O mercado de defesa, com suas características únicas e complexas, oferece oportunidades valiosas para a indústria brasileira, mas ainda é um território pouco explorado por muitas empresas. Para aproximar o setor produtivo dessas possibilidades, o Condefesa, em parceria com a Escola Superior de Guerra (ESG), realizou o Seminário de Gestão de Recursos de Defesa em Florianópolis. O evento reuniu empresários, pesquisadores e autoridades para discutir investimentos, parcerias e alternativas de financiamento.
Oportunidades, parcerias, investimentos e fomentos para a indústria catarinense
Em parceria com a Escola Superior de Guerra (ESG), o Condefesa promoveu o evento Seminário de Gestão de Recursos de Defesa, para apresentar oportunidades, parcerias, investimentos e fomentos para a indústria catarinense. Os participantes tiveram acesso a informações detalhadas sobre o mercado de defesa, incluindo:
- As necessidades e orçamentos das Forças Armadas;
- As portas de entrada para projetos de defesa;
- Os principais atores nas aquisições e as regras de compliance;
- Linhas de financiamento para produção, inovação e fornecimento.
O diretor do Curso de Gestão de Recursos de Defesa da ESG, comandante Fortunato Lameiras, destacou que as características distintas do mercado de defesa ainda são desconhecidas da maioria das indústrias e do mercado financeiro. Altamente regulado, sujeito a regras rígidas de compliance e de compras públicas, o setor parece complexo para as indústrias.
Os painéis e apresentações realizados ao longo do evento, procuraram clarear as questões de defesa e proporcionar conhecimento quanto às políticas públicas de apoio ao setor e alternativas de financiamento a projetos estratégicos e pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.
Destaques do Seminário
Aula Magna: O Brasil em um cenário mundial volátil e complexo
O Contra Almirante Guilherme Mattos de Abreu abordou o atual cenário geopolítico global, destacando os principais atores nos conflitos mundiais e suas implicações para o Brasil. A apresentação trouxe reflexões valiosas sobre os desafios e oportunidades em um mundo marcado pela volatilidade e relações de poder instáveis.
Necessidades de equipamentos das Forças Armadas e a importância do emprego dual
A Secretária Adjunta de Produtos de Defesa - SEPROD do Ministério da Defesa, Juliana Larenas, explicou as principais características da indústria de defesa, como a dependência de compras governamentais, a exigência de contrapartidas (offsets), a dualidade, a fronteira do conhecimento, entre outras. Explicou que, em termos de valor, a menor parcela de compras é destinada para armas e munições, a maior parte é destinada para a compra de plataformas navais e aeronáuticas militares. Ela destacou áreas de interesse como biotecnologia, cibernética e nanotecnologia, mencionando que o Ministério da Defesa dispõe de R$ 52,8 bilhões em recursos para projetos estratégicos até 2030.
O Ecossistema Financeiro da Indústria de Defesa do Brasil
O especialista em defesa, Rodrigo Campos, apresentou conceitos e análises inovadoras sobre o mercado de defesa. O Ecossistema Financeiro da Indústria de Defesa é composto por uma rede de agentes econômicos e institucionais que interagem para sustentar e desenvolver as capacidades de Defesa de um país. Rodrigo mapeou todo o ecossistema e reiterou que o sucesso de cada transação depende da coordenação entre os elos, garantindo que os recursos estejam disponíveis, os riscos sejam mitigados e as exigências contratuais sejam atendidas.
Políticas de conteúdo local e sua aplicação na BID: recursos e fomentos
Tanto Finep como BNDES contam com linhas de crédito que podem ser acessadas pelas indústrias de base de defesa. BNDES financia projetos já na fase de desenvolvimento e validação comercial, enquanto Finep pode financiar da pesquisa básica à mais avançada.
A Finep conta também com editais de subvenção econômica, ou seja, recursos não reembolsáveis, para projetos específicos. São previstos R$ 66 bilhões em recursos para PD&I até 2026.
O BNDES financia projetos de inovação por meio da EMBRAPII, que é a unidade executora dos projetos. Em Santa Catarina contamos com duas unidades do sistema FIESC: os Institutos SENAI de Inovação (ISI) em Sistemas Embarcados e em Processamento a Laser. Outras unidades são Polo/UFSC; CERTI; IFSC; CIEnP; e MOVE/UFSC.
Para projetos da área de defesa, transformação digital e indústria 4.0, e materiais avançados, a EMBRAPII dá um aporte de 50% do valor do projeto, mais uma contrapartida da Unidade EMBRAPII envolvida no projeto e é necessária uma contrapartida por parte da(s) empresa(s) envolvidas.
A Fapesc conta com recursos para financiar a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Em 2024, lançou seu primeiro edital como foco no segmento de defesa, e contemplou 15 projetos em uma chamada de cerca de R$ 8 milhões.
Também existem oportunidades de órgãos privados, como a Fintech Defense Bank, que oferece soluções financeiras adequadas às necessidades das indústrias e projetos no segmento, como FIDCs (Fundos de Investimento em Direito Creditório, FIPs (Fundo de Investimento em Participações) e até mesmo a busca de investidores para participação direta nas empresas.
O Seminário de Gestão de Recursos de Defesa, promovido pelo Condefesa em parceria com a ESG, mostrou que o mercado de defesa é muito mais que um segmento estratégico: é uma oportunidade de inovação e crescimento para a indústria catarinense. Ao reunir empresários, pesquisadores e militares, o evento proporcionou uma rica troca de conhecimentos, conectando as demandas do setor às potencialidades locais.
Quer saber como sua empresa pode aproveitar as oportunidades do mercado de defesa?