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Florianópolis, 23.11.2022 - Países que investiram em tecnologia de ponta para dar suporte à indústria foram os que mais enriqueceram, segundo dados compilados pela Fundação Getúlio Vargas. De acordo com o economista Paulo Gala, gráficos que comparam a complexidade produtiva de 120 países entre 1970 e 2010 evidenciam a relevância da industrialização. Gala participou nesta quarta-feira (23) do último painel do Fórum Radar Reinvenção, promovido pela Academia FIESC de Negócios.
“Os dados mostram que só enriqueceram os países que conseguiram se industrializar no sentido hi-tech, ou seja, subiram a escada tecnológica até o topo. A Coreia do Sul é um exemplo disso e outros países têm conseguido avançar, como Singapura, Israel e Irlanda”, citou. Na América Latina, quem mais avançou foi o México, mas ainda tem um sistema produtivo baseado em maquilas, que importam itens da Ásia para enviar aos Estados Unidos.
Gala lembrou que, em 1980, a produção industrial brasileira era maior do que a coreana, somada à chinesa. “As nossas exportações eram de 20 bilhões de dólares, portanto, maiores do que as vendas de China e Coreia juntas que, à época, era entre 16 e 17 bilhões de dólares. O Brasil de fato era a grande potência emergente nos anos 1980”, contou. Hoje, a produção industrial brasileira não alcança 200 bilhões de dólares por ano, enquanto que a produção industrial chinesa está na casa dos 4 trilhões de dólares anualmente.
Desenvolvimento econômico com a indústria
O diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, alerta que o país ‘tropeçou’ na armadilha da liquidez internacional nos anos 1970, o que interrompeu a capacidade de evolução. Já encarou 13 planos de estabilização, entre eles o Plano Real, que tem uma marca interessante, a de uma modernização que ajuda a criar possibilidade de desenvolvimento do Brasil, mas que não avançou. “Há consenso de que o desenvolvimento econômico é impulsionado pela industrialização. A estabilização é um pré-condição extremamente importante, mas para quê? Se a estabilização está levando a uma desindustrialização,
que leva a uma desigualdade social maior porque a indústria assegura uma melhor distribuição de renda, se está havendo empobrecimento relativo do país, se estamos perdendo importância da estrutura econômica global, nós temos que discutir”, salientou Lucchesi.
Para o diretor da CNI, os bancos brasileiros são disfuncionais, pois deveriam transformar a poupança dos agentes econômicos em investimento, o que não fazem. “É um setor altamente regulado pelo estado. Nós temos cinco bancos que controlam quase todo o mercado bancário brasileiro e que atuam, em grande parte, contra os interesses nacionais. O Brasil está acima de interesses setoriais”, frisou, citando como exemplo o que chamou de ‘oligopólio dos bancos’.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, mostrou dados que retratam a relevância da indústria catarinense, que é responsável por 27% da geração de riquezas no estado, na contramão do que ocorre em nível nacional. “Não nos contentamos com isso. Nossa ideia é nos aproximar de países como a Suíça, Suécia, países mais desenvolvidos. Entendemos que, como o espírito empreendedor voltado à industrialização, poderemos elevar esse percentual de participação no PIB num curto espaço de tempo. É nesse sentido que a nossa Academia FIESC de Negócios está trabalhando, para melhorar a complexidade da nossa indústria”, afirmou. Aguiar destacou ainda o lado social da indústria, que gera renda e desenvolvimento.
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Assessoria de Imprensa
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