Moinho: 25 mil m² de área construída da escola - Foto: Filipe Scotti
O Moinho Joinville, planta industrial icônica da cidade, foi erguido às margens do Rio Cachoeira em 1913, aproveitando o fluxo de navegação ora existente para receber matérias-primas e escoar produtos – o Cachoeira se conecta com a Baía da Babitonga e o Porto de São Francisco do Sul. O Moinho funcionou como porto e operou por 100 anos processando trigo, principalmente. Mas ao longo do tempo o rio foi poluído e assoreado, impossibilitando a navegação e afastando os moradores da cidade. O Moinho foi desativado em 2013, consolidando um longo processo de decadência desta que é uma região central de Joinville. O terreno contíguo ao prédio centenário, antes uma área nobre, sofreu invasões e se tornou um local perigoso.
Em 2019, o prédio e a área de 56 mil metros quadrados foram comprados pela FIESC, e desde então tudo foi profundamente transformado e – no caso do Moinho propriamente dito – restaurado, com investimentos superiores a R$ 150 milhões. No terreno foi construída a maior Escola SESI de Referência do Brasil, que abriu as portas no início de 2024 com mais de 2 mil estudantes matriculados no ensino fundamental, médio e em cursos de contraturno escolar. A proposta pedagógica é formar jovens que sejam protagonistas do novo mundo do trabalho, dotados das competências necessárias para exercer liderança e influência. Para Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC, o projeto é um elo entre o passado e o futuro industrial de Joinville. A descrição é precisa.
Escola SESI de Referência: memória da indústria e nova fase tecnológica do setor - Foto: Filipe Scotti
Arquitetura | O Moinho restaurado é imponente e se destaca no contexto do complexo. Os prédios da escola são horizontais, ao estilo escandinavo, e ocupam a grande extensão do terreno sem suprimir visualmente aquela que é uma das mais antigas referências industriais de Joinville, tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal. “A arquitetura dos prédios, com amplos espaços abertos, incentiva o florescimento e a troca de ideias e favorece a criatividade”, diz Marco Aurélio Goetten, gerente executivo do SESI e do SENAI na região de Joinville, que destaca também os laboratórios de informática, os espaços Maker (para aulas “mão na massa”) e as amplas quadras esportivas, que valorizam o movimento e a vida ao ar livre.
“É esta escola que fará a transformação digital da indústria de Joinville”, afirma Goetten. Além do importante papel local, a escola é preparada para se tornar um ponto de referência nacional de formação de docentes, um espaço de desenvolvimento de novas tecnologias de educação que serão utilizadas em toda a rede SESI do País.
O projeto cumpre outra função relevante em Joinville, que é o reencontro da cidade com o Rio Cachoeira. Nas últimas décadas as indústrias reduziram ou zeraram as emissões diretamente no rio, ao passo que um sistema de tratamento para o esgoto residencial foi implantado. Hoje o rio é limpo e repleto de peixes. A prefeitura conduz um projeto de revitalização da região do Cachoeira, que inclui a construção de um parque linear à beira-rio que terá no Moinho uma de suas pontas. “Desde a fase de projeto, a escola foi muito bem acolhida pela comunidade”, diz Goetten. “Ela valorizou as áreas do entorno e colocou a cidade novamente de frente para o rio.”