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Brasil tem condição de ser o primeiro país a atingir as metas do Acordo de Paris

Em painel no Fórum Radar, o cientista e climatologista Carlos Nobre disse que para isso é preciso investir em seis transformações: consumo e produção sustentáveis; revolução digital; energia; capacitação humana e demografia, cidades sustentáveis, além de alimentos, uso da terra e biosfera.

📷 Confira a cobertura fotográfica completa do evento no Flickr da FIESC

Florianópolis, 22.11.2022 - O Brasil tem toda a condição de ser o primeiro país a atingir as metas do acordo de Paris e ser um líder no mundo, disse o cientista e climatologista Carlos Nobre, durante painel que discutiu a descarbonização da economia, no Fórum Radar, promovido pela Academia FIESC de Negócios, nesta quarta-feira, dia 23. “Temos condições de implementar as metas de redução, zerando os desmatamentos e começando a dar uma escala para a agricultura regenerativa e para o setor industrial migrar cada vez mais para as energias renováveis”, declarou.

Para isso acontecer, é necessário investir em seis grandes transformações: consumo e produção sustentáveis; revolução digital; capacitação humana e demografia; energia; cidades sustentáveis, além de alimentos, uso da terra e biosfera. Pelo Acordo de Paris, a meta é limitar a 1,5ºC o aumento da temperatura no fim do século.

Nobre destacou que o aumento da temperatura global tem provocado o crescimento de eventos extremos, principalmente na última década, como chuvas intensas, secas históricas e ciclones extratropicais. “Os eventos extremos vão acontecer mais frequentemente e mais intensamente”, alertou, lembrando que é necessário zerar as emissões de gases de efeito estufa até a metade do século e remover carbono da atmosfera em grande quantidade até o final do século para manter a temperatura abaixo de 1,5 graus. “Considero isso o maior desafio que a humanidade já enfrentou”, disse.

Em sua palestra, o presidente da Tupy, Fernando Rizzo, salientou a importância da energia e disse que a expectativa de vida da população avançou à medida em que a sociedade passou a consumir mais energia. “A energia transformou a vida. Se olhar para o mundo, a desigualdade energética impacta a qualidade de vida”. Na visão dele, a transição energética é lenta e constante, mas daqui para frente terá que passar por uma aceleração. Estimativas indicam que até 2040 a população global deve crescer para 9,2 bilhões de habitantes e 70% da população irá morar nas cidades. Isso tudo vai demandar mais energia, disse ele, lembrando que, além de aumentar o uso de fontes renováveis, será necessário buscar maior eficiência.

Gustavo Luz, do Fundo Vale, disse que o uso do solo e das florestas têm um papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas para o Brasil. Ele informou que a agenda de descarbonização da Vale prevê investimento de 2 bilhões de dólares para reduzir as suas emissões em dez anos, com o objetivo de tornar-se carbono neutra em 2050. Um dos projetos que recebem aportes da mineradora é a Belterra, uma startup que atua com restauração florestal e foi um dos cases apresentados durante o painel, pelo fundador da empresa, Valmir Ortega.

Marcos Aurélio Da-Ré, diretor-executivo da Fundação Certi, mediou o painel e observou que a descarbonização é um tema novo e relevante para o futuro da indústria e do planeta. “Temos que pensar em ESG (sigla em inglês que se refere às práticas ambiental, social e de governança) como parte chave dos modelos de negócios”, disse.

 

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