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Supersafra de inovações para o campo

Implementos da GTS do Brasil têm elevada participação na produção brasileira de grãos e os novos desenvolvimentos da empresa são voltados a práticas agrícolas mais ecológicas.
Strasser: equipamentos grandes aumentam velocidade da colheita - Foto: Divulgação

Com relevo montanhoso e predominância de pequenas propriedades rurais, Santa Catarina não tem participação destacada na moderna agricultura de grãos, praticada em grandes fazendas de terras planas e mecanizáveis do Brasil Central. Em Lages, entretanto, situa-se um fornecedor de peso para o setor. A GTS do Brasil, fabricante de plataformas para colheita e implementos para manejo de solo, plantio e transporte de grãos, tem ajudado a elevar a produtividade das lavouras com propostas inovadoras.

A companhia foi pioneira em produzir plataformas de alumínio, mais leves e resistentes que as existentes no mercado, e passou a fabricar a maior plataforma do mundo para colheita de soja, com 62 pés, ou 19 metros de largura – um equipamento ainda maior está em desenvolvimento. As plataformas são responsáveis pelo corte das plantas e alimentação da máquina colheitadeira à qual é acoplada, dentre outras funções. “Desenvolvemos equipamentos que reduzem as perdas ao mesmo tempo que aumentam a velocidade da colheita, elevando a produtividade”, afirma Assis Strasser, fundador e CEO da companhia.

Plataformas para colheita de soja de até 19 metros são as maiores do mercado - Foto: Divulgação

As soluções acompanham o crescimento da agricultura brasileira. Cerca de 30% de todo o milho produzido no País é colhido por meio de plataformas GTS, de acordo com a empresa – a produção brasileira do grão saiu de 80 milhões de toneladas há 10 anos para o patamar de 130 milhões de toneladas anuais. No caso da soja, cuja produção é de 150 milhões de toneladas, a participação dos equipamentos da marca no total da colheita é de 10%.

Os conceitos que diferenciaram a empresa, criada no ano 2000, foram a unificação do espaçamento entre as fileiras em que as diferentes culturas são plantadas ao longo do ano, e o desenvolvimento de produtos em linha com esta técnica que era pouco utilizada. Produtores adotaram a ideia, e desde então o ritmo de lançamentos é acelerado. Na feira Agrishow de Ribeirão Preto (SP), realizada em junho, foram lançadas 16 novas versões de produtos. Hoje o portfólio é composto por 20 mil diferentes modelos, distribuídos em 15 famílias. Para dar conta dos volumes a empresa tem sete unidades em Lages, entre fábricas de produtos, de componentes, distribuição de peças e sede administrativa.

Estande da empresa na Agrishow de Ribeirão Preto: 16 novas versões de produtos - Foto: Divulgação

A um ritmo de crescimento nas vendas de 50% ao ano no Brasil, novas unidades estão projetadas, sendo uma delas nos Estados Unidos. O objetivo é avançar no maior produtor de milho do mundo, cuja safra deste único produto é maior do que toda a produção brasileira de grãos. Os Estados Unidos são também grandes produtores de soja, colhendo volumes que rivalizam com os do Brasil. Atualmente os produtos da GTS chegam ao mercado norte-americano por meio de exportações. No ano que vem será instalada uma unidade de distribuição, e posteriormente será erguida a fábrica. “Pretendemos atender em torno de 20% do consumo de plataformas de colheita dos Estados Unidos”, informa o CEO.

Aposta | Strasser é de uma família de agricultores gaúchos que se estabeleceu em Santa Catarina, no município de Campo Belo do Sul. Trabalhava com os irmãos no campo e fabricava algumas das próprias máquinas que utilizava, passando também a produzir equipamentos para outros produtores da região, o que foi o embrião da GTS. A despeito da baixa escolaridade formal, a visão de mundo de Strasser é fundamental para o sucesso dos negócios, e deve levar a empresa a um novo patamar.

“Vivemos de inovações. Para sobreviver você precisa ser bom no que faz e ter uma visão nítida do que acontece no mundo, quais são as necessidades das pessoas e o que vai mudar”, afirma o empresário. Sua aposta é de que haverá uma guinada da produção agrícola para padrões mais elevados de sustentabilidade. “Meu sonho é fabricar máquinas mais ecológicas, que se adaptem à natureza”, diz Strasser.

É essa a tônica de desenvolvimento de produtos atualmente na empresa. As inovações têm como foco a melhoria do manejo e a conservação da fertilidade do solo. Os objetivos são evitar a compactação do solo e melhorar a infiltração da água da chuva, reduzir o uso de agroquímicos nas plantas e consumir menos energia, entre outros. Um exemplo é a máquina que injeta calcário no solo por meio de ar comprimido a 45 centímetros de profundidade, ao invés de simplesmente espalhar o produto superficialmente, elevando a eficiência da correção do solo. No ano que vem será lançado um pulverizador com vários aparatos tecnológicos embarcados que é capaz de aplicar somente a quantidade mínima necessária de defensivos em cada pequeno trecho da lavoura, propiciando economia e menor impacto ambiental.

Para apoiar o desenvolvimento de produtos a GTS planeja montar quatro fazendas-modelo em diferentes regiões do Brasil. A primeira delas já está sendo constituída em Campo Belo do Sul. O objetivo é utilizar técnicas agrícolas sustentáveis, como a rotação de culturas, cobertura do solo com palha, pouco herbicida, e obter alta produtividade, propiciada pelas melhores técnicas agrícolas e pelas máquinas que serão desenvolvidas. “Ao mostrar que é possível produzir de maneira ecológica e com alta rentabilidade vamos inspirar os produtores”, projeta Strasser, que foi homenageado pela FIESC com a Ordem do Mérito Industrial 2024.

GTS

  • Sede: Lages
  • Produtos: Implementos agrícolas para manejo do solo, plantio, colheita e transporte de grãos
  • Unidades: 7 (em Lages)
  • Empregos: 530 diretos e 3 mil indiretos
  • Exportações: 40 países

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