14,9% de crescimento do faturamento em 2022, em relação ao ano anterior - Foto: Mergé Studio
A vocação internacional do Portobello Grupo, sediado em Tijucas, a pouco mais de 50 quilômetros de Florianópolis, está expressa em seu nome. A escolha da marca de revestimentos cerâmicos se deu por soar elegante e internacional, de acordo com o fundador Cesar Bastos Gomes. As exportações começaram em 1981, apenas dois anos após a criação da empresa. Em 2005, as vendas para o exterior chegaram ao maior patamar de participação nos resultados, respondendo por 60% das receitas, obtidas principalmente nos Estados Unidos, onde a companhia chegou a ter mais de 100 funcionários. Mas uma série de fatores, como o câmbio valorizado, fez a empresa voltar-se mais para o mercado interno. No ano passado as vendas para mais de 70 países contribuíram com 23,4% do faturamento total de R$ 2,2 bilhões, 14,9% a mais do que em 2021.
Recentemente o Portobello Grupo deu um novo e importante passo em seu processo de internacionalização ao iniciar as operações de uma fábrica própria nos Estados Unidos, em 21 de julho. A unidade, primeira da empresa fora do Brasil, está localizada na cidade de Baxter, no Tennessee. A iniciativa deverá impulsionar a participação da companhia no mercado norte-americano, onde já atua desde o início da década de 1990 com a distribuição dos seus produtos. “O mercado de cerâmica nos Estados Unidos, um dos maiores e mais atrativos do mundo, é fundamental para nossa estratégia de expansão internacional”, reitera Cesar Gomes Junior, presidente do Conselho de Administração.
Fábrica no Tennessee é linear e tem quase 1 quilômetro de extensão - Foto: Mario Cezar de Aguiar
Ao planejar a construção de uma fábrica nos Estados Unidos, decisão tomada em 2018, o Portobello Grupo acreditou que poderia tirar proveito da sua experiência em varejo e logística para criar, produzir e distribuir soluções completas e competitivas em revestimentos com foco no mercado norte-americano. Luiz Felipe Brito, CEO da Unidade Portobello América, diz que a nova planta permitirá à empresa uma melhor adaptação ao perfil dos consumidores norte-americanos, com maior nível de competitividade e o fornecimento de produtos mais inovadores e com design mais avançado. Os custos de produção são baixos em função do uso de gás de xisto, um insumo barato que é um dos pilares da reindustrialização dos Estados Unidos.
Os investimentos na primeira fase de implementação da nova unidade foram de aproximadamente US$ 90 milhões (R$ 450 milhões), com previsão inicial de produção projetada em 3,6 milhões de metros quadrados por ano. Acredita-se que a receita poderá chegar, já no primeiro ano de operações, a R$ 750 milhões, considerando-se a carteira de clientes consolidada no território dos Estados Unidos como resultado dos muitos anos de atuação do Portobello Grupo como exportador.
Planta americana produz porcelanato e gera cerca de 200 empregos locais - Foto: Divulgação
Com 90 mil metros quadrados de área construída em um terreno de 370 mil metros quadrados, o empreendimento conta com maquinários de alta tecnologia e gerou mais de 200 empregos locais. É uma fábrica linear que tem quase 1 quilômetro de extensão e se dedica principalmente à produção de porcelanato, um produto de alto valor agregado. O treinamento dos funcionários americanos foi feito por equipes da unidade de Tijucas, que se deslocaram para os Estados Unidos. O Tennessee não foi escolhido por acaso – o estado, situado no Sudeste do país, é polo nacional na fabricação de revestimentos cerâmicos. “É mais uma prova da capacidade e da excelência industrial de Santa Catarina. A Portobello utiliza sua expertise para produzir no mercado mais competitivo do mundo”, diz Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC.
No Brasil, além da liderança na produção de revestimentos cerâmicos, o grupo tem a maior rede de varejo do segmento. A atuação multicanal inclui operações estruturadas em quatro Unidades de Negócio: a Portobello, com distribuição para homecenters, projetos e exportações; a Portobello Shop, marca de varejo com 146 lojas; a Pointer, marca de design democrático consolidada no Nordeste do País; e a Portobello América.
Obs.: Dados financeiros consolidados de 2022
Reciclagem total
Nas unidades da empresa, 99,9% dos resíduos e 100% da água são reutilizados.
Em respeito ao conceito de economia circular, 99,9% dos resíduos gerados pelas atividades da Portobello são reciclados ou ressignificados, evolução de um processo que remete a três décadas atrás. Em 1993, a companhia inaugurou uma Estação de Tratamento de Efluentes Industriais que permitia a separação de partículas sólidas, para que fossem recicladas e voltassem à cadeia produtiva como matéria-prima.
Na gestão hídrica, a companhia tem fontes próprias de captação e, por meio de um circuito fechado, reutiliza 100% da água aplicada ao processo produtivo. Outro destaque das ações de sustentabilidade é que o próprio calor gerado no processo de produção das cerâmicas é reutilizado como fonte de energia. Já no ano 2000 a companhia implementou o uso de gás natural na fábrica, uma fonte de energia limpa para fornos e secadores.
Por meio da Pointer, unidade de negócios da empresa sediada em Marechal Deodoro (AL), a companhia desenvolveu o cobogó Sururu, produto criado para alavancar a economia da comunidade do Vergel, próxima à Lagoa Mundaú, em Maceió, capital de Alagoas. O cobogó, elemento vazado típico do Nordeste que permite a ventilação e a luminosidade, é produzido com cascas do sururu, marisco muito utilizado na gastronomia local. As cascas eram, até então, descartadas como lixo.
Foto: Divulgação