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Continuidade da recuperação argentina desafia exportadores do Brasil

Em live promovida pela FIESC, o embaixador do Brasil na Argentina disse que, apesar de o país vizinho ter fechado acordo com o FMI para reestruturar a dívida pública, a inflação é de 50% ao ano e há questões econômicas internas que desafiam a previsibilidade para quem mantém comércio com país, que é o 3° principal destino dos embarques de SC.

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Florianópolis, 22.3.2022 - A economia Argentina cresceu 10% em 2021 na comparação com 2020 e a produção industrial do país registrou aumento de 15,8%, puxada por setores como o automotivo (alta de 50%), têxteis e calçados (45%) e metalurgia, máquinas e equipamentos (30%). Mas a continuidade da recuperação econômica do país é fundamental para que os exportadores de Santa Catarina e do Brasil tenham previsibilidade e consigam manter ou aumentar o comércio, disse o embaixador do Brasil na Argentina, Reinaldo José de Almeida Salgado. Ele participou de live, promovida pela Federação das Indústrias (FIESC), nesta terça-feira, dia 22. 

A Argentina é o terceiro destino dos embarques catarinenses. Em 2021, o estado exportou cerca de US$ 575 milhões para o país vizinho e importou US$ 1,4 bilhão. Estima-se que o Brasil tenha cerca de 150 empresas operando na Argentina, das quais, pelo menos 11 são catarinenses. “O nosso comércio com a Argentina é de altíssima qualidade de parte a parte. Bens manufaturados representam, em geral, mais de 90% das exportações brasileiras para a Argentina e cerca de 80% dos embarques da Argentina para o Brasil”, disse o embaixador. 

Contudo, ele lembrou que, recentemente, o Senado argentino ratificou um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para reestruturar a dívida pública e tentar conter a inflação, que em 2021 foi de 50%. “Essa aprovação do acordo é uma condição necessária para começar a pensar numa normalização da Argentina”, explicou. No entanto, a continuidade da recuperação encontra desafios importantes. E um dos principais é a situação das contas externas. “As reservas internacionais líquidas possivelmente estão em níveis negativos, segundo alguns analistas locais. E isso tem impactos na capacidade argentina de pagar dívidas e de manter as importações para satisfazer as necessidades de consumo”, disse.

“A manifestação do embaixador nos deu um panorama claro da situação da Argentina. A indústria catarinense tem a preocupação com o futuro econômico do país vizinho. A inflação alta gera instabilidade econômica e cria insegurança para o comércio internacional. Mas a retomada do crescimento industrial argentino é importante e auxilia nas nossas trocas comerciais”, declarou o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, que no encontro apresentou um perfil da economia catarinense e o potencial para firmar novos negócios. Ele também destacou que a Argentina é um importante parceiro comercial de Santa Catarina.  

Outro assunto debatido na reunião foi a importância do Porto Seco de Dionísio Cerqueira, na divisa com a Argentina, concedido em 2021 para a iniciativa privada. Os investimentos previstos vão melhorar a expansão da estrutura e dar maior agilidade nos processos de liberação alfandegária de mercadorias. 

A presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC, Maria Teresa Bustamante, que mediou o encontro, lembrou que as restrições no quadro econômico da Argentina impactam o planejamento das empresas que têm comércio com o país. Ela também disse que é importante viabilizar a rota do milho, principalmente com as perspectivas de melhorias na alfândega de Dionísio Cerqueira. 
 

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