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Economia verde é aposta certa para o Brasil

Paulo Hartung, economista, presidente executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), membro do Conselho Consultivo do RenovaBR e ex-governador do Estado do Espírito Santo).

Paulo Hartung: “O setor de árvores cultivadas é um modelo que preza pelo uso inteligente da terra, respeito pela natureza e cuidado com as pessoas” - Foto: Divulgação

Se o Brasil almeja o desenvolvimento consistente, é imperativo encarar a série de desafios que coloca uma bola de ferro no tornozelo do País. Infraestrutura precária, educação básica e profissionalizante deficitárias, insegurança jurídica e um sistema tributário caótico, além da atual fragilidade da indústria nacional, formam um conjunto de dificuldades que devem ser endereçadas.

A boa notícia é que há novas bases para ancorar o avanço nacional, como a corrida planetária pela descarbonização. Enquanto a Europa enfrenta uma crise energética, que dificulta sua transição, o Brasil já dispõe de uma matriz composta em 47% por fontes renováveis. O processo industrial no velho continente, segundo a Agência Europeia Ambiental (AEA), é responsável por quase 10% das emissões de GEE na região, enquanto aqui a indústria representa 4%, de acordo com o Observatório do Clima.

Tais constatações, somadas aos nossos ativos ambientais, permitem vislumbrar um futuro próspero, inclusive para a indústria nacional. Há exemplos dentro do próprio Brasil que podem inspirar. O setor de árvores cultivadas é um modelo que preza pelo uso inteligente da terra, respeito pela natureza e cuidado com as pessoas. Planta, colhe e replanta, comumente em áreas antes degradadas, totalizando 9,9 milhões de hectares de cultivo. As companhias florestais ainda conservam outros 6,05 milhões de hectares, uma extensão maior do que o Estado do Rio de Janeiro.

Competitiva, esta agroindústria é a segunda produtora global de celulose e a maior exportadora do item. Além disso, posiciona-se entre os 10 maiores fabricantes de papel e painéis de madeira. China, Europa, Estados Unidos e América Latina são os principais destinos dos produtos florestais. Hoje, a carteira de investimentos do setor até 2028 ultrapassa os R$ 60 bilhões em florestas, logística, P&D, modernizações e novas plantas.

Santa Catarina é peça importante desta engrenagem. O Estado é o segundo que mais cultiva pinus (713.134 hectares). As companhias vêm apostando em Santa Catarina para crescimento. Desde 2019, a Berneck levantou uma nova fábrica de MDF em Lages (R$ 850 milhões); a Guararapes construiu uma unidade em Caçador para produção de painéis de madeira (R$ 1 bilhão); a Irani investiu em projetos de expansão de suas operações no Estado (mais de R$ 700 milhões); e a WestRock expandiu planta de embalagens de papel em Três Barras (R$ 1 bilhão). Este e outros exemplos, como a WEG, o agronegócio moderno e a Natura, reforçam que temos tudo para aproveitar as oportunidades que estão à mesa.

A atual desorganização da cadeia de suprimentos global abre ainda mais espaço para avanços. O planeta busca por fornecedores estáveis, confiáveis e sustentáveis que possam prover energia limpa e alimentos, entre outros produtos e serviços. Chance histórica para o Brasil transformar suas vantagens comparativas em ganhos de competitividade, fazendo da economia de baixo carbono e das necessidades mundiais um motor para nosso desenvolvimento verde.

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