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Ecossistema de saúde deve ser centrado no paciente, afirmam especialistas

Incorporação de novas tecnologias de forma inteligente, que amplie não apenas a eficiência, mas também entregue um melhor cuidado e com menor custo para o paciente e empresas, é desafio para o sistema de saúde

Florianópolis, 30.06.2023 - Um ecossistema de saúde focado no paciente, que entregue o que há de mais moderno em medicina e com menor custo, é o desafio enfrentado pelo país. De acordo com especialistas que participam nesta sexta-feira (30) do Warm-Up Ecossistema de Saúde, promovido pela Academia FIESC de Negócios, a solução centrada no paciente envolve análises avançadas de dados financeiros, de saúde e bem-estar, dados clínicos e até mesmo de estrutura social. 

Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC, destacou que o setor de saúde constitui uma importante indústria em todas as grandes economias e não poderia deixar de ser assim em Santa Catarina. “Saúde é qualidade de vida, qualidade de vida é emprego, emprego é indústria e a indústria é o coração de Santa Catarina. Somos o setor que mais arrecada impostos para o governo federal. Temos que torná-lo cada vez mais inovador”, afirmou Aguiar. 

O primeiro painel do evento abordou saúde econômica e estratégia. De acordo com o presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM), Ademar Paes Júnior, o sistema está chegando à exaustão e a solução está na organização de um ecossistema que priorize a saúde do paciente e promova a troca de experiências e de informação. “O apoio da indústria nesse sentido é primordial, com a incorporação de tecnologias e até mesmo servindo como ambiente de teste. Por isso, é necessário fortalecer a pesquisa, para que a gente não dependa de tecnologias externas”, afirmou. 

Paes Junior citou ainda as mudanças demográficas que estão impactando o país. “O recado do novo censo divulgado recentemente é de que o Brasil está desacelerando seu crescimento e já não conta mais com o bônus demográfico. Então como pensar no financiamento do sistema de saúde num país onde a maior parte dos serviços é provido por empresas privadas”, reflete. Um terço dos segurados pelos planos de saúde é do setor industrial.

O aumento de gastos com saúde não ocorre por conta de novas tecnologias, mas sim porque as pessoas estão a cada ano usando mais o plano de saúde, principalmente por causa do acesso à informação, explica Paes Júnior. Além disso, o Brasil enfrenta uma ‘tripla carga’ de doenças: as infecciosas e transmissíveis, como hepatite e dengue, de causas violentas, como acidentes de trânsito e violência urbana, e as doenças crônicas. 

José Eduardo Fiates, diretor de inovação e competitividade da FIESC, citou o cluster de saúde de Israel como exemplo de sucesso. “O sistema de saúde israelense é bem-sucedido porque envolve talentos, governo e a geopolítica; aqui no Brasil precisamos descobrir quais são os elementos que devem compor esse ecossistema para avançar nesta agenda”, avalia. 

O futuro da indústria 

Carlos Marinelli, do grupo Bradesco Seguros, avalia que “não temos real dimensão de como as atuais tendências nos afetam”. O envelhecimento populacional, as doenças crônicas, questões de saúde mental e o aumento de incidências de neoplasias são alguns dos desafios elencados pelo executivo. “Vamos ter que conviver com o câncer cada vez mais, inclusive como doença crônica. Além disso, também temos a estabilização do setor privado - hoje temos o mesmo número de segurados do que há 10 anos”, observa. 

Outro ponto de atenção, segundo Marinelli, é o envelhecimento da população. “O Brasil envelhece três vezes mais rápido do que os Estados Unidos. Se comparado com o Chile, essa velocidade é 30 vezes maior. Idosos são admitidos com mais frequência em hospitais, com permanência mais longa. Outra condição prevalente dessa população é o [Mal de] Alzheimer. Além disso, estima-se que 725 mil novos casos de câncer serão diagnosticados até 2025. Nosso modelo sistêmico não está preparado para tudo isso e precisamos organizar o acesso à saúde”, frisa o executivo.  

Velocidade, agilidade e flexibilidade são questões críticas para o setor de saúde, segundo o CEO da GE Healthcare, Rafael Palombini. “É necessário investimento maior em inovação. Nós estamos alocando 1 bilhão de dólares  ao ano em pesquisas porque entendemos que o sistema de saúde como está não é mais sustentável”, avalia. Como fornecedora, a GE Healthcare tem atuado com foco no paciente para minimizar os elevados custos de exames, muitas vezes repetidos demasiadamente. “Nossa missão é apoiar diagnósticos mais precisos. Uma das nossas máquinas de ressonância, por exemplo, faz o exame em menor tempo e com doses menores de medicamento”, citou. 

Clusters pelo mundo

Mediado pelo vice-presidente da Certi, Laércio Aniceto, o painel que abordou clusters de saúde pelo mundo trouxe experiências da Espanha e da Colômbia. Eduard Ribas, fundador da Cluster Development, com base na cidade espanhola de Barcelona, explica que a concentração geográfica de empresas de um mesmo setor que atuam de maneira sinérgica elevará a rentabilidade média a longo prazo. “São empresas e instituições que competem em um mesmo negócio e que possuem características e complementaridades comuns. Experiência correta e ambiente adequado são essenciais para viabilizar um cluster. Queremos melhorar a competitividade, implementar a margem dessas empresas, mas para isso, precisamos de estratégia adequada e ambiente favorável aos negócios, além de definir o segmento com clareza”, pontua. 

Uma das experiências da Cluster Development se deu na Colômbia, com a organização do cluster de excelência clínica do Valle del Cauca. O objetivo era a geração de conhecimento rentável e escalável a ponto de permitir às instituições de saúde impulsionar seu posicionamento para seus pacientes atuais e para mercados internacionais mais exigentes. “O projeto estruturou novos modelos de negócio e desenvolveu produtos para as cinco instituições de saúde participantes, por meio da consolidação de unidades de inovação e da valorização de serviços clínicos especializados”, relata Ribas.

O encontro abordará ainda modelos de negócios em saúde, financiadores do Sistema e empresas e tecnologia médica. 


Assessoria de Imprensa
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC

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