Transportadores sabem pouco sobre seus implementos, e projeto oferece soluções - Foto: Shutterstock
A catarinense Librelato, uma das principais fabricantes de implementos rodoviários do País, encontrou no ISI Sistemas Embarcados o parceiro ideal para se tornar também uma fornecedora de serviços, sem perder o foco em sua área de atuação. O Fleetsense, produto resultante da parceria, é um sistema de telemetria capaz de fornecer a gestores de frotas ou motoristas de caminhão uma série de dados essenciais para o controle do desempenho de seus implementos.
De acordo com a companhia, o objetivo do projeto é o desenvolvimento da cadeia logística, considerando que os transportadores de carga, em geral, sabem muito pouco sobre seus implementos, nem mesmo informações básicas como os quilômetros rodados – o que se monitora é apenas a quilometragem do caminhão. “O foco principal do projeto é a evolução tecnológica dos implementos rodoviários”, resume Paulo Violada, pesquisador chefe do ISI Sistemas Embarcados.
A solução é composta por diversos sensores instalados nos implementos. Os dados obtidos são agregados em um módulo desenvolvido no âmbito do projeto. Outro módulo permite a geração de dados inerciais e de geolocalização e a coleta de dados do EBS, o freio eletrônico disponível em alguns implementos. Os dados são enviados à nuvem, onde as informações são processadas por meio de algoritmos e inteligência artificial.
Plataforma digital fornece informações como localização e pressão e temperatura dos pneus - Foto: Divulgação
A visualização das informações e a gestão dos implementos são feitas por meio da plataforma Fleetsense, que é um aplicativo de celular. Por ali o usuário pode saber a localização do implemento e a rota, além de temperatura e pressão dos pneus, alertas de velocidade e diversas outras informações, como o peso da carga que está sendo transportada. Para esta função o projeto desenvolveu um sensor específico, a Balança Embarcada, que torna possível ao usuário saber se o implemento está sendo subutilizado ou se opera com carga acima da permitida. A balança gerou duas patentes protocoladas e passará a ser fabricada pela Librelato, que dessa forma agregará mais um produto ao portfólio.
O projeto teve início na Librelato em 2021, contando com apoio do programa federal Rota 2030, voltado ao desenvolvimento da cadeia automotiva, e da Embrapii. Alguns dos principais desafios enfrentados pelos pesquisadores eram relacionados ao porte dos implementos e às condições das estradas. Sensores, hardwares e conexões tinham que ser suficientemente robustos para suportar o peso dos equipamentos, a má condição das rodovias e o calor extremo em algumas localidades. Sem falar nas limitações das redes de telefonia, necessárias para o envio dos dados à nuvem.
Para que os resultados viessem mais rápido a companhia decidiu criar uma startup que se dedicasse integralmente ao aperfeiçoamento do sistema e à sua comercialização. Nasceu daí a Sigaway, uma spin-off, derivada da empresa-mãe, com maior capacidade para explorar o novo mercado. “O objetivo foi ganhar agilidade. Em uma startup as decisões precisam ser rápidas, o que a estrutura de grandes empresas às vezes não permite”, afirma José Carlos Sprícigo, CEO da Librelato.
O projeto de Pesquisa e Desenvolvimento foi transferido para a Sigaway, que se instalou nas dependências do ISI Sistemas Embarcados, em Florianópolis. De fato os processos se aceleraram, tanto que os protótipos desenvolvidos puderam ser apresentados ao mercado na Fenatran de 2022, a principal feira de transporte e logística do País, ocasião em que a plataforma foi disponibilizada para diversos clientes.
Case no detalhe
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Indústrias parceiras
- Librelato
- Sigaway
- Transportadora Peregrina
- BCL Empreendimentos
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Instituições envolvidas
- ISI Sistemas Embarcados
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Tecnologias
- Electronic Braking System (EBS) Wabco
- Arm Mbed OS
- Amazon Web Services (AWS)
- Google Maps
- React
- Java
- Sensor de deslocamento e carga
- LabVIEW
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Investimentos
- R$ 3,76 milhões
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Aplicações
- Gestão de frota e manutenção de implementos rodoviários
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Maturidade Tecnológica
- TRL 6