Evento organizado pelo SESI nacional segue até esta quarta (4), na sede da FIESC, em Florianópolis, com especialistas da África do Sul, Europa e América Latina

Florianópolis, 03.06.2025 – O primeiro dia do Seminário Internacional SESI de Educação de Jovens e Adultos, realizado na Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis, terminou na noite desta terça (3) após quatro painéis (resumos abaixo).

“Este seminário marca um passo fundamental na consolidação da EJA como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento da indústria e da sociedade”, disse o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar

“A EJA é uma ferramenta poderosa de equidade social. No SESI, ela vai além da escolarização tradicional: é um espaço de acolhimento, valorização de trajetórias e construção de novos projetos de vida”, destacou Paulo Mól, diretor-superintendente do SESI nacional.

➤ Confira a íntegra do evento no Youtube; veja fotos na galeria

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1. EJA: Currículo da Vida e Transformação Social

➤ O professor espanhol Miguel Arroyo, finalista do Prêmio Jabuti Acadêmico de 2024, disse que a EJA precisa de um currículo escolar próprio, em vez de reproduzir o currículo tradicional. Ele afirmou que os educadores precisam considerar os aspectos sociais para que a EJA funcione. “Que vidas chegam à EJA? Vidas quebradas pela fome, desemprego”, disse. Ele defendeu que os “saberes da vida” dos estudantes sejam valorizados. “O saber da minha mãe (não pôde estudar) eu carrego até hoje. Os saberes dela não encontrei nem na Universidade de Stanford.”

➤ O professor Roberto Catelli afirmou que os estudantes da EJA são vítimas de desigualdades sociais e, por isso, merecem atenção especial. Ele defendeu que a escola deve se adaptar às necessidades dos alunos, e não o contrário. “Os educandos da EJA não precisam avançar de séries, mas ter tempo para aprender o que consideram relevante para o seu avanço nas práticas sociais mediadas pela leitura e escrita, no campo dos conhecimentos científicos e na inserção no mundo do trabalho.”

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2. As potencialidades da EJA na atualidade

➤ O presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, disse que a juventude excluída não acessa empregos de qualidade nem acompanha as transformações do mundo produtivo. Para ele, a EJA é essencial para romper o ciclo de exclusão e garantir inserção produtiva compatível com as novas exigências do trabalho contemporâneo.

➤ A conselheira do Conselho Nacional de Educação, Cleunice Rehem, destacou que 68 milhões de pessoas com mais de 18 anos não concluíram a educação básica, o que representa uma grande demanda potencial para a EJA. Ela afirmou que 99% da oferta de EJA no Ensino Fundamental e 96% no Ensino Médio não estão integradas à educação profissional, o que limita as oportunidades de formação e inserção no mercado de trabalho.

➤ Leonardo Lapa Pedreira, gerente de Educação Básica do SESI nacional, apresentou números da Nova EJA, criada há 10 anos. Implantada em 26 estados, somou mais de 112 mil matrículas só no ano passado. As bases da Nova EJA incluem: reconhecimento de saberes; matriz curricular dinâmica; metodologias ativas; tecnologia integrada; articulação com o mundo do trabalho. Ele afirmou que a EJA é um dos caminhos para enfrentar problemas estruturais do país, como a baixa escolaridade, o crescimento econômico limitado e os desafios na segurança pública.

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3. Educação para o Mundo do Trabalho

➤ O professor inglês Timothy Ireland disse que a EJA é mais do que escolarização e qualificação para o mundo do trabalho. “É ajudar as pessoas a aprender a aprender; não é enfiar conteúdos goela abaixo”. Ele afirmou que a EJA ainda não possui uma identidade consolidada no Brasil, apesar de sua longa trajetória. “A maioria dos obstáculos e desafios decorrem desta indefinição”, disse.

Felipe Morgado, superintendente de Educação Profissional e Superior do SENAI nacional, disse que a escassez de mão de obra qualificada é um problema no Brasil e no mundo. Entre os motivos para este quadro, destacou a mudança tecnológica, a transição verde, as mudanças demográficas e as incertezas econômicas. Ele apresentou dados que mostram que o trabalho formal perde força como promessa de estabilidade e crescimento. Por que estou trazendo estes dados? Porque nós temos que nos adaptar a este público”. 

➤ Fernando Toledo, gerente corporativo de Talentos da Tupy, afirmou que a empresa tem a EJA como uma de suas prioridades. “Nosso compromisso é promover ações estratégicas de desenvolvimento, e a educação é alavanca para o crescimento sustentável”, destacou.

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4. EJA nas comunidades ribeirinhas e no sistema prisional

➤ Márcia Arguelles, do SESI/PA, apresentou a experiência com a EJA na comunidade ribeirinha de São Sebastião da Boa Vista, no arquipélago do Marajó, a 130 km de Belém (PA). Segundo Márcia, houve aumento das taxas de conclusão do ensino fundamental e médio, redução da evasão escolar por meio de estratégias de acolhimento, monitoramento e escuta ativa, além de maior participação cidadã, valorização da identidade cultural e continuidade dos estudos. "É uma experiência que vale a pena. Quem trabalha com EJA é isso mesmo: justiça social e valorização da pessoa", destacou.

➤ Paulo Botafogo, do SESI/CE, apresentou a atuação da EJA no sistema prisional do Ceará. O programa atende sete unidades prisionais masculinas e femininas em três regiões do estado: Fortaleza, Sobral e Juazeiro do Norte. Para ele, a educação é uma ferramenta de cidadania, que contribui para quebrar estereótipos, promover a ressocialização e preparar os internos para o mundo do trabalho. Entre 2015 e 2025, foram mais de 21 mil matrículas em EJA no estado, sendo 8.612 no sistema prisional. "A educação, dentro do sistema prisional, é uma contribuição ao indivíduo, é um direito".

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Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Gerência de Comunicação Institucional e Relações Públicas
 

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