Industriais destacam importância de incluir produtos semiacabados de aço nas estratégias de defesa dos interesses brasileiros no comércio internacional; medidas costumam abarcar apenas parte da cadeia produtiva, prejudicando indústrias de manufaturados

Florianópolis, 25.06.25 - Diante do aumento global de tarifas sobre o aço, da elevação pelo Brasil de importações da China e de um potencial redirecionamento das exportações asiáticas para o país, as indústrias metalmecânica e de metalurgia pedem mais sintonia na defesa dos interesses comerciais da cadeia produtiva do aço no Brasil. Em reunião nesta terça-feira (24), o presidente da Câmara da Indústria Metalmecânica da Federação das Indústrias de SC (FIESC), André Odebrecht, destacou a necessidade de o governo brasileiro incluir produtos derivados do aço - como os semiacabados - na negociação com parceiros internacionais. “Historicamente o governo não tem reconhecido a cadeia toda, o que afeta a competitividade do setor de manufatura. Temos que buscar isonomia”, disse.

O economista Marcelo de Albuquerque, da FIESC, aponta que a indústria metalmecânica de Santa Catarina é integrada com a economia do estado, tanto na compra de insumos como na venda de produtos para outras indústrias. Levantamento da FIESC aponta que 49% das compras do setor são de empresas catarinenses, enquanto 39,8% das vendas do segmento têm SC como destino.

“Diante das pressões do cenário internacional, é essencial compreender a cadeia metalmecânica de Santa Catarina como um sistema integrado, cuja competitividade depende de políticas industriais que considerem todos os seus elos — da matéria-prima à transformação”, destacou Albuquerque.

Para o superintendente de economia do Instituto Aço Brasil, Marcelo Ávila, desde 2018 o mundo vem observando uma maior predominância de alta de tarifas, em resposta ao posicionamento norte-americano e também como medida de defesa contra o excedente de produção chinês, que conta com subsídios significativos. Em 2024, a China exportou 110,7 milhões de toneladas. “A China é responsável por mais de um terço da produção mundial de aço, e hoje o excesso de capacidade dos chineses está estimado em 250 milhões de toneladas.”

Estimativas do Instituto Aço Brasil apontam que, hoje, o país já é o principal destino ocidental das vendas chinesas, tendo recebido 3,7 milhões de toneladas em 2024, um crescimento de cerca de 300% em comparação com 2020. “Com o incremento de tarifas nos EUA, exportações que seriam dirigidas para lá estão sendo redirecionadas. O Brasil poderá ser um dos destinos”, afirmou. Isso porque o Brasil tem uma das menores tarifas médias de aço em comparação com a América do Norte, União Europeia e até outros países da Ásia e Oceania.

Os industriais brasileiros defendem a necessidade de revisão das políticas comerciais em relação ao insumo e também a produtos semiacabados, de forma a dar igualdade de condições entre o produto interno e o importado. “Somos uma indústria altamente competitiva do portão para dentro. O custo Brasil, no entanto, prejudica a capacidade de concorrer com produtos importados, muitos deles subsidiados”, disse Ávila.

Em relação às exportações de aço para os EUA, Ávila afirmou que o governo brasileiro trabalha para a manutenção das condições comerciais anteriores, quando o Brasil contava com uma cota de exportações, de cerca de 3,5 milhões de toneladas de produtos semiacabados e de 687 mil toneladas de produtos acabados (aços laminados). “Os Estados Unidos não têm capacidade instalada para ampliar a produção de produtos semiacabados de aço para atender sua demanda”.

Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Gerência de Comunicação Institucional e Relações Públicas

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