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O centro universitário da indústria

Com novo status, rede de ensino superior do SENAI/SC se reposiciona para atender as necessidades do setor com mais foco e rapidez.

Instituto de Inovação: pesquisadores atuarão como docentes - Foto: André Kopsch

A rede superior de ensino do SENAI/SC obteve importante conquista em dezembro, quando a Faculdade de Blumenau foi reconhecida como Centro Universitário pelo Ministério da Educação (MEC). Este novo status, intermediário entre faculdade e universidade, proporciona mais autonomia e agilidade na oferta de programas de graduação e pós, e já se traduz no aumento da oferta de cursos de graduação, sobretudo para as engenharias. Trata-se da mudança mais significativa na estrutura da rede de ensino superior do SENAI/SC desde o início das atividades, há 20 anos.

“Como Centro Universitário podemos atender as necessidades da indústria de maneira mais célere e focada”, afirma Fabrizio Machado Pereira, diretor de Educação e Tecnologia da FIESC e reitor do Centro Universitário de Blumenau (CEUNI). “Queremos nos consolidar como a grande referência em ensino superior para o setor industrial catarinense.”

A novidade não fica restrita à instituição blumenauense, já que, a partir da mudança de status, as demais unidades se tornaram campi do CEUNI. Até então cada unidade funcionava de forma independente, mas agora passa a haver um planejamento único e uma gestão em conjunto, englobando ensino, pesquisa e extensão. A nova composição permite que cada campus reforce as vocações conectadas à economia regional: tecnologia da informação e indústria criativa em Florianópolis, manufatura avançada em Joinville, indústria de alimentos em Chapecó e energias renováveis e mobilidade elétrica em Jaraguá do Sul.

O novo patamar tende a impulsionar os investimentos e atrair docentes com alto nível de titulação. A rede já oferece 57 cursos de graduação e pós, com 1.400 alunos no total. Da mesma forma que ocorre no ensino técnico e profissionalizante, áreas em que o SENAI/SC é referência consolidada, os cursos lançados no ensino superior também se caracterizam pela aplicabilidade prática e imediata no mercado de trabalho. Alguns exemplos são as formações em Lean Manufacturing, Polímeros, e-Health, Finanças, Smart Cities, Tecnologia da Informação e Food 4.0. Há também os cursos desenvolvidos em conjunto com empresas, como o MBI em Mobilidade Elétrica e Energias Renováveis, parceria com a WEG, e o MBI em Fundição 4.0, com a Tupy.

Uma das vantagens dessa ligação direta com as demandas do mercado é a garantia de recuperação dos investimentos feitos pelas empresas ao patrocinar os cursos de seus colaboradores. “É um retorno que ocorre imediatamente, por meio dos projetos de aplicação prática desenvolvidos ao longo dos cursos. Assim, além de aprimorar a formação dos colaboradores, a empresa já vai colhendo os frutos em tempo real”, afirma Pereira.

Ao publicar a portaria que elevou a Faculdade de Blumenau à condição de Centro Universitário, o MEC concedeu nota máxima (cinco) à instituição. A escolha desta unidade para o processo de credenciamento ocorreu por se tratar daquela, entre todas as que compõem a rede do SENAI/SC, que estava mais avançada no cumprimento das exigências do processo.

“A gente realmente desfruta de excelentes condições. Os equipamentos são de ponta e os professores muito bem preparados”, avalia Gilliard Burini, aluno do quinto semestre do curso de Engenharia de Controle e Automação em Blumenau. Aos 29 anos, ele é um veterano na relação com a rede de ensino do SENAI/SC: já fez o curso técnico de Mecânica em Indaial e o curso de Técnico em Automação em Timbó.

Fabrizio Pereira: cursos com aplicabilidade prática e imediata no mercado de trabalho - Foto: Filipe Scotti

Os cursos anteriores foram essenciais para que Burini se especializasse na manutenção de máquinas, setor em que trabalhou durante quase dez anos na Brandili Têxtil, onde chegou ao cargo de supervisor. Já o curso atual o impulsionou para uma desejada mudança no rumo da carreira: há um ano e meio, ao ser contratado pela Perfor, sediada em Ascurra, ele passou a trabalhar na engenharia de máquinas.

“Essa mudança só foi possível por conta do que venho aprendendo nas aulas, que são bem práticas, com professores que estão atuando na indústria e conhecem a vida real”, descreve Burini. Ele considera que os Projetos Integradores estão entre os principais atrativos dos cursos do SENAI/SC. “São grandes consolidadores do aprendizado, planejados para utilizar o conteúdo das disciplinas do semestre em aplicações práticas.”

Outra vantagem relevante, ele destaca, é a rede de contatos formada a partir do convívio com professores e colegas. “São profissionais que estão espalhados pelas mais diversas empresas e setores, mas com uma coisa em comum: a vontade de continuar aprendendo e evoluindo.”

O fortalecimento da relação entre teoria e prática ocorre também por meio das conexões estabelecidas pelos projetos de pesquisa aplicada. São iniciativas que podem envolver a iniciativa privada e incluir a estrutura dos Institutos SENAI de Inovação e de Tecnologia, com os quais o ensino superior passa a atuar intimamente, permitindo aos acadêmicos o contato com projetos de alta tecnologia e complexidade. Pesquisadores dos institutos atuarão como docentes e atividades de ensino superior poderão ser realizadas dentro dos institutos.

Pilares do ensino superior

  • Conexão com os clusters industriais e os seus ecossistemas
  • Agenda integrada e cocriação de produtos educacionais com a indústria
  • Pesquisa e extensão aplicadas na indústria e na sociedade
  • Parcerias nacionais e internacionais
  • Integração da rede com os Institutos SENAI de Inovação e Tecnologia

Residência | Também está em desenvolvimento o programa de residência em engenharia, onde graduandos terão um ambiente exclusivo no Instituto da Indústria, em Joinville, para atuação em projetos reais, contando com orientação dos pesquisadores e dos tutores das empresas envolvidas. O objetivo é criar uma agenda permanente com a indústria, com períodos preestabelecidos ao longo do ano para a inscrição de projetos.

O ambiente colaborativo entre academia e mercado estimula o empreendedorismo e contribui para formar profissionais com o perfil desejado pelas empresas. Por conta da combinação de virtudes, as parcerias com a iniciativa privada se consolidarão, cada vez mais, como um dos principais pilares da nova estratégia da rede, incluindo a cocriação de produtos de pós-graduação e extensão com a indústria e o desenvolvimento de pesquisa e extensão aplicadas.

Um exemplo recente foi o Projeto Integrador desenvolvido no curso Tecnólogo em Automação Industrial, da unidade Chapecó, em parceria com a Pronto! Massas & Molhos. O objetivo era desenvolver uma solução de automação para o envase de molhos, com o objetivo de aumentar a produtividade do processo, sem comprometer a qualidade dos produtos e a saúde e a segurança dos trabalhadores.

O primeiro passo foi uma visita dos alunos à empresa, para uma explicação do problema. No processo utilizado, o molho saía da panela para o envase manual, com utilização de concha e funil. O objetivo era automatizar o processo, mas sem perder a temperatura ideal para o momento do envase, essencial para que produtos sem conservantes e corantes tenham a qualidade preservada. Outra necessidade era que a solução não exigisse um espaço físico maior do que aquele já disponível.

A visita foi seguida por um brainstorm de ideias. A partir da definição da melhor proposta, os alunos montaram o cronograma e partiram para a pesquisa técnica. Desenvolveram o projeto mecânico e o projeto elétrico e de automação, para então realizar os testes, registrados em memorial descritivo. Por fim, apresentaram o protótipo do sistema de dosagem.

“A aproximação com o SENAI ocorreu porque temos dificuldade para encontrar no mercado equipamentos que atendam as necessidades de uma linha de produtos artesanais, que prezam a alta qualidade dos ingredientes”, diz a empreendedora Leonice Müller. Ela ficou plenamente satisfeita com o protótipo apresentado. “É uma máquina compacta e de fácil processamento. Certamente quero manter essa parceria com o SENAI, que considero estratégica para os nossos planos de crescimento.”

De empresários para empresários

Escola de Negócios FIESC cria comunidade de aprendizagem para desenvolver empresas de padrão mundial

Monika Hufenussler Conrads, empresária: "A escola de Negócios significa uma grande oportunidade de crescimento para a indústria catarinense. Através de seus programas inovadores e de seu foco prático poderá acelerar a transformação industrial em nosso Estado." - Foto: Divulgação

Santa Catarina é um estado peculiar por vários motivos. Um deles é o fato de sua industrialização estar fortemente ligada a empreendimentos familiares, mas que nem por isso deixaram de estar conectados com o mundo. Diante das profundas transformações tecnológicas e organizacionais em curso, a FIESC identificou a oportunidade de criar uma escola de negócios para potencializar a transição. Os sucessores e executivos das indústrias catarinenses são o público-alvo, mas não só. “A escola é para todos, mas ao mesmo tempo é consciente de sua origem catarinense e base industrial”, diz Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC.

A Escola de Negócios FIESC funciona no primeiro andar da sede da Federação, em Florianópolis, e abre as portas durante o ano – mas já há formações sendo realizadas em outros ambientes. A preparação para se chegar até aí percorreu diversas etapas. Uma delas foi a formação de um conselho consultivo composto por CEOs fundadores da indústria catarinense, CEOs que representam a nova geração e também os da nova economia, que debateram questões como a inserção de Santa Catarina no contexto brasileiro e internacional, além de aspectos da formação de executivos. Programas de outras escolas de negócios foram avaliados e parcerias e cooperações foram firmadas com escolas internacionais, como a Nova School of Business and Economics, de Lisboa.

“Nossa preocupação é construir uma escola de vanguarda, capaz de antecipar tendências e preparar os executivos brasileiros para o futuro”, afirma Fabrizio Machado Pereira, diretor de Educação e Tecnologia da FIESC. “Vamos ser relevantes para tornar a indústria mais competitiva e inovadora, atraindo, formando e retendo talentos.” As formações oferecidas levam em conta principalmente a transformação dos negócios e também a sucessão familiar, a agenda de ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), liderança e finanças.

Os conteúdos são desenvolvidos por referências nos temas e também por executivos catarinenses, com o objetivo de compartilhamento de soluções. A escola funciona nos modos presencial, híbrido e virtual, com foco em atividades práticas, contando inclusive com laboratórios de experimentação e prototipagem. “O objetivo inicial é atuar localmente, mas com o que há de melhor no mundo”, diz Lucio Aquino, gerente executivo da Escola de Negócios.

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