Institutos oferecem serviços e soluções com tecnologia de ponta e certificações internacionais para atender clientes internos e também de mais de 20 países do globo.
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Encontros presenciais no Brasil e no Uruguai, além de eventos on-line, levaram tecnologia e know-how do SENAI para o país vizinho – Foto: CIU/Divulgação

Em 2024, um grupo formado por 11 pequenas e médias indústrias do Uruguai começou a participar de uma capacitação intensiva que tinha, entre os principais objetivos, reduzir em até 98% o tempo de tomada de decisões, aumentando de forma contundente a eficiência e produtividade desses empreendimentos. Desenvolvida pelo Instituto SENAI de Tecnologia (IST) em Excelência Operacional, a metodologia aplicada – batizada de Produção Inteligente – é customizada para empresas de menor porte e busca avaliar a maturidade digital, coletar dados de processos industriais e transformar esses dados em informações úteis, em tempo real. O serviço, contratado pela Câmara da Indústria do Uruguai (CIU) no final de 2024, é mais um dos diversos oferecidos pelos ISTs de Santa Catarina para dezenas de países do globo, entre ensaios, certificações, consultorias, análises e formações.

A inclusão do Produção Inteligente dentro do escopo do Impulsa Indústria, projeto que vem sendo desenvolvido nos últimos anos pela CIU no país vizinho, trouxe oportunidade para que essas pequenas e médias empresas utilizassem metodologias e ferramentas de transformação digital e indústria 4.0 através da transferência de tecnologia e know-how do SENAI. Consultores do IST ministraram treinamentos no Uruguai, e profissionais das empresas envolvidas – que vão do ramo alimentício ao madeireiro e metalúrgico – participaram de workshops on-line e capacitações no Brasil. Em 19 de maio, um evento presencial marcou o fim da etapa de consultoria do IST de Excelência Operacional para a CIU. No dia, as empresas aplicaram as primeiras ações com a metodologia e realizaram atividades dinâmicas trabalhando diretamente com especialistas formados em Produção Inteligente. Pelos próximos dois meses, os participantes deveriam avançar na implementação de processos da indústria 4.0 em suas empresas.

A solução foi customizada em idioma, indicadores e processos para o Uruguai, e está em fase de negociação para ser expandida para outros países como a Argentina, adianta o instrutor e consultor sênior do SENAI, Nilton Bendini.

“Enquanto grandes empresas possuem capacidade de investimento em tecnologias emergentes, pequenas e médias empresas enfrentam barreiras como falta de conhecimento, recursos limitados e ausência de processos estruturados. Para resolver isso, desenvolvemos uma solução acessível que apoiasse pequenas indústrias a dar os primeiros passos na jornada digital”, Nilton Bendini.

A diretora de Comunicação e Projetos da CIU, Carola Saavedra, enumera entre os benefícios obtidos com a capacitação do SENAI “a melhoria na eficiência operacional, a diminuição de desvios em relação ao planejamento e a redução do impacto negativo no processo, como estoque, vendas e atendimento ao cliente”. O objetivo da Câmara uruguaia, agora, é aplicar a metodologia em mais indústrias do país. “O SENAI criou um grande espaço colaborativo para as empresas. A expertise e a experiência dos técnicos do SENAI nos permitiram desenvolver capacidades em nosso país”, complementa Saavedra.

Credibilidade Global

Outra expertise solicitada por clientes internacionais foi desenvolvida em Chapecó pelo Instituto SENAI de Tecnologia em Alimentos e Bebidas. Trata-se do Provedor de Ensaio de Proficiência (PEP), avaliação externa regular e independente que os laboratórios precisam participar, em atendimento à normas como ISO 17025 e FSSC 22000, para demonstrar que têm competência na execução das análises que estão realizando para a indústria. “Seja para alimentos, cerâmica, metalmecânica, eles precisam garantir que o resultado que entregam para os clientes é, de fato, confiável”, explica Joseane Cristina Bassani, engenheira de alimentos e responsável técnica pelo serviço no IST.

O projeto teve início em 2002, após demanda do Ministério da Agricultura e Pecuária para que laboratórios credenciados pudessem ter seu desempenho avaliado por meio de comparações com outros laboratórios. Em 2011, o IST estava entre as 11 primeiras instituições do país a obter a acreditação da Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro para realizar programas de ensaios de proficiência – uma referência que dá credibilidade em escala global para o trabalho oferecido pelo Instituto SENAI, que opera em conjunto com outras unidades do SENAI no estado.

Hoje, o IST soma mais de 1,18 milhão de parâmetros realizados para empresas do Brasil e de mais 23 países – 95% deles para a indústria alimentícia. Mas há ensaios específicos para setores como cosméticos, biogás, têxtil e ambiental. O Instituto SENAI também oferece, aliado aos ensaios de proficiência, materiais de referência. O Produtor de Material de Referência (PMR) cria amostras para os laboratórios físico-químicos dos setores de alimentos e bebidas para que esses realizem controles internos para os seus ensaios. “Por exemplo, se um cliente quer testar o seu método de ensaio para proteína em queijo, ele compra esse material com o percentual de proteína conhecido, realiza o ensaio na empresa e verifica se o resultado está de acordo, se está atingindo aquele percentual”, exemplifica Joseane.

Provedor de ensaio de proficiência

Confira alguns números do Instituto Senai de Tecnologia de Chapecó com a ferramenta.

Mais de:

  • 1,18 milhão de ensaios realizados
  • 1,49 mil empresas atendidas
  • 850 parâmetros atendidos
  • 23 países atendidos

Aval externo

São Bento do Sul é um dos maiores polos da indústria moveleira de Santa Catarina. Não por acaso, no pequeno município no Norte do Estado fica o Instituto SENAI de Tecnologia em Madeira e Mobiliário, que também presta um serviço internacional, mas de forma distinta: auxilia indústrias catarinenses do setor a exportar sua produção. No começo do ano, a unidade obteve acreditação pela Comissão de Segurança de Produtos para o Consumidor (CPSC, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, para realizar ensaios exigidos para a certificação de produtos infantis destinados ao mercado do país, disparado o principal cliente do setor catarinense – até maio deste ano havia importado US$ 45,3 bilhões em produtos do setor, mais de quatro vezes a soma do segundo na lista, o Reino Unido.

Os ensaios realizados pelo IST em São Bento do Sul geram grande economia ao eliminar o envio de amostras pesadas para testes nos Estados Unidos, além de garantir mais agilidade para o redesign e a adaptação de novos produtos. “Até então, não havia um lugar para fazer esses testes aqui. Então, além do custo de frete havia uma longa espera. Foi uma jornada até conseguir a acreditação, desde a acreditação no InMetro, primeiro, e agora para a CPSC. Com isso, nossas empresas conseguem solucionar problemas com muito mais eficiência e menos custo, diminuindo prazos e obtendo maior credibilidade”, avalia Sandra Fürst, coordenadora do IST em Madeira e Mobiliário, e uma especialista em normas de segurança para móveis nos Estados Unidos.

Os testes englobam produtos como beliches infantis e berços, tipos de mobiliário que já possuem rígidas regras de segurança no país, e também unidades de armazenamento de roupas, como roupeiros e cômodas, estes últimos alvos de uma decisão recente do Congresso Americano, aprovada há dois anos como resposta ao número de mortes de crianças causadas em tombamentos desse tipo de mobília – cerca de 400 em 20 anos. “Com a mudança, esse tipo de móvel precisa agora passar por uma série de testes de estabilidade e segurança, que fazemos aqui”, revela a coordenadora do IST. Entre os clientes estão empresas catarinenses e também norte-americanas que importam produtos brasileiros para colocar suas marcas, como Nestig, e Delta Enterprise.

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Testes e ensaios feitos pelo IST de São Bento do Sul certificam móveis para o mercado norte-americano – Foto: IST/Divulgação

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