Pular para o conteúdo principal

Quer receber nosso conteúdo exclusivo? Inscreva-se!

Cada vez mais enxutas

Indústrias investem na redução do uso e reutilização de água em seus processos, além de segurança hídrica nas comunidades em que atuam.

A Whirlpool chega a 98% de recirculação de água no processo produtivo. A redução de água por tonelada produzida na Klabin é de 18% - Foto: Divulgação

Em termos bem simples, o conceito de balanço hídrico exprime a diferença entre a quantidade de água que entra e sai de uma região em dado intervalo de tempo. Um balanço hídrico desejável pressupõe equilíbrio, mas não é esta a situação que se vislumbra para Santa Catarina. De acordo com o projetado no Plano Estadual de Recursos Hídricos, em 2027 praticamente todas as regiões hidrográficas de Santa Catarina estarão com o balanço hídrico em situação crítica ou até mesmo insustentável. O mesmo documento indica que o setor industrial será responsável, até lá, por 54% da retirada de água das bacias.

A sede da indústria, entretanto, é atenuada por medidas que vêm sendo tomadas pelas principais empresas para diminuir a dependência de água em seus processos. A tendência é que os impactos ambientais do setor sejam reduzidos com a adoção de políticas ESG, que compreendem ações em favor do meio ambiente, da responsabilidade social e governança corporativa. Em linhas gerais, nos últimos anos as maiores indústrias estão se esforçando para reduzir o uso e ampliar a reutilização da água em seus processos. “O setor investe no uso racional da água”, afirma Lourival Magri, presidente da Câmara de Meio Ambiente e Sustentabilidade da FIESC.

É o caso da Whirlpool, detentora das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, com unidade em Joinville. A companhia definiu o tema água como uma das prioridades da empresa globalmente, considerando os desafios de disponibilidade e qualidade do recurso ao redor do mundo. Aqui no País as unidades já alcançaram 98% de recirculação de água utilizada no processo produtivo. Outro destaque do programa de gestão hídrica, reconhecido com o primeiro lugar no Prêmio da Agência Nacional de Águas (ANA), é a redução em 20% na utilização de água no processo de pintura, diminuindo o consumo em 30 mil metros cúbicos por ano.

Além disso, 38% da área total das unidades no Brasil é coberta por áreas de preservação, incluindo quatro corpos hídricos e duas nascentes. Em Joinville, a utilização de água de chuva corresponde a 11% do consumo. “Além de zelar pelos recursos hídricos em nossas operações diárias, buscamos entender como podemos contribuir para a preservação contínua do meio ambiente, melhorando também a vida em sociedade, nas comunidades e no planeta”, diz Douglas Reis, diretor de Assuntos Regulatórios e ESG na Whirlpool para a América Latina.

Como marco do compromisso com a missão de utilizar a água da forma mais eficiente, a Whirlpool assinou o CEO Water Mandate. Trata-se de uma plataforma desenvolvida com o objetivo de avançar na gestão de água, parte integrante do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). Os esforços se refletem no desenvolvimento de produtos, como uma lavadora que permite o reúso da água para outras atividades domésticas. Já modelos da lava-louça Brastemp proporcionam redução de seis vezes no volume de água utilizada em comparação à lavagem na pia, o que equivale a 97 litros de economia por lavagem.

Sistemas de recirculação na Whirlpool: água é prioridade global para a companhia - Foto: Divulgação

Manejo | Nos últimos quatro anos, a fabricante de papel e celulose Klabin, que tem operações florestais e industriais no Planalto catarinense, reduziu seu consumo total de água em 18%, de 4,42 metros cúbicos para 3,63 metros cúbicos por tonelada produzida. Trata-se de um dos reflexos da implantação da metodologia de manejo hidrossolidário, baseada no equilíbrio entre a produção florestal e o uso de água. Estendido às operações florestais de Santa Catarina no ano passado, este tipo de manejo permite a integração das diferentes necessidades do uso da água, incluindo comunidades vizinhas e processos ecológicos. Começa na etapa de planejamento florestal, que leva em consideração as microbacias hidrográficas e os pontos de captação de água dos vizinhos.

A metodologia reforça a segurança hídrica das comunidades presentes no entorno das unidades florestais. As ações incluem a instalação de estações de tratamento de efluentes mais eficientes e um programa de educação ambiental que leva o tema da segurança hídrica às escolas municipais. “A companhia acredita na necessidade de um olhar multidisciplinar sobre os recursos naturais, considerando sua complexidade e relevância para o ecossistema”, afirma Júlio Nogueira, gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente.

As metas específicas de uso da água assumidas pela empresa, até 2030, incluem ter 100% das localidades em que atua com iniciativas para o aumento da segurança hídrica territorial (o índice está em 74%) e reduzir em 20% o consumo específico de água industrial, na comparação aos parâmetros de 2019 – a redução já chegou a 17,8%. A produção anual da Klabin chega a 3 milhões de toneladas de papel e 1,6 milhão de toneladas de celulose. Possui 23 fábricas e 719 mil hectares de florestas. Destes, 58% são áreas produtivas e os 42% restantes são compostos por áreas de conservação, incluindo a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Serra da Farofa, com quase 5 mil hectares no Planalto catarinense.

Unidade da Klabin em Santa Catarina: segurança hídrica das comunidades - Foto: Divulgação

Notícias relacionadas

Indústria News

Inscreva-se e receba diariamente por e-mail as atualizações da indústria de Santa Catarina.
Confira edições anteriores.