
Foi o austríaco Joseph Schumpeter (1883-1950) quem colocou a inovação tecnológica no centro da arena do capitalismo. Suas ideias apontaram as inovações como as responsáveis por romper estados de equilíbrio da economia, através da introdução de novos bens, a exploração de formas originais de produzir ou vender um produto ou a descoberta de novas matérias-primas, impulsionadas com o protagonismo de empresários empreendedores. Esse tipo de disrupção, popularizada por Schumpeter com o nome de “destruição criativa”, era capaz de abrir mercados novos e prósperos ao mesmo tempo que levava à obsolescência negócios e produtos ligados ao ciclo que se encerrava.
Mesmo em países com desenvolvimento tardio do capitalismo como o Brasil, sobram exemplos do efeito transformador da inovação. Em Santa Catarina, inovações ajudaram a transformar negócios de pequeno e médio porte em grandes corporações. A interrupção das exportações de conexões hidráulicas para encanamentos para o Brasil durante a Segunda Guerra Mundial fez com que os responsáveis por uma pequena fundição em Joinville investigassem e adaptassem a fórmula de produção do ferro maleável – foi a partir desse feito que a Fundição Tupy passou a abastecer o mercado nacional. No mesmo período, com as restrições a importações de máquinas e equipamentos, a Buddemeyer aprendeu a fabricar teares mecânicos, tornando-se fornecedora da indústria têxtil nacional e garantindo a sobrevivência.
A Embraco, criada em Joinville por três fabricantes de refrigeradores, desenvolveu compressores inovadores que diminuíram em 50% o consumo de eletricidade de geladeiras e transformaram a empresa numa gigante mundial. As inovações de impacto não se limitaram ao desenvolvimento de produtos. Em 1957, a Perdigão comprou um avião DC-3 com capacidade de 3 mil quilos de carga e deu um salto ao conseguir fornecer seus produtos perecíveis rapidamente para o mercado consumidor de São Paulo. A Sadia, então sua concorrente, adotou a mesma estratégia – seu braço no transporte aéreo se tornaria uma das principais empresas de aviação do País nos anos 1970 e 1980, a Transbrasil.
O pensamento de Schumpeter foi postulado entre as décadas de 1910 e 1930 e, desde então, a inovação nunca mais deixou de ser um ingrediente importante no debate sobre desenvolvimento econômico. No Brasil, o advento de legislações como a Lei de Inovação (2004) e a Lei do Bem (2005) aproximou o setor produtivo do conhecimento gerado nas universidades brasileiras e buscou estimular as empresas a ampliar seu volume de inovação aperfeiçoando mecanismos de financiamento público.
“Nas últimas décadas, políticas industriais dos países passaram a andar de mãos dadas com as políticas de inovação”, diz Gustavo Leal, diretor-geral do SENAI Nacional. Atualmente, o advento das tecnologias digitais e as promessas da inteligência artificial promovem ‘destruições criativas’ aos olhos de todos. “A sociedade hoje é a sociedade do conhecimento. Internalizar inovações nas manufaturas, por meio de produtos desenvolvidos com incorporação de novos conhecimentos, com as tecnologias digitais, gera saltos de produtividade e a possibilidade de captura de novos mercados.”