A sintonia entre os Poderes constituídos e a sociedade é condição básica para a democracia e para o desenvolvimento social e econômico. Na era da quarta revolução industrial, em que a comunicação se faz de forma instantânea e pessoal, exigindo, inclusive, a redefinição dos conceitos analógicos de soberania popular, a participação de sociedade é e será cada vez maior. De certa forma, hoje caminhamos para a restauração da ideia de participação popular imaginada na democracia grega.
Nesse contexto, a autonomia e independência entre os Poderes constituídos deve ser reafirmada no processo de construção, aplicação e interpretação das leis. O Legislativo precisa ser valorizado e as legislações debatidas e aprovadas pelo Congresso devem ter sua segurança jurídica ampliada.
Questionar a constitucionalidade da legislação no Judiciário deve ser uma exceção e não a regra, como se verifica hoje. Nos casos de revogação de leis, ou quando medidas individuais de magistrados podem desconectar a legislação vigente da própria sociedade, devem se impor decisões colegiadas. É o senso comum que em questões importantes, com reflexos políticos, várias cabeças pensam melhor do que uma.
O Senado aprovou em dois turnos, nesta quarta-feira (22), Proposta de Emenda à Constituição (PEC) estabelecendo que os ministros do Supremo Tribunal Federal ficarão impedidos de suspender a vigência de leis aprovadas pelo Legislativo por meio de decisões individuais. Trata-se de uma proposta conectada e lúcida, feita pelo senador Esperidião Amin, que é um reflexo desses novos tempos. A medida também vale para leis analisadas pelos tribunais estaduais.
Confiamos que os sinais emitidos pela sociedade e, neste caso, capturados pelo Senado, possam inspirar uma sociedade mais democrática. Afinal, a Constituição de um país deve refletir a vontade e o sentimento de seu povo. O poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido.
É por isso que qualquer exercício de poder que não estiver alinhado a essa premissa precisa ser discutido, especialmente as decisões monocráticas arbitrárias, a fim de coibir excessos que, em alguns casos, podem até se transformar em questão de vida ou morte.
Confira artigo do presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, publicado na edição deste final de semana do jornal Notícias do Dia