Florianópolis, 15.08.2024 - A fabricação de máquinas e equipamentos industriais voltados à produção de bens de consumo cresceu 4,2% no ano, em comparação com igual período do ano passado. Os dados são da Associação Brasileiras de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), apresentados nesta quinta-feira, dia 15, em reunião conjunta das Câmaras das Indústrias de Máquinas e Equipamentos Elétricos e Metalmecânica da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC).
O desempenho tem minimizado o impacto negativo do recuo na fabricação de máquinas e equipamentos voltados à agricultura e à construção. A diretora de competitividade, economia e estatística da Abimaq, Cristina Zanella, explica que a produção de máquinas e equipamentos para a fabricação de bens de consumo reflete o mercado de trabalho aquecido impactando a renda e também o acesso a crédito, com os juros mais baixos que no mesmo período do ano anterior. “Com isso, aumenta o consumo das famílias em produtos como alimentos e bebidas, eletrodomésticos e eletrônicos”, destaca.
As indústrias que fabricam esses produtos acabam comprando mais maquinários para atender ao crescimento da demanda. Um exemplo é o aumento da produção de geradores, transformadores e motores elétricos, que avançou 8,7% no acumulado do ano. A fabricação de motores, bombas e compressores, por sua vez, cresceu 5,7% no ano até junho. O avanço da produção de máquinas e equipamentos de uso geral foi de 19,4% no período.
Contexto catarinense
Santa Catarina conta com empresas relevantes nesse cenário. Enquanto a produção de máquinas e equipamentos caiu 5,8% no Brasil, em SC a atividade cresceu 6,9% no primeiro semestre.
O estado conta com 1.176 empresas no setor de máquinas e equipamentos, que correspondem a 12,5% dos negócios do país no ramo. São cerca de 47 mil empregados, o que equivale a quase 12% dos trabalhadores do setor. Em termos de receita líquida, SC é responsável por US$ 19,82 bilhões, ou 8,5%.
Impactos negativos
O resultado brasileiro negativo reflete o recuo na produção de máquinas agrícolas no ano, que foi de 21%, na de peças agrícolas, que foi de 29,4%, e na redução da fabricação de equipamentos para construção, que foi de 15%. O movimento pode ser explicado, de acordo com o economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, pelos preços das commodities, que estão em queda. A soja, um dos principais produtos de exportação do agro brasileiro, atingiu seu menor preço em quatro anos. “Esse cenário tem impacto de safras recordes em 2023, que acabaram derrubando os preços internacionais e limitando os investimentos do agronegócio”, explica Bittencourt.
Perspectivas e desafios
Para o ano de 2024, as perspectivas para a indústria de máquinas e equipamentos é negativa, em decorrência, especialmente do cenário do agronegócio. A Abimaq estima que a produção caia 1,1% no ano, e a projeção de queda nas exportações é de 3,4%. Em relação às receitas totais do setor, a perspectiva é de recuo de 7%, enquanto as receitas internas - oriundas de vendas feitas dentro do país - devem retroceder 8,8%.
O segmento enfrenta ainda outros desafios: os fatores que afetam a competitividade brasileira e que limitam o potencial de crescimento das exportações de máquinas e equipamentos e também o aumento da participação de produtos chineses no mercado brasileiro.
Para a diretora da Abimaq, questões como juros altos limitando investimentos, um sistema tributário complexo e com impostos entre os maiores do mundo e também problemas de infraestrutura afetam a competitividade do setor. “A ocupação de mercado por produtos chineses vai continuar. A proteção do mercado nacional com o aumento de impostos de importação é uma solução pontual. Temos de cuidar da nossa produtividade e competitividade”, afirma.
O economista-chefe da FIESC explica que a China está fazendo um grande esforço para colocar seus produtos nos mais diversos mercados, com políticas de apoio à indústria daquele país. A iniciativa visa minimizar os impactos da reorganização das cadeias globais de suprimentos e o encolhimento do mercado doméstico naquele país.
Oportunidades
Uma perspectiva que anima o setor é a regulamentação da Lei da Depreciação Acelerada (Lei 14841/24), aprovada em 28 de maio. A nova legislação vai permitir que empresas que invistam na compra de máquinas e equipamentos em 2024 possam descontar do lucro líquido para apuração do Imposto de Renda e da CSSL até 50% do valor do bem no ano da aquisição e os 50% restantes no ano seguinte.
Cristina Zanella explica que a medida permite melhorar o fluxo de caixa das empresas, liberando recursos para novos investimentos, favorecendo a ampliação da capacidade produtiva e ganhos de competitividade.
Pesquisa da Abimaq aponta que quase 40% das máquinas e equipamentos instalados nas indústrias brasileiras estão no limite ou já ultrapassaram o ciclo de vida previsto pelo fabricante. “A depreciação acelerada contribuiu para a modernização das indústrias brasileiras e fomenta o setor”, avalia a diretora.
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Gerência de Comunicação Institucional e Relações Públicas
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