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Líder em investimento e exportação, agroindústria busca alternativas para retomar crescimento

Infraestrutura, abastecimento de insumos, legislação trabalhista, produtividade dos funcionários, mercado interno em queda e oscilação do câmbio foram os principais desafios apontados durante reunião da Câmara setorial da FIESC em Chapecó

Chapecó, 13.9.2016 – A agroindústria catarinense triplicou as exportações nos últimos 15 anos e em 2016 apresenta saldo comercial superavitário de US$ 1,6 bilhão. No ano passado o setor respondeu por 38% dos investimentos totais da indústria do Estado. Os dados foram apresentados pelo presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, nesta terça-feira (13), em Chapecó, durante reunião da Câmara de Desenvolvimento da Agroindústria da entidade. “Maior produtor nacional de carne suína e segundo em frangos, o agroalimento catarinense é um verdadeiro patrimônio não só do Estado, mas do Brasil. Precisa receber um olhar diferenciado, sobretudo, a região Oeste de Santa Catarina, pelas dificuldades logísticas que, ano após ano, enfrentamos”, disse Côrte. Ele propôs a realização de reunião do Fórum Parlamentar Catarinense em Chapecó para avançar na construção de uma agenda voltada à solução dos desafios da agroindústria.

Infraestrutura, abastecimento de grãos, legislação trabalhista, produtividade do trabalhador, mercado interno prejudicado pela queda do poder de compra e a oscilação do dólar são as principais questões que preocupam as lideranças do agronegócio, resumiu o presidente da Câmara,  Mario Lanznaster. Ele citou o exemplo da Aurora, empresa que preside, e demanda diariamente 180 carretas de milho. Em Santa Catarina a saca do grão custa R$ 42, contra R$ 26 nos Estados Unidos. “Como competir, produzindo carne para exportar para Rússia, China e para o mundo”?, questionou, salientando o atual descompasso entre as margens baixas da agroindústria e dos produtores de grãos. “Se tivermos o preço internacional, podemos competir, mas muitas empresas já estão em dificuldade, até em recuperação judicial”, completou, acrescentando que a crise demorou, mas chegou ao agronegócio.

Ao detalhar os desafios do setor, Lanznaster exemplificou a complexidade logística, com os esforços feitos pela Aurora para usar a navegação de cabotagem (pela costa brasileira) para fazer chegar ao Nordeste seus produtos em condições mais competitivas. “Mas precisaria de menos burocracia”, alertou. “Alguém paga pelo caminhão que circula. Um trem faria muito bem. Seria muito menos gente e acidentes nas estradas, com redução de custos”, acrescentou. Ao falar sobre os custos da força de trabalho, informou que uma frota de 300 ônibus transporta trabalhadores para as fábricas, fazendo em média 56 quilômetros diariamente e gerando um custo de R$ 272, por trabalhador, totalizando mais de R$ 2 milhões mensais para a Aurora.

Santa Catarina produz 3 milhões de toneladas de milho e consome 6 milhões por ano, sendo o oitavo produtor e o segudo consumidor do País, em função da força de sua agroindústria, informou o secretário adjunto de Agricultura, Airton Spies. “A crise da suinocultura é grave e tem impactos severos sobre a economia e a sanidade”, disse, destacando a necessidade de, entre outras coisas, recuperar o papel da CONAB no planejamento e abastecimento de grãos no Brasil, já que os estoques hoje são baixos e o orçamento da companhia está aquém do necessário.

Os esforços para aumentar a produtividade das áreas plantadas em Santa Catarina, para aproximar os volumes produzidos e os demandados no Estado também foram destacados por Spies. Entre 2000 e 2015 a produtividade do milho catarinense dobrou, passando de 3,8 toneladas por hectare para 7,7 toneladas − já a maior do País, atrás apenas do Distrito Federal. A meta, disse, é chegar a 10 toneladas e entre as iniciativas para viabilizar isso estão a distribuição de calcário e sementes com subsídio para os agricultores familiares. “Mas tem que prestar a orientação técnica ao produtor também”, acrescentou.

Na reunião, o diretor da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ariel Antônio Mendes, falou sobre as perspectivas do comérico interno e externo e o impacto na agroindústria catarinense; o diretor de inovação do SENAI, André Pierre Mattei, destacou a manufatura avançada como inovação para o agronegócio e o diretor da FIESC, Carlos Henrique Ramos Fonseca, falou sobre o portal setorial como fonte de informação estratégica para a tomada de decisão.

A força da agroindústria: Atualmente, o setor, composto por alimentos e bebidas, representa 21,4% do valor da transformação industrial, 22% do emprego e 14,5% do número de estabelecimentos na indústria de transformação brasileira. O estudo “Panorama e perspectivas dos investimentos da indústria catarinense”, divulgado recentemente pela FIESC, mostra que para o triênio 2016−2018 mais de 25% do investimento catarinense virá da agroindústria. “Reafirmamos a posição intransigente de apoio à agroindústria como uma das principais atribuições e deveres da FIESC, pela grande contribuição que a agroindústria dá a Santa Catarina”, disse Côrte.

Mercoagro: nesta terça-feira à tarde, Côrte participa da abertura da Feira Internacional de Negócios, Processamento e Industrialização da Carne (Mercoagro 2016). Promovida pela Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), o evento segue até sexta-feira (16), com expositores de automação industrial, refrigeração, ingredientes e aditivos, embalagens, transporte e armazenagem, máquinas, equipamentos, implementos, insumos e instalações para todas as etapas do processo industrial, incluindo o abate, embalamento, congelamento, higiene, segurança e análise de processos.

A Mercoagro também oferece extensa programação paralela, com eventos técnicos e científicos que apresentarão novidades e tendências do mercado mundial de carnes. Integram a iniciativa o 11º Seminário Internacional de Industrialização da Carne, o Salão de Inovação, a Clínica Tecnológica e o Laboratório Experimental, coordenados pelo SENAI/SC. Além disso, estão programados o Painel de Oportunidades e a Sessão de Negócios, organizados pelo Sebrae/SC.



 

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