Projeto inclui remoção do powertrain a combustão e instalação de kit de conversão e baterias - Foto: Divulgação
Um dos grandes desafios do mercado de mobilidade elétrica é a redução de preços dos veículos, ainda muito mais caros do que os convencionais. Enquanto montadoras e fornecedores desenvolvem tecnologia para baixar o custo das baterias e outros componentes, o retrofit surge como uma alternativa mais econômica, que pode acelerar o processo e democratizar o acesso. Trata-se da conversão de veículos com motores de combustão interna para motores elétricos.
A Stellantis, dona de 14 marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, Citröen e RAM, desenvolve projetos de retrofit na Europa e no Brasil que se integram ao plano estratégico de se tornar carbono neutro até 2038. Por aqui, o SENAI é parceiro no projeto, e o desenvolvimento de soluções está a cargo do ISI Sistemas Embarcados. A parceria envolve ainda o ISI Sistemas de Manufatura e o Instituto SENAI de Tecnologia em Mobilidade Elétrica e Energias Renováveis, todos em Santa Catarina.
O projeto integra o programa Rota 2030, do Governo Federal, e mira a conversão de veículos comerciais leves, tanto novos quanto usados, para atender a demanda de transportadores urbanos que rodam até 100 quilômetros por dia – este é o limite para as baterias nessa configuração. As baterias são acomodadas no compartimento de cargas dos veículos para que não sejam necessárias mudanças estruturais. Já o motor a combustão é substituído por um kit powertrain elétrico produzido pela WEG. Também é parceira no projeto a FuelTech, fabricante da VCU (Vehicle Control Unit), responsável pelo gerenciamento do veículo.
Não se trata simplesmente de uma troca. O objetivo é assegurar qualidade na conversão de veículos como equipamento original de fábrica, com homologação, para que se possa assegurar segurança e durabilidade. Em outras palavras, os convertidos pelo processo se tornarão veículos de emissão zero com garantia de fábrica.
Para se atingir esse estágio é necessário estruturar um novo modelo de negócio que garanta eficiência e um custo final acessível. O trabalho dos Institutos SENAI inclui a realização de um mapeamento completo do processo, considerando variáveis como o número de horas despendidas e os materiais necessários à conversão.
O projeto começou com o desenvolvimento da etapa de remoção do powertrain a combustão e a instalação do kit de conversão e o conjunto de baterias. Os primeiros veículos convertidos são dos modelos Fiat Fiorino e Peugeot Partner Rapid, furgões compactos para transporte de cargas.
Posteriormente iniciaram-se os testes de rodagem em ambiente controlado para avaliação da performance. A coleta de dados é realizada por meio de um módulo desenvolvido pelo ISI Sistemas Embarcados. A análise dos dados permite o ajuste fino dos parâmetros e a melhoria de processos e componentes. Após esta etapa o projeto deverá atingir o nível de maturidade tecnológica que possibilitará sua inserção no mercado.
“A metodologia é mais um passo na direção da oferta de mobilidade sustentável e acessível, que é nossa prioridade”, afirma o diretor dos Programas e Planejamento de Produtos da Stellantis para a América do Sul, Breno Kamei. A intenção é estender o projeto para outros modelos, para atender todos os públicos. Para o SENAI é uma oportunidade para o desenvolvimento de competências para que possa se inserir de forma cada vez mais aprofundada no processo de descarbonização da economia, uma das principais tendências de mercado da atualidade.
Case no detalhe
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Indústrias parceiras
- Stellantis
- WEG
- FuelTech
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Instituições envolvidas
- ISI Sistemas Embarcados
- ISI Sistemas de Manufatura
- IST Mobilidade Elétrica e Energias Renováveis
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Investimentos
- R$ 1,4 milhão
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Aplicações
- Conversão de veículos elétricos para utilização na cadeia logística
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Maturidade Tecnológica
- TRL atual: 5
- TRL final esperado: 8