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Uma dívida histórica com Santa Catarina - Prejuízo para todo o Brasil

Dário Berger

Foto: Divulgação

Senador da República pelo estado de Santa Catarina
Presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado

"Nos moldes atuais, o planejamento nacional não contempla as necessidades logísticas de uma economia industrial complexa como a de Santa Catarina."

Dário Berger

Desde a instalação de suas primeiras unidades fabris, na segunda metade do século 19, a indústria catarinense confirmou, década após década, sua vocação para a resiliência. Apesar de constantes desafios – e, por vezes, na contramão de tendências históricas –, o setor secundário consolidou-se como força motriz da economia do Estado. Ostentamos, há anos, uma marca invejável: das 27 unidades federativas, Santa Catarina é a que apresenta o maior PIB per capita da indústria de transformação – índice superior ao dobro da média nacional.

O maior trunfo da indústria catarinense, contudo, é a distribuição geográfica e populacional. De norte a sul, de leste a oeste, o território do Estado é marcado pelo dinamismo das indústrias. Trata-se de condição geográfica sui generis, sem similar no País. A posição geoestratégica de Santa Catarina, por sua vez, propicia acesso, em raio inferior a 1.800 quilômetros, a grandes centros urbanos da América do Sul, cujas capitais abrigam cerca de 35 milhões de habitantes e geram um PIB da ordem de US$ 1 trilhão.

As exportações brasileiras ganhariam qualidade e competitividade com a consolidação de Santa Catarina como um grande hub logístico. Para que essa visão se materialize, no entanto, é preciso revisar alguns conceitos que nortearam, nas últimas décadas, o planejamento da infraestrutura de transportes do País.

O escoamento da produção agrícola tem sido, tradicionalmente, o foco dos formuladores das políticas nacionais para a área. Se é compreensível a predisposição brasileira para “celeiro” do mundo – com a consequente ênfase nos corredores de exportação primária —, são altamente desejáveis as vantagens ligadas ao incremento das exportações industriais. Os agentes do Governo Federal têm de compreender que o atendimento das necessidades logísticas de suprimento das cadeias industriais catarinenses conduzirá, inevitavelmente, à dinamização do comércio exterior.

Sob esse prisma, causam perplexidade a exclusão de Santa Catarina do Plano Nacional de Logística 2035; o corte, da ordem de 50%, do orçamento federal destinado à execução de obras nas BRs 470, 282, 280, 163 e 285; e o atraso nos projetos de implantação da malha ferroviária catarinense. Itajaí e Itapoá – ambos entre os cinco maiores portos do País, em termos de movimentação de contêineres – ainda não dispõem de ligações ferroviárias!

A modernização dos marcos teóricos que orientam o planejamento nacional de infraestrutura é etapa indispensável para a solução definitiva desses impasses. O objetivo do planejamento, afinal, é o desenvolvimento econômico; nos moldes atuais, porém, o planejamento nacional não contempla as necessidades logísticas de uma economia industrial complexa como a de Santa Catarina. A Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal está à disposição e vai contribuir para aprofundarmos esse debate, cujos frutos podem beneficiar não só Santa Catarina mas toda a economia nacional.

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