Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC - Foto: Filipe Scotti
Pessoas da minha geração cresceram ouvindo que o Brasil tinha tudo para dar certo por causa dos recursos naturais abundantes – água especialmente – e da ausência de desastres como terremotos, furacões ou vulcões. Hoje em dia é forçoso olhar para isso tudo de uma perspectiva diferente. Santa Catarina nunca esteve livre de desastres como enchentes, é certo, em razão de sua topografia e de cidades localizadas em vales, à beira de rios. As mudanças climáticas, porém, estão dando outra escala para desastres naturais em nosso Estado.
Hoje convivemos com constantes situações de excesso de chuvas, que causam enchentes e inundações com muito mais frequência e gravidade do que no passado. Ao mesmo tempo recrudescem as estiagens. A população sofre cada vez mais e a economia também é afetada. A indústria catarinense, aliás, é a que mais sofre prejuízos com desastres naturais em todo o Brasil. A crescente retirada de água das bacias hidrográficas tende a deixá-las em situação crítica, afetando o suprimento da população e do setor produtivo.
Além de ter que lidar com os extremos climáticos, ainda não resolvemos o problema do saneamento básico. É vergonhoso para um estado como o nosso, que se destaca em diversos indicadores socioeconômicos, ter um dos piores índices de tratamento de esgoto em redes públicas de todo o Brasil. Todas essas dimensões da água em Santa Catarina – o excesso, a falta, o suprimento e a qualidade – são objeto de um amplo estudo da FIESC, que deu origem à Agenda Catarinense da Água, abordada na reportagem de capa desta edição.
Outra reportagem mostra que Santa Catarina é reconhecida como um dos melhores estados para se viver, atraindo pessoas do Brasil e do exterior para as suas cidades. Parte disso deve-se à ideia de qualidade de vida elevada que se desfruta no Estado, enquanto outra parte tem a ver com o vigor econômico. Mesmo sendo o segundo estado do País que mais recebeu novos moradores nos últimos anos, convivemos com o pleno emprego.
Tudo está relacionado. A qualidade de vida e a continuidade do crescimento econômico dependem de cuidarmos bem do meio ambiente e da água, ao mesmo tempo que nos preparamos para enfrentar os desafios climáticos. A Agenda da Água é uma iniciativa para situar o tema no centro das atenções do Estado, convergindo forças para a solução dos problemas.
Mario Cezar de Aguiar - Presidente da FIESC