Evento organizado pelo SESI nacional terminou nesta quarta (4), na FIESC, em Florianópolis, com especialistas da África do Sul, Europa e América Latina

Florianópolis, 04.06.2025 – Terminou nesta quarta (4), após dois dias de palestras, painéis e debates com especialistas do Brasil e do exterior, o Seminário Internacional SESI de Educação de Jovens e Adultos, realizado na Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis. Abaixo, destaques do segundo dia do encontro.

Confira íntegra em vídeo; veja fotos; relembre o primeiro dia do evento

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1. Educação ao longo da vida

Katie Jones, do Reino Unido, consultora da UNESCO para Aprendizagem ao Longo da Vida, disse que a educação ao longo da vida é essencial para enfrentar os desafios globais e promover justiça social. “Há um interesse crescente entre os países para implementar políticas de educação ao longo da vida”, destacou. O conceito abrange todas as idades, modalidades e objetivos, e se tornou estratégico frente a crises como a mudança climática, o avanço tecnológico e o envelhecimento populacional. Segundo ela, embora políticas de educação continuada avancem em países como Suécia e África do Sul, 754 milhões de adultos ainda carecem de alfabetização básica. A UNESCO apoia caminhos flexíveis de aprendizagem e o reconhecimento de saberes prévios.

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2. Reconhecimento de saberes não formais e informais

A pesquisadora Nothando Ntshayintshayi, da África do Sul, apresentou como seu país consolidou o Reconhecimento de Aprendizagem Prévia (RPL, na sigla em inglês) como instrumento de inclusão educacional e produtiva. O RPL valida saberes adquiridos fora do sistema formal, permitindo certificação e acesso a cursos técnicos e universitários. O modelo é utilizado, por exemplo, para transformar trabalhadores informais em profissionais qualificados com certificado oficial. Entre os desafios estão a complexidade do processo, custos elevados e baixa confiança institucional. A política já beneficiou mais de 53 mil estudantes e trabalhadores, com destaque para áreas técnicas como soldagem, encanamento e ferramentaria.

Sérgio Cárdenas, do México, consultor da UNESCO, apresentou o modelo mexicano de Reconhecimento de Validação e Acreditação (RVA) e Reconhecimento de Validação de Competência (RVC), formas para se obter certificados de alfabetização e educação básica. Os dois reconhecem saberes formais e informais e educação ao longo da vida, mas não atendem completamente a população porque “muitos mexicanos não os conhecem”. Ele disse que o México enfrenta problemas com falta de mão de obra qualificada e evasão escolar, principalmente no ensino médio.

Ernesto Villalba, especialista do Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional, disse que a União Europeia fortaleceu suas diretrizes para reconhecer oficialmente o aprendizado obtido fora do sistema formal de ensino. Segundo Villalba, o reconhecimento de saberes favorece a mobilidade no mercado de trabalho, aumenta a legitimidade das qualificações e amplia a aprendizagem ao longo da vida. Os desafios incluem a padronização de critérios, integração com o setor produtivo e uso ético da inteligência artificial. Ele elogiou o trabalho feito pelo SESI em termos de EJA, chamando-o de “muito valioso” e “muito avançado em relação a outros lugares”, sobretudo “por atender as pessoas mais carentes”.

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3. Formação de professores para a EJA

Kátia Marangon, do Centro SESI de Formação em Educação, destacou a atuação do SESI como a maior rede de educação básica não governamental do Brasil, presente em todos os estados e com mais de 300 mil matrículas, abrangendo da Educação Infantil à Educação de Jovens e Adultos. Segundo Marangon, o Centro SESI de Formação tem como missão desenvolver competências nos profissionais da educação, promovendo qualidade e inovação dentro e fora da rede SESI. A atuação é guiada por valores institucionais como ética, transparência, responsabilidade social, criatividade e aprendizagem contínua. De acordo com os dados apresentados, em 2023 foram formados 2 mil professores; em 2024, a formação alcançou 7 mil docentes. Para 2025, a projeção é formar 8 mil professores.

Adriana Trindade, da Fundação Roberto Marinho, disse que a entidade formou mais de 40 mil professores e 1,6 milhão de estudantes em EJA com a metodologia “Incluir para Transformar”. A estratégia combina ensino significativo com valorização da experiência de vida dos alunos, promovendo inclusão educacional e produtiva. Com forte uso de mídias como TV, rádio e material impresso, o Telecurso alcançou milhões desde 1978. Os projetos mais recentes incluem ações em comunidades quilombolas e formação docente em módulos online com 100 horas de carga horária. A Fundação defende o professor como mediador e a escola como espaço de transformação. A metodologia ganhou adesão de governos estaduais e municipais em todo o país.

Ana Lucia Sanches, do Ministério da Educação, disse que o governo federal está comprometido em estruturar ações para a qualificação da EJA no país e superar o analfabetismo. O país, reforçou, tem mais de 11 milhões de analfabetos e cerca de mil municípios sem oferta alguma de EJA. "É um número que dói. É uma dívida da história do Brasil, e que continua reproduzindo um processo de exclusão."

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4. Educar para competências: o desafio para o professor competente

O professor e especialista em educação Vasco Moretto defendeu que o papel do educador na EJA vai além do ensino de conteúdos: trata-se de mediar saberes, promover o pensamento reflexivo e lidar com situações complexas. Moretto apresentou o modelo pedagógico adotado pelo SESI, centrado na construção interativa do conhecimento e no desenvolvimento de competências do século XXI, como resolução de problemas, pensamento crítico, cidadania e gestão emocional. Segundo ele, o estudante da EJA tem motivações e trajetórias distintas e precisa ser reconhecido como protagonista de sua formação. Moretto destacou seis recursos essenciais ao desenvolvimento de competências: conteúdos conceituais, habilidades, linguagem contextualizada, valores culturais, equilíbrio emocional e uso estratégico das tecnologias da informação. Para Moretto, ser um professor competente exige ética, sensibilidade e compromisso com o pertencimento comunitário. “Educar não é apenas ensinar regras. É formar sujeitos conscientes, capazes de agir no mundo com autonomia e responsabilidade”, concluiu.

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Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Gerência de Comunicação Institucional e Relações Públicas

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