Barichello, do Pollen Parque: hub de inovação com 47 empresas - Foto: Suellen Santin
Concórdia se notabilizou recentemente porque três empresas do município foram compradas por uma multinacional a um custo total de R$ 240 milhões. Nada a ver com negócios envolvendo terras agrícolas, frigoríficos ou granjas, como seria de se esperar em outros tempos. As empresas em questão – Compufour, Smallsoft e Gdoor – desenvolvem softwares para a gestão de pequenas empresas e atraíram a atenção da italiana Zucchetti, que realizou os negócios entre 2020 e o ano passado.
A notícia chamou a atenção para uma movimentação econômica que ocorre por todo o Oeste, que é o desenvolvimento do setor de Tecnologia da Informação (TI), ou de uma maneira mais ampla, das empresas de tecnologia com foco na inovação. De acordo com o último levantamento da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), o setor faturou R$ 1,6 bilhão no Oeste ainda em 2019. A região se destaca no contexto da Rede Catarinense de Centros de Inovação, composta por unidades voltadas ao desenvolvimento dos ecossistemas regionais. Há centros em Chapecó, Videira, Caçador e Joaçaba, com empresas criando soluções em conjunto com a indústria. Muitas das soluções são desenvolvidas de modo aberto, com a participação colaborativa de diversas instituições com diferentes expertises.
“As indústrias estão percebendo que não precisam estar fechadas, mas podem colaborar com startups, universidades e centros de pesquisas e encontrar soluções de forma mais rápida”, diz Rodrigo Barichello, diretor executivo do Pollen Parque Científico e Tecnológico, de Chapecó. O Parque é fruto de parceria entre prefeitura, Governo do Estado e a Unochapecó. Foi inaugurado em 2021, e tem 47 empresas instaladas. “Somos um grande hub de inovação. Se uma demanda da indústria vem até o Parque, integramos a academia, os profissionais e as empresas daqui para resolver problemas”, informa Barichello.
O Pollen e o Centro de Inovação Acate Deatec (CIAD), também de Chapecó, se uniram a uma iniciativa do Sebrae, em parceria com o Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (CMCTI), para criar um plano de fomento a negócios inovadores e definir setores prioritários para coordenação dos trabalhos. Foram elencadas quatro grandes áreas estratégicas: agronegócio, saúde, metalmecânica e tecnologia. O estágio atual é totalmente diverso do encontrado há pouco tempo. “Três anos atrás nós saíamos para visitar ambientes de inovação fora do Oeste. Agora temos polos que são referência no Estado”, comemora Barichello.
Patente | A Dimo Soluções em Tecnologia é uma das empresas instaladas no Pollen. Foi criada em 2014 por dois sócios com a ideia de automatizar e gerenciar estacionamentos. Hoje o foco está no agronegócio. Uma das soluções criadas pela startup é fruto de um projeto de mestrado da Unochapecó. O CEO da Dimo, Marcos Moretto, transformou a ideia formulada na academia em um produto que mistura inteligência artificial e computacional para monitorar o cio de bovinos leiteiros e, assim, indicar o período ideal para inseminação. O sistema foi patenteado. A Dimo também criou um sistema de detecção de frangos vivos com foco no bem-estar animal. Tem 17 funcionários e pretende se consolidar neste ano. “Queremos entrar em outro patamar. Já contamos com soluções para o agronegócio, que é um mercado onde ainda há muito para ser feito”, afirma Moretto.
Moretto (à esq.) e equipe: foco em soluções para o agronegócio - Foto: Suellen Santin