Florianópolis, 19.07.24 - Superando as expectativas do início de 2024, a indústria catarinense deve crescer 4,65%, contra os 4,51% previstos anteriormente. A estimativa é do economista-chefe da Federação das Indústrias de SC (FIESC), Pablo Bittencourt.
Em reunião da diretoria da entidade nesta sexta-feira (19), o economista destacou que o Brasil vem mostrando uma transformação na sua dinâmica de crescimento, que favorece a indústria catarinense, dada a diversidade de setores e a característica do parque industrial do estado. “A indústria de SC tem cadeias bem estruturadas na produção de bens duráveis e bens de consumo, que neste momento estão puxando o crescimento do país”, explica.
De acordo com ele, esse cenário é um reflexo de dois principais fatores: a redução da taxa de juros - com efeitos positivos sobre o crédito - e também a elevada taxa de ocupação na economia brasileira, com impacto sobre o aumento da renda do trabalhador. “A tendência é um aumento na contratação de crédito para financiar o consumo. O endividamento das famílias parou de cair, e a renda das famílias está sendo compatível com redução da dívida e crescimento do consumo, especialmente se a taxa básica de juros voltar a cair no início de 2025, como esperado”, explicou Bittencourt.
Brasil e exterior
A inflação brasileira, um dos pilares para a definição da taxa básica de juros, tem se mostrado sob controle. Os recentes resultados do IPCA vieram abaixo da expectativa, a despeito do impacto de preços previstos pela desvalorização do real e dos efeitos da tragédia climática no Rio Grande do Sul na economia. “Tivemos impacto, mas não o descontrole de preços, mesmo com o reajuste dos combustíveis pela Petrobras, a situação no RS e desvalorização do real”, afirmou.
Aliados a esses fatores, os dados de inflação nos Estados Unidos e a sinalização de redução na taxa de juros por lá este ano, provavelmente em setembro, também contribuem para a percepção de que há espaço para uma redução de juros no Brasil no início de 2025.
Desafios
O equilíbrio fiscal é um dos grandes entraves para uma melhora significativa na economia, segundo Bittencourt. Ele salientou que a necessidade de corte de gastos públicos para atingir a meta é premente e, apesar do anúncio do governo federal do corte de R$ 15 bilhões, ainda seria necessário uma nova redução, de pelo menos R$ 11 bilhões para que fosse possível encerrar o ano dentro da banda da meta fiscal. A meta para o exercício é de déficit zero, com uma banda de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para cima ou para baixo.
A reforma tributária é outro fator de atenção, apesar de a FIESC ter considerado o texto aprovado recentemente pela Câmara dos Deputados como adequado. “O processo de aprovação conseguiu guardar o que mais importante na reforma: a não-cumulatividade, a equalização da carga tributária, a cobrança no destino e a simplificação”, afirmou.
Bittencourt destacou, no entanto, que o aumento de exceções deve ser monitorado na sequência da tramitação no Senado. Segundo o economista, a futura revisão da reforma, prevista para 2031, poderá equilibrar eventuais distorções e fazer ajustes. Apesar de positiva, essa previsão cria incerteza sobre como será no futuro dos setores que receberam incentivos.
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Gerência de Comunicação Institucional e Relações Públicas
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