Famílias de imigrantes criaram a indústria catarinense, que cresceu à margem dos projetos nacionais de industrialização.
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Foto de 1895 da indústria têxtil Karsten, fundada em 1882 na Colônia Blumenau - Foto: Arquivo FIESC

O primeiro registro de uma indústria no Estado é de 1856. Trata-se da Serraria do Príncipe, localizada na Colônia Dona Francisca, atual Joinville, em terras então pertencentes ao Príncipe de Joinville. Francisco d’Orleans era filho dos reis da França e se casara com a princesa D. Francisca, filha de Dom Pedro I e D. Maria Leopoldina. A serraria fornecia madeira para o Rio de Janeiro. Entretanto, o empreendimento pioneiro, associado aos privilégios da nobreza, não tinha o DNA da indústria catarinense, que seria fortemente marcada pelo empreendedorismo.

A história industrial de Santa Catarina está intimamente ligada à história da imigração, com destaque para os imigrantes italianos e alemães que chegaram à província a partir do século 19, sendo que o maior afluxo foi entre as décadas de 1860 e 1900. A atividade industrial pioneira foi a madeireira, com o duplo objetivo de abertura de terras para ocupação e a venda da produção de madeira para os centros urbanos. Ainda no século 19 surgiram as primeiras indústrias têxteis no Vale do Itajaí e no Norte do Estado.

O setor industrial ganhou impulso no século 20, com a ocorrência das duas guerras mundiais que fomentaram a substituição de importações. A exploração de carvão mineral no Sul do Estado inseria-se nesse contexto. A produção de máquinas industriais no Norte também, o que deu origem ao setor metalmecânico, que foi, por sua vez, fundamental para sustentar o crescimento da indústria têxtil no Vale do Itajaí. A agroindústria começava a se estabelecer no Oeste, com base em parcerias entre empresas e produtores rurais. A pioneira indústria de base florestal se modernizava e abria novas frentes de negócios.

Nos anos 1940 Santa Catarina vivia um momento de transição econômica, com a indústria já presente em todas as regiões do Estado, apesar de a agropecuária ainda responder pela maior parte da economia. O crescimento industrial exigia uma estrutura institucional capaz de defender os seus interesses, fomentar o desenvolvimento e articular políticas que impulsionassem a economia estadual por uma trajetória modernizante. A infraestrutura era precária e não havia trabalhadores qualificados para as demandas da indústria. O capital era escasso. O Brasil se industrializava à base de investimentos estatais e capital externo que se concentravam na Região Sudeste.

Em Santa Catarina, que ficou à margem, a indústria evoluiu de um modo particular, com base na empresa familiar. Os nomes de algumas das principais indústrias do Estado remetem às raízes familiares: Döhler e Karsten, fundadas no século 19, existem até hoje, com fôlego redobrado. A Hering, também centenária, ainda é uma referência em roupas de malha no Brasil. Outras que vieram depois também se destacam em suas áreas de atuação: Renaux, Buddemeyer, Altenburg, Olsen, Lunelli, Adami, Mueller, Rohden, Primo Tedesco, Irmãos Fischer, H. Carlos Schneider, CRH (Carlos Roberto Hansen) e milhares de outras indústrias, de todos os portes e setores, que levam ou não o nome das famílias fundadoras e são atualmente conduzidas por seus membros de diferentes gerações.

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Família Döhler em Joinville no início do século 20: empresa foi fundada em 1881 - Foto: Divulgação

 

Sucessão nas famílias empresárias

Alicerçada na empresa familiar, a indústria catarinense teve um desenvolvimento peculiar. Em oposição às grandes companhias de capital pulverizado que priorizam o repasse dos lucros aos acionistas, as empresas familiares reinvestem no próprio negócio, gerando um círculo virtuoso ao longo dos anos. A sucessão em empresas familiares, entretanto, é um desafio permanente. Para apoiar a indústria nesse processo delicado, a Academia FIESC de Negócios formatou o Programa de Desenvolvimento Executivo (EDP, na sigla em inglês) Sucessão e Transformação da Família Empresária.

O programa é dirigido a membros de famílias empresárias, o que inclui fundadores, herdeiros, sucedidos, sucessores e membros das futuras gerações. Parte do princípio de que a sucessão não planejada é um fator de alto risco para a perenidade dos negócios, e oferece orientação para a estruturação de um plano de sucessão nas empresas familiares. Dezenas de indústrias catarinenses organizaram seus processos sucessórios com o auxílio da FIESC.

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Santa Catarina possui a indústria mais diversificada do Brasil, de acordo com a CNI. É o estado com maior participação da indústria no emprego formal e o terceiro com maior número de estabelecimentos industriais, atrás somente de São Paulo e Minas Gerais - Foto: Cleber Gomes

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