Florianópolis, 03.07.24 - A desvalorização do real frente ao dólar foi de 13,4% no ano até o fim de junho, a quinta maior do mundo segundo a Austin Ratings. Com a cotação da moeda americana subindo ainda mais desde o fim do mês passado, o economista-chefe da Federação das Indústrias de SC (FIESC), Pablo Bittencourt, alerta que o primeiro impacto da alta do câmbio se dá sobre produtos e insumos importados que não possuem substitutos de fabricação nacional.
Para a indústria catarinense, o reflexo primário se dá na compra de matéria prima para setores relevantes para a indústria de transformação no estado, além de insumos agrícolas, como adubos e fertilizantes. “Os segmentos mais intensivos em tecnologia, como os setores de máquinas e equipamentos, aparelhos elétricos, peças para veículos e eletrônicos são bastante afetados, mas não são os únicos”, explica Bittencourt.
Outro segmento fortemente impactado é o de medicamentos. ”Os remédios e fármacos são parte relevante da pauta de importações brasileiras e a alta do dólar tem um efeito imediato sobre os preços, que afetam sobretudo a população mais idosa”, destaca o economista.
Como o Brasil importa boa parte do petróleo que consome, uma desvalorização por maior tempo tende a impactar no preço do petróleo praticado no Brasil, com efeitos não apenas a combustíveis, mas também a produtos derivados, como plásticos - que afetam o setor de embalagens, por exemplo. Repassados ao consumidor, estes preços acabam elevando o valor dos fretes. “O aumento dos combustíveis acaba gerando um efeito em cascata. Combinado com o aumento dos preços dos produtos e componentes importados, pode levar a uma pressão inflacionária”, afirma Bittencourt.
O economista-chefe da FIESC explica que a continuidade da desvalorização do real frente ao dólar tem impactos indiretos. “Uma taxa de câmbio a R$5,7 por U$1 é inflacionária, o que acaba justificando até um aumento da taxa de juros pelo COPOM ainda neste ano, com impactos para toda a economia do Brasil. Nesse sentido, apenas ações claras de ajuste fiscal nas despesas poderiam reverter consistentemente essa tendência negativa”, salienta.
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