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Santa Catarina e a geopolítica dos alimentos

José Antônio Ribas Júnior, presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne).

José Antônio Ribas Júnior: “O Estado não pode ficar dependente de poucos países que compram grandes volumes para o seu principal produto de exportações. Por isso o setor trabalha para diversificar os mercados e diminuir riscos a toda a cadeia de produção” - Foto: Divulgação

O mundo passa por frequentes mudanças na geopolítica do agronegócio. As trocas comerciais entre os países estão sujeitas a variáveis como acordos comerciais, situações de disponibilidade de produtos, mudanças de governos e até mesmo guerras. Também passa pelas políticas de segurança alimentar que países estabelecem para si próprios, com o objetivo de diminuir a dependência externa, situação que se exacerbou na pandemia. É nesse contexto que a China busca aumentar significativamente a produção interna de alimentos básicos, como grãos, suínos e aves.

É um assunto do interesse da agroindústria catarinense, que tem no país o principal destino de suas exportações. Recentemente a China chegou a absorver 50% das exportações de carne de aves e suínos de Santa Catarina, mas vem diminuindo as encomendas. No passado vivemos situação parecida com a Rússia. O Estado não pode ficar dependente de poucos países que compram grandes volumes para o seu principal produto de exportações. Por isso o setor trabalha para diversificar os mercados e diminuir riscos a toda a cadeia de produção.

Os produtos da agroindústria catarinense chegam a mais de 150 países, mas a maior parte realiza pequenas compras. São mercados que precisam ser desenvolvidos. É necessário tempo para a construção de confiança e a abertura de canais comerciais que viabilizem grandes volumes. Também entram na equação os acordos comerciais entre países e blocos econômicos.

Atualmente, além da China, são grandes compradores da agroindústria o Oriente Médio e a Europa. Trabalhamos fortemente para ampliar o fornecimento à América Latina, como é o caso do México, e há oportunidades até mesmo nos Estados Unidos, que mantêm uma inteligente política de trocas comerciais. Diversos países asiáticos e africanos têm potencial para se tornarem compradores de peso. A Índia poderá ser um grande consumidor do frango catarinense, mas ainda precisa se abrir para o mundo.

Há uma grande oportunidade também no nosso mercado interno. O brasileiro tem preferência histórica pelo consumo de carne bovina, porém, a elevação do patamar de preços desses produtos veio para ficar. Isso abre caminho para o maior consumo da carne suína, compensando as exportações que foram perdidas.

Mesmo diante da tendência de buscar menor dependência, os grandes países não deverão prescindir de fornecedores externos. Participar do mercado global de alimentos é importante para fomentar a economia de países parceiros e regular os preços no mercado interno, protegendo os próprios produtores quando há excesso de produção ou os consumidores quando há escassez. Com capacidade para fornecer quantidade com qualidade e preços competitivos, Santa Catarina continuará sendo um parceiro importante para esses países e um player relevante no mercado global de alimentos.

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