A educação e a saúde do trabalhador potencializam a competitividade da indústria. Atuação da FIESC nessas frentes passou de reativa às demandas para antecipação de tendências.
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39%: Aumento do PIB por trabalhador associado a um ano adicional de escolaridade - Foto: Arquivo FIESC

Quais são os fatores determinantes para o desenvolvimento econômico das organizações e das sociedades? Capital, trabalho e terras, diriam os teóricos clássicos, que os chamariam de fatores de produção. Os neoclássicos incluiriam o empreendedorismo e a tecnologia no pacote. Já a “destruição criativa” promovida pela inovação ganhou status no século 20 – a substituição de tecnologias, empresas e modelos de negócios obsoletos por novos e mais eficientes seria a verdadeira força motriz do desenvolvimento econômico. Mais à frente a teoria institucionalista afirmou que não bastam recursos e tecnologia – é necessário também a existência de instituições sólidas e previsíveis, como respeito à propriedade e segurança jurídica.

Não é difícil perceber que por trás de tudo isso estão as pessoas, e que a capacidade de realização dos indivíduos pertencentes a uma organização ou a uma nação é a verdadeira força motriz do desenvolvimento. São as pessoas que empreendem, trabalham, estão na origem das inovações e do aprimoramento das instituições.

Isso valia no passado, quando a indústria estava crescendo a passos largos no Brasil e precisava qualificar a força de trabalho e cuidar da saúde dos trabalhadores. E vale atualmente, pois é senso comum que somente pessoas capacitadas serão capazes de levar a indústria à frente, em meio a um cenário de transformações profundas, sejam tecnológicas, organizacionais, climáticas ou geopolíticas. “As pessoas são centrais para a competitividade. O investimento em qualificação e bem-estar dos trabalhadores está associado a uma indústria mais produtiva e inovadora”, afirma Fabrizio Machado Pereira, diretor de Educação, Saúde e Tecnologia da FIESC.

A criação do SENAI e do SESI no Brasil, respectivamente em 1942 e 1946, surgiu como uma resposta a essas demandas. Ambos foram estruturados como entidades privadas de interesse público, geridas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelas federações estaduais. Financiadas por meio de contribuição compulsória das indústrias, tiveram assim a garantia de autonomia e alinhamento com as demandas do setor. Após a fundação da FIESC, os braços estaduais das organizações foram estruturados em Santa Catarina.

Desde então, muita coisa mudou. O SESI deixou de ser uma entidade inicialmente voltada à assistência social de trabalhadores extremamente necessitados, uma vez que se consolidou a melhoria das condições de trabalho, para se tornar referência na área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) e na oferta de educação básica para os trabalhadores e seus dependentes. Também passou a atuar na promoção de hábitos saudáveis entre os trabalhadores, compartilhando com as empresas a visão de que colaboradores saudáveis e motivados são mais produtivos e engajados.

Mais recentemente, o SESI registrou um novo marco histórico em sua linha de ação ao passar a atuar também na área de saúde assistencial, que compreende diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças, com foco na saúde integral e baseada em valor. Aplica as melhores tecnologias disponíveis para potencializar resultados, auxiliando no controle de custos das empresas e proporcionando resultados mais satisfatórios para os trabalhadores.

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Academia de ginástica do SESI instalada dentro de indústria: promoção da saúde - Foto: Cleber Gomes

A abordagem educacional do SENAI, voltado à educação profissional, e do SESI, responsável pela educação básica, evoluiu igualmente ao longo do tempo. Em 1954, quando o SENAI/SC foi instituído, a indústria catarinense contava com cerca de 18 mil trabalhadores, e um censo constatou que a maioria deles atuava empiricamente, sem conhecimento técnico. Foram listados mais de 100 ofícios que eram exercidos na indústria, o que serviu de base para o SENAI estruturar os cursos que ofereceria a partir de então.

De lá para cá as entidades da FIESC deixaram de somente perseguir as necessidades não atendidas da indústria para se posicionar à frente, preparando pessoas para as demandas do futuro. Foi com esse espírito que a gestão educacional da Federação, que era dividida entre SENAI, SESI e o IEL, entidade que foca em talentos, passou a ser integrada, o que na prática derrubou as fronteiras existentes entre educação profissional, básica e corporativa. Surgiram novas abordagens como a Educação de Jovens e Adultos (EJA) Profissionalizante, que ao mesmo tempo garante a formação básica de trabalhadores e os qualifica para o mundo do trabalho.

Paralelamente, as escolas do SESI e do SENAI adotaram a metodologia STEAM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática), surgida nos Estados Unidos a partir da constatação de que a tecnologia era cada vez mais impactante para a sociedade e o setor produtivo, mas que a educação ignorava as transformações. Outra abordagem é a valorização das habilidades socioemocionais, que incluem aspectos como empatia e capacidade de trabalhar em grupo. “O objetivo é preparar pessoas capazes de conduzir a transição da indústria para a transformação digital e a economia de baixo carbono, dentre outras tendências impactantes”, diz Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC. 

Cultura consolidada

As últimas décadas foram marcadas pela convicção cada vez mais firme de que pessoas saudáveis e felizes no ambiente de trabalho, além de qualificadas e com perspectivas de ascensão na estrutura organizacional, entregam melhores resultados para si mesmas e para as empresas. Atestam as premissas diversas pesquisas conduzidas por entidades como Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Gallup e Hey Group, parceiras da FIESC em iniciativas como o 3º Global Healthy Workplace, um dos principais encontros mundiais sobre bem-estar do trabalho que foi realizado em Florianópolis em 2015.

Em relação ao desempenho de empresas que mais investem em saúde, em comparação às que menos investem, o Gallup divulgou no evento que havia 48% menos incidentes de segurança e 41% menos problemas de qualidade na produção, além de menos absenteísmo e maior número de clientes leais. Já em relação a empresas que mantêm programas educacionais, outras pesquisas demonstram que os colaboradores têm maior comprometimento, mais produtividade e inovação, melhores relações interpessoais, redução de rotatividade e mais gente apta a assumir cargos de gestão. Em 2024 o Global Healthy Workplace voltou a ser realizado no Brasil, desta vez em Brasília, e contou com o apoio do SESI. Essa característica setorial tem rendido bons frutos para Santa Catarina. Enquanto que ao final dos anos 2010 havia cerca de 50 mil indústrias no Estado, atualmente há quase 63 mil indústrias, que empregam diretamente cerca de 1 milhão de trabalhadores, de acordo com as estimativas mais recentes da FIESC.

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Foto: Arquivo FIESC

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