Aurora tem 40 mil funcionários e gera R$ 2,5 bi em salários e encargos - Foto: Divulgação
Há cerca de 80 anos, no início dos anos 1940, um migrante gaúcho, filho de italianos, ganhava a vida em Cruzeiro (atual Joaçaba) comercializando porcos vivos, embarcando-os de trem para São Paulo. Attílio Fontana não demorou a perceber que seria mais negócio processar a carne localmente, transformando-a em presunto, salsicha ou salame, e vender os produtos com maior valor agregado. Havia boa oferta de suínos e conhecimento de técnicas por parte dos colonos descendentes de italianos e alemães. A oportunidade surgiu em Concórdia, onde Fontana comprou um pequeno frigorífico que daria origem à Sadia.
Em Vila das Perdizes, atual Videira, outro filho de italianos já percorria caminho semelhante. A Perdigão, fundada por Saul Brandalise, notabilizou-se por ser a pioneira em embarcar seus produtos de avião para fazê-los chegar aos grandes centros, onde o consumo crescia nas cidades e as geladeiras proliferavam nos lares de classe média.
Fontana e Brandalise eram as pessoas certas, no lugar certo, na hora certa. Pode-se dizer, sem exagero, que as empresas que criaram deram origem não apenas àquele que é hoje o segmento econômico mais importante de Santa Catarina, mas também a uma organização social e a todo um arcabouço de conhecimento e cultura que caracterizam especialmente uma grande região, o Oeste, reconhecido como um dos polos de produção de alimentos mais importantes do mundo.
“Todas as empresas dos segmentos de aves e suínos que se tornaram globais, ou começaram em Santa Catarina ou se constituíram como empresas relevantes no Estado”, diz José Antonio Ribas Junior, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne). Ribas não se refere apenas às três grandes e globalizadas indústrias dominantes do setor, a BRF (originada pela fusão da Perdigão e Sadia), a Aurora e a Seara, empresa do Grupo JBS que ele representa em Santa Catarina. Entram na conta os principais fornecedores globais de produtos e serviços para a longa cadeia produtiva.
“Muitos deles só se tornaram relevantes globalmente depois que fincaram o pé aqui, até porque é daqui que saem algumas das principais diretrizes para o mercado global”, afirma o executivo. Entram aí, por exemplo, fornecedores de melhoramento genético dos animais, de produtos veterinários, de equipamentos e de sistemas para galpões e aviários, que nas últimas décadas definiram as características dos animais e dos sistemas produtivos. O trabalho envolve também a Embrapa, que tem sua unidade especializada em suínos e aves instalada em Concórdia e é considerada um dos pilares do setor. O cluster conta ainda com os serviços do Instituto SENAI de Tecnologia em Alimentos e Bebidas, instalado em Chapecó.
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R$ 5 bilhões
Investimentos da agroindústria em SC, em 2021 e 2022
Fonte: Sindicarne
Uma das maiores conquistas tecnológicas é a conversão alimentar – a quantidade de ração necessária para produzir um quilo de frango. A abordagem é multidisciplinar, envolvendo aspectos como genética, nutrição e técnicas de alojamento dos animais. Os ganhos têm sido constantes há décadas. Nos últimos dez anos a taxa de conversão caiu de 1,8 quilo para 1,65 quilo, o que se traduz em gigantesca economia de insumos, transportes e impactos ambientais, considerando-se os volumes envolvidos.
A presença do SENAI em toda a região Oeste tem sido essencial também para a formação profissional no setor, que deve ser compatível com as exigências dos principais mercados internacionais – Santa Catarina é o maior exportador de frangos e suínos do Brasil, com 24% e 57% das vendas externas, respectivamente. As atividades profissionais altamente especializadas são realizadas por mais de 60 mil trabalhadores diretos (pelo menos 80% deles no Oeste) e quase meio milhão de indiretos em Santa Catarina, de acordo com o Sindicarne.
A base produtiva no campo é formada por 66 mil estabelecimentos rurais integrados, que prestam serviços de criação de animais para a indústria. A formação para os produtores é fornecida por meio de programas como o Encadeamento Produtivo, que faz os produtores avançarem em mais de 100 itens para atingir padrões de qualidade e produtividade.
Epicentro do sistema produtivo | |
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Oeste concentra produção de aves e suínos (total da região e % em relação a SC) |
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Trabalhadores em frigoríficos | Efetivo |
Aves: 29,5 mil (66%) | Aves (cabeças): 95,4 milhões (72%) |
Suínos: 27,6 mil (92%) | Suínos: 6,5 milhões (77%) |
Fonte: Observatório FIESC. Dados de 2021
Topografia | É no Oeste que fica a grande concentração de aves e de suínos do Estado, com 73% das aves comerciais e 75% dos suínos. A cadeia produtiva é das mais longas da indústria catarinense. Para transportar, alimentar, remediar e cuidar de plantéis contabilizados na casa dos 6 milhões de suínos e 100 milhões de aves, complexas e grandiosas operações logísticas são realizadas diariamente.
Numa ponta, mais de 300 carretas graneleiras carregadas adentram os limites do Estado todos os dias, pois milho e soja são a matéria-prima das rações dos animais e Santa Catarina nem de longe é autossuficiente nestes grãos. Já a chamada micrologística envolve os chamados caminhões pinteiros e de ovos, de rações e de leitões, num intenso vaivém diário entre granjas, fábricas de rações e propriedades rurais, tudo feito com alta tecnologia embarcada, com rastreabilidade e sensores para manutenção da temperatura adequada.
O transporte dos animais formados para os frigoríficos implica na mobilização de nada menos que 4 milhões de frangos todos os dias no Estado. No caso dos suínos, são retiradas das propriedades e abatidas mais de 34 mil cabeças. A maior parte disso se dá em meio à topografia irregular da região Oeste. O processamento nas fábricas – Santa Catarina se caracteriza por ter o maior índice de industrialização das carnes no País – e o despacho de centenas de contêineres todos os dias para os centros consumidores e os portos completam o ciclo.
Santa Catarina processa 34 mil suínos por dia, a maior parte no Oeste - Foto: Divulgação
Toda a movimentação de insumos, animais e pessoas tem que ser feita com extremos cuidados sanitários, pois sanidade é um dos principais ativos da agroindústria catarinense. Por muitos anos Santa Catarina foi o único estado brasileiro atestado como livre de febre aftosa sem vacinação. O Estado conquistou diversos certificados que ajudaram na abertura de mercados exigentes, como países europeus e o Japão. Até o fechamento desta edição, providências extraordinárias eram tomadas para tentar evitar a entrada da influenza aviária no Estado, pois a doença já havia sido identificada em países vizinhos.
Cerca de 60% do frango produzido em Santa Catarina é exportado, sendo metade deste volume com alto valor agregado pela industrialização. O produto rendeu divisas de US$ 1,9 bilhão no ano passado, sendo o mais exportado do Estado. A carne suína ficou em segundo lugar, com US$ 1,3 bilhão – quase o dobro do terceiro item da lista, motores elétricos. Numa conta grosseira, pode-se dobrar esses valores (o que corresponde ao mercado interno) para se ter uma ideia dos valores gerados pela atividade.
Em boa medida tudo isso é compartilhado pela imensa quantidade de pessoas envolvidas. Tome-se o exemplo da Aurora Coop, criada no final dos anos 1960 em Chapecó por cooperativas que objetivavam industrializar, e assim agregar valor à produção de animais de seus associados. Hoje em dia é o terceiro maior conglomerado do setor de carnes do Brasil, com mais de 40 mil trabalhadores diretos, um parque fabril composto por nove frigoríficos de aves, oito de suínos e uma fábrica de lácteos, além de unidades comerciais, de rações, incubatórios e distribuidores regionais. No campo, são 72 mil famílias associadas às 11 cooperativas que formam a Aurora.
“Nossos indicadores positivos devem-se à unidade de propósito entre os milhares de produtores associados ao alinhamento estratégico do grupo”, conta o presidente Neivor Canton. A empresa encerrou 2022 com uma receita operacional bruta de R$ 22 bilhões, avanço de 13% em relação ao ano anterior. Hoje, 80 países recebem produtos da cooperativa catarinense, que respondeu por 25,5% das exportações brasileiras de carne suína e por 7,2% das exportações de carne de frango.
Canton: Aurora incentiva fortalecimento de propriedades rurais familiares - Foto: Divulgação
Presente em aproximadamente 700 municípios do País, a empresa gerou nas respectivas regiões produtoras, somente no ano passado, R$ 2,1 bilhões em ICMS, R$ 11,7 bilhões em valor adicionado na atividade agropecuária e R$ 5,2 bilhões em valor adicionado na atividade industrial, além de R$ 2,5 bilhões em salários e encargos. Deste total, 60% couberam ao Oeste catarinense.
Os resultados se somam a programas que incentivam a permanência do jovem no campo, a sucessão familiar e a tecnificação das propriedades, como forma de garantir a perpetuidade das atividades. “Uma propriedade rural é um empreendimento que não pode fechar suas portas quando aqueles que estão trabalhando nela tiverem dificuldades ou faixa etária avançada”, diz Canton, que destaca o esforço da empresa em ajudar a viabilizar a sucessão nos empreendimentos. “Programas de qualidade implantados no campo são fundamentais porque resultarão em mais ganhos econômicos e, ao mesmo tempo, incentivarão a permanência na área rural, pois não se faz sucessão se não houver perspectiva de renda”, afirma.
Essa visão atesta que o sucesso da agroindústria catarinense está muito mais associado ao conjunto de atividades, ao entorno e às externalidades do que propriamente aos processos fabris, considerados mais fáceis de gerenciar. “Já se foi o tempo em que as missões internacionais (de países importadores) vinham visitar os frigoríficos”, diz Ribas Junior, do Sindicarne. “Hoje em dia estão mais interessados em avaliar aspectos como o bem-estar dos animais, a qualidade de vida do produtor, a origem dos grãos, a qualidade da ração e o meio ambiente.”
Ribas Junior: Santa Catarina pode entregar frangos com ESG para o mundo - Foto: Divulgação
Leite | O avanço do sistema produtivo em direção a mais qualidade, agregação de valor e sustentabilidade são os “drivers” da indústria de alimentos em Santa Catarina, diante do fato de que a expansão do setor de aves e suínos é vista como uma impossibilidade. O espaço físico é pequeno e o adensamento de animais já é alto – quanto mais alto ele for, maior o risco sanitário. Além disso, há escassez de matérias-primas. Por isso, o crescimento físico da produção se dará no Paraná, no Rio Grande do Sul e nos estados do Centro-Oeste.
Nesse contexto, cabe a Santa Catarina investir na modernização do parque fabril, qualificação do mix de produtos orientado aos mercados mais exigentes e em práticas ambientais e sociais. Santa Catarina já é, por exemplo, o maior produtor de frangos orgânicos do Brasil. “Nesses aspectos temos espaço para avançar. O Estado pode entregar frangos com ESG diferenciado para todo o mundo”, afirma Ribas.
A manutenção das famílias no campo graças à rentabilidade das propriedades proporcionada pela criação de suínos e aves para a agroindústria, e também pela força do cooperativismo na região, ajudaram a sustentar o impressionante crescimento de outro segmento da indústria de alimentos, o setor de lácteos. Nos anos 2000 a produção de leite saltou de volumes inferiores a 1 bilhão de litros por ano para cerca de 3 bilhões de litros, com forte concentração da região Oeste.
Desde então houve maior especialização das propriedades, introdução de novas raças de gado leiteiro, mais tecnologia de produção e ampliação do parque fabril para industrializar os volumes crescentes. Laticínios tradicionais cresceram e novas propostas surgiram, como a produção de lácteos com valor agregado pela Lac Lélo, de São João do Oeste (veja o box link materia).
Astor Kist, vice-presidente regional da FIESC para o Extremo Oeste: “No Extremo Oeste há vários frigoríficos de excelência de aves e suínos, com quase toda a produção voltada às exportações. A região também produz os melhores queijos de Santa Catarina” - Foto: Arquivo FIESC
Em Guaraciaba, também no Extremo Oeste, o empresário Acari Menestrina estruturou, desde o início dos anos 2000, um sofisticado sistema de produção capaz de entregar queijos de qualidade superior, dentre eles o grana padano, gorgonzola, pecorino e provolone.
Na Nova Zelândia, referência mundial na produção de leite, Menestrina firmou parcerias para trazer tecnologia e conhecimento para fazer o leite a pasto. Introduziu gramíneas e raças bovinas daquele país e capacitou centenas de produtores para entregar o leite com a qualidade desejada – com alto nível de sólidos e baixo de bactérias. A parte fabril foi completamente estruturada com máquinas que o empresário trouxe da Europa, capazes de produzir os queijos exatamente de acordo com as receitas que ele também foi buscar no Velho Continente.
O resultado é uma produção mensal de 500 toneladas e perspectivas sólidas de crescimento. “O consumo de queijos diferenciados no Brasil ainda é muito baixo”, conta Menestrina. Por mais que o caminho esteja pavimentado, há imensos desafios a superar, tanto para a Gran Mestri quanto para toda a indústria da região. A infraestrutura deficiente é considerada o maior entrave para um desenvolvimento mais acelerado do Oeste, conforme detalhado na matéria subsequente.
Produção de grana padano pela Gran Mestri, em Guaraciaba - Foto: Divulgação
O biscoito fino de São Lourenço
Ao comprar a Parati, Kellogg adquiriu conhecimento fabril e de mercado.
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Kellog manteve expertise local e aplicou US$ 100 milhõesd na cidade - Foto: Divulgação
A maior aquisição da multinacional de alimentos Kellogg na América Latina ocorreu em um pequeno município de 24 mil habitantes da região Oeste. Em 2016, a companhia norte-americana, dona de marcas icônicas como Pringles, Corn Flakes e Sucrilhos, arrematou a fábrica de biscoitos e massas Parati em um negócio de US$ 429 milhões (no câmbio atual, quase R$ 2,2 bilhões). Desde então, São Lourenço do Oeste já recebeu mais de US$ 100 milhões em investimentos no que se tornou também o maior complexo industrial da Kellogg na América Latina.
O processo de transição foi encerrado em 2020, quando a marca Parati passou a fazer parte do portfólio da Kellogg. “Podemos apontar muito do crescimento recente da Kellogg, superior a dois dígitos, a aquisição e toda a estratégia que temos traçado desde então, principalmente pela nossa preocupação em manter a expertise e trocar conhecimento constantemente”, afirma Cristina Monteiro, diretora de Marketing de Categoria da Kellogg no Brasil. “Podemos admitir que abrimos novos horizontes com todo o conhecimento da Parati sobre o Sul do País, um dos maiores ativos que avaliamos na aquisição”, completa.
Hoje, 3.500 pessoas trabalham na empresa. Os produtos da Parati chegam atualmente a mais de 50 mil pontos de venda em todo o País, que é considerado altamente estratégico para a multinacional. “Temos planos para seguir investindo, não apenas em aumento de capacidade produtiva já previsto para 2023, como também nas nossas marcas”, informa a diretora de Marketing.
Além do impacto econômico – é responsável por mais da metade da arrecadação do município –, a Kellogg também se tornou uma das patrocinadoras da equipe masculina de futsal de São Lourenço do Oeste, que se prepara para uma participação inédita na Liga Nacional, a elite do esporte no País.
A era do bem-estar
Sistema produtivo passa por mudanças significativas para elevar a qualidade de vida dos animaisv.
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Fotos: Divulgação
Para se alinhar às tendências internacionais de bem-estar dos animais em sistemas produtivos, a Seara investe no enriquecimento ambiental de granjas de aves e suínos, num projeto que tem o Oeste catarinense como protagonista. A empresa começou a fazer testes em 2016 e percebeu que, ao usar estratégias de enriquecimento, incentivando os animais a expressarem seus comportamentos naturais, o estresse e a monotonia do ambiente diminuíram, resultando em ganhos de saúde.
O método envolve recursos simples, como a instalação de poleiros nos aviários, para melhorar a ambiência. Mesmo após passar por uma significativa evolução genética, as aves de corte ainda têm por hábito o comportamento de empoleirar. Outro recurso é escolher a maravalha ideal, para estimular o hábito exploratório dos frangos de ciscar.
No caso dos suínos, a experiência de oferecer um brinquedo feito com correntes para que pudessem morder se mostrou um estímulo para a liberdade comportamental. Assim como ligar música para tranquilizar os animais. Há ainda um estudo sobre o uso das cores no sistema de criação, que trouxe mudanças nas cortinas dos aviários e nas paredes dos galpões dos suínos. Tudo para aumentar a sensação de conforto.
Para avaliar os resultados, além de contar com a percepção do produtor, a Seara usou câmeras de vídeo nos galpões, que permitiram gerar um score de bem-estar. “Temos muitos produtos de altíssimo valor agregado produzidos em Santa Catarina, o que faz com que a gente busque cada vez mais ciência para melhorar este conceito”, diz o diretor executivo de Agropecuária e Sustentabilidade da Seara, José Antonio Ribas Junior. “O animal ganha, o criador ganha por obter melhores resultados, o cliente ganha por ver atendida uma exigência e a empresa ganha porque a soma de tudo isso faz com que a cadeia se fortaleça.”
Já a Aurora Coop foi uma das primeiras empresas brasileiras a adotar uma política de bem-estar animal, aderindo em 2009 ao Programa Nacional de Abate Humanitário, e desde então vem adotando melhorias contínuas. Uma das frentes é a adoção de um sistema de gestação coletiva para matrizes suínas, que representa maior conforto e bem-estar dos plantéis de fêmeas em fase de gestação e parto. Em 2022, 85% das propriedades já utilizavam o sistema.
No ano passado a Aurora completou a transição – na industrialização de seus produtos – para o consumo de 100% de ovos de galinhas em sistema Cage-Free. “As galinhas livres de gaiolas já são uma realidade na produção de ovos e o manejo de suínos em sistemas coletivos de gestação são o futuro do sistema de produção, promovendo níveis elevados de produtividade e bem-estar aos animais”, afirma Marcos Antonio Zordan, vice-presidente da Aurora Coop.
Um novo modelo de negócios
Lac Lélo superou os limites do mercado regional com proposta descontraída.
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Empresa tem uma das maiores plantas de fatiamento de queijo do país - Foto: Divulgação
Fundada em 1999, a Lac Lélo é o principal empregador de São João do Oeste, no Extremo Oeste. É também um dos principais nomes do mercado lácteo do Sul do Brasil. Presente em seis estados brasileiros, a Lac Lélo é uma das poucas do ramo que consegue exportar seus produtos, inclusive para os Estados Unidos. A empresa começou a virar a chave em 2014, quando passou por uma reformulação de marca e uma mudança de visão de mercado, com um plano de expansão para a Região Sudeste.
“A empresa vinha se posicionando de forma parecida com outras empresas tradicionais, com uma visão regional de mercado. Passamos a valorizar os diferenciais, uma marca jovem, descontraída, que entende e facilita o dia a dia do consumidor”, afirma o gerente de Marketing e Produtos Rodrigo Broetto, que liderou o processo de remodelação da marca. O rebranding alavancou vendas e fortaleceu o nome Lac Lélo.
Quatro anos depois, investidores do Grupo Aqua Capital apostaram na indústria do Oeste, que se tornou um pilar da plataforma Ultracheese, que conta ainda com a mineira Cruzília, a paulista Búfalo Dourado e a goiana Itacolomy. Cada uma com sua especialidade, as quatro empresas se beneficiam mutuamente na melhoria conjunta de processos, na logística e nos investimentos em equipamentos e tecnologia.
Com uma das maiores plantas de fatiamento de queijo do País e com cerca de 60% da mão de obra da Ultracheese, a Lac Lélo é a condutora de volume da plataforma, processando diariamente 300 mil litros de leite e produzindo mais de 90 itens. Quinhentos produtores trabalham diretamente para a indústria, com apoio de especialistas e técnicos como veterinários e zootecnistas, além de consultorias financeiras. “Não queremos apenas captar o leite, mas ajudar a desenvolver a cadeia produtiva regional, apoiando o produtor e contribuindo para melhorar a eficiência e a qualidade”, diz Broetto.