Buggy Power, veículo elétrico desenvolvido pela eiON - Foto: Divulgação
Paralelamente a essa etapa, a ZEN está montando a estrutura necessária para iniciar a produção do EletroRedutor. Ao final do período de testes e da validação final, que deverá ser concluído até o fim de 2022, o sistema começará a ser fabricado em Brusque. Será um passo importante para a indústria automotiva nacional: a inovação voltada ao mercado de veículos elétricos cria uma rota tecnológica alternativa para o crescimento sustentável das empresas do setor a médio e longo prazos.
Case no detalhe
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Parcerias
- ISI Sistemas de Manufatura
- ZEN
- WEG
- Gerdau
- eiON
- CIP
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Aplicações
- Modalidade elétrica
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Setores atendidos
- Automotivo
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Investimentos
- R$ 2,16 milhões
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Maturidade Tecnológica
- TRL 8