Gilberto Seleme é empresário de Caçador com atuação nos setores de madeira, couro, construção civil e agronegócio. Formado em engenharia civil e administração, construiu uma sólida trajetória no associativismo, criando e integrando diferentes entidades empresariais e sociais. Presidente da FIESC para o triênio 2025-2028, Seleme afirma que sua gestão terá como foco a valorização das pessoas. Para ele, promover o associativismo e investir em educação, saúde, inovação e qualidade de vida não significa apenas fortalecer a competitividade da indústria, mas transformar vidas e construir um futuro mais próspero para Santa Catarina.
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Gilberto Seleme: “Nossa missão é potencializar o talento humano, porque onde há pessoas valorizadas, há prosperidade, há transformação e há futuro” - Foto: Filipe Scotti

Santa Catarina cresce acima da média nacional há décadas, em grande parte graças ao desempenho da indústria. Como a FIESC atua para garantir a continuidade do crescimento?
Mais do que uma entidade de representação setorial, a FIESC é uma das bases estratégicas de Santa Catarina. Desde a fundação, em 1950, exerce influência nos rumos do desenvolvimento do Estado e agora não será diferente, diante das transformações por que passa o mundo. As pessoas precisam ser preparadas para o mercado e ter boa saúde, as empresas precisam de tecnologia, inovação e um ambiente de negócios favorável, o Estado necessita de infraestrutura e planejamento. Não são demandas novas, mas estão em constante atualização por conta das transições globais – tecnológicas, climáticas, geopolíticas. A missão é alinhar nossos serviços às atuais demandas da indústria, valorizando o que Santa Catarina tem como grande diferencial, que é o espírito empreendedor do nosso povo. Somos comprometidos com as pessoas que fazem dessa terra um celeiro de oportunidades.

O senhor tem afirmado que as pessoas estão no centro das preocupações da FIESC. Como isso se dá na prática?
A sociedade é formada pelas pessoas, a indústria não existe sem as pessoas. São os trabalhadores que transformam ideias em resultados e são os empresários que assumem riscos para gerar oportunidades. Na FIESC, que também é formada por pessoas, quero que cada ação tenha esse olhar humano. Cada jovem que encontra no SENAI uma porta de entrada para a tecnologia e o mercado de trabalho, cada trabalhador que tem mais saúde e qualidade de vida graças ao SESI, cada empresário que inova e gera empregos – todos são parte de uma mesma engrenagem que move Santa Catarina. Nossa missão é potencializar o talento humano, porque onde há pessoas valorizadas, há prosperidade, há transformação e há futuro.

Como garantir que a indústria tenha acesso aos trabalhadores qualificados que precisa, hoje e nos próximos anos?    
A educação é um eixo estratégico da FIESC porque o futuro da indústria depende, de forma direta, da qualificação de pessoas. Santa Catarina terá de formar aproximadamente 953 mil trabalhadores em três anos para atender à demanda do setor, o que exige ação estruturada e permanente. Por isso, investimos em toda a jornada educacional: desde a educação básica, com o SESI, até a formação técnica e superior com o SENAI, o UniSENAI e a Academia FIESC de Negócios, em sintonia com as necessidades da indústria. Formar pessoas é cuidar da competitividade e, ao mesmo tempo, transformar vidas.

Como a FIESC se posiciona junto aos governos Estadual e Federal para acelerar os investimentos em infraestrutura?
A infraestrutura continua sendo o calcanhar de Aquiles da competitividade catarinense. Não é de hoje que alertamos para os gargalos: rodovias saturadas, acessos portuários precários, dependência excessiva do modal rodoviário e obras federais que se arrastam há décadas. A FIESC cobra objetividade dos governos Estadual e Federal porque não podemos perder investimentos e mercados por falta de logística. Estimamos a necessidade de R$ 54,6 bilhões em investimentos até 2028, e isso exige coragem para priorizar e atrair capital privado. Defendemos concessões modernas e obras estruturantes nas BRs 280, 470, 282 e 285, além de acessos aos portos. Sem esses investimentos, o potencial do nosso estado fica limitado. Nosso papel é dialogar, com base em estudos consistentes, para garantir que logística deixe de ser entrave e se torne alavanca do desenvolvimento de Santa Catarina.

Como a indústria pode lidar com crises como o tarifaço imposto pelos Estados Unidos?
Quando a indústria é atingida por choques como esse precisamos responder com resiliência, união e criatividade – exatamente o que estamos buscando intensificar em Santa Catarina. A FIESC lançou o programa desTarifaço, que oferece consultoria gratuita, apoio à abertura de novos mercados, crédito e qualificação de trabalhadores afetados, integrando as forças do SENAI, SESI e IEL para amortecer o impacto sobre empresas e famílias. Mas não basta reagir, é preciso projetar o futuro. Nossa missão é articular, cobrar pragmatismo dos governos, construir pontes diplomáticas e preservar empregos, promovendo a busca por novos mercados. Mesmo diante de incertezas externas é possível virar o jogo quando a indústria se mobiliza coletivamente, com inteligência, força institucional e foco em soluções sustentáveis.

De que maneira a FIESC pretende estimular o associativismo empresarial, e por que isso é importante?
O associativismo é um eixo central da nossa gestão porque é ele que dá legitimidade e força à FIESC. Representamos 142 sindicatos industriais espalhados por todas as regiões do Estado, e são eles que captam as necessidades das empresas, unem os empreendedores em torno de pautas comuns e traduzem as urgências do setor produtivo. Nosso papel é valorizar e fortalecer essa rede, aproximando ainda mais os sindicatos dos serviços oferecidos pelo SESI, SENAI, IEL e CIESC. Queremos que pequenas, médias e grandes indústrias se sintam parte desse movimento coletivo, que amplia a voz de cada território e dá à indústria catarinense a capacidade de influenciar políticas públicas, negociar em momentos de crise, como o tarifaço, e construir soluções conjuntas para temas estruturais, como educação, saúde e infraestrutura. O associativismo é, em essência, o que garante que a indústria catarinense fale com uma só voz e continue transformando desafios em oportunidades.

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