Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC - Foto: Filipe Scotti
A economia mundial passa por transformações estruturais, o que abre grandes oportunidades para a indústria de Santa Catarina. A percepção de que as cadeias de valor estavam excessivamente concentradas na Ásia colocou em marcha um processo de reordenamento global da produção. A busca de empresas e países por fornecedores múltiplos e confiáveis, em lugar de asiáticos, coloca o Brasil no mapa da indústria novamente – o País já foi mais relevante na produção industrial mundial, mas perdeu espaço nas últimas décadas. Santa Catarina, um estado industrializado e com tradição em comércio exterior, está bem posicionado para uma retomada.
Outra grande transformação em curso é a descarbonização da economia. Há enormes volumes de recursos – contabilizados em trilhões de dólares – sendo investidos ou à procura de bons projetos associados à chamada economia verde. O Brasil possui uma série de vantagens na corrida pela descarbonização, em função de seus recursos naturais e matriz energética limpa, dentre outras qualidades. Pode se tornar produtor e fornecedor internacional de energia limpa, de sistemas de armazenamento de energia e também ampliar o fornecimento de produtos sustentáveis de base florestal, por exemplo. O País também possui as melhores condições para realizar a sua própria descarbonização, zerando as emissões líquidas.
Para aproveitar as oportunidades, entretanto, não adianta esperar que elas caiam em nosso colo. O País precisa realizar uma série de ajustes e reformas para reduzir custos e elevar a competitividade da indústria, pois somente dessa forma se tornará mais atraente para investimentos em projetos envolvendo as tendências de “nearshoring” (localização de fornecedores em regiões próximas ao consumo) e economia verde. O encaminhamento da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados é um passo importante, pois vai descomplicar o sistema e promover mais justiça ao desonerar as cadeias produtivas longas e complexas, atualmente as mais penalizadas.
Porém, mesmo com esse avanço, a lista de itens que compõem o “Custo Brasil” é longa, da mesma forma que a construção de uma Política Industrial consistente é crítica. Conforme afirma o industrial Carlos Rodolfo Schneider na entrevista principal desta edição, nossa defasagem é tão grande em relação às economias mais eficientes que não podemos perder o foco na realização de ajustes.
Mario Cezar de Aguiar - Presidente da FIESC