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Robôs antropomórficos e padronizados, com formas que se assemelham ao corpo humano, como tronco e cotovelo, estão presentes em fábricas mundo afora, mas sua mobilidade é bastante limitada. Desde que assistiu a um filme do Homem Aranha e observou os braços flexíveis às costas do vilão Dr. Octopus, que esticavam, encurtavam e faziam múltiplas atividades, o gerente de Inovação da General Motors (GM) América do Sul, Carlos Sakuramoto, avaliou que se conseguisse levar uma tecnologia parecida para a empresa, novas aplicações poderiam ser desenvolvidas.
A ambição do executivo culminou no desenvolvimento do robô snake, uma máquina articulada e flexível, capaz de chegar a locais de acesso complicado e fazer serviços que implicam em riscos ergonômicos para humanos. O produto é fruto de parceria entre a GM e os Institutos SENAI de Inovação de Santa Catarina. A proximidade entre os Institutos de Joinville, que funcionam como um hub de manufatura avançada, e a companhia, que se articulou com os Institutos como se fossem a extensão de seu departamento de P&D, foi fundamental para o êxito do projeto apoiado pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
“O robô snake não é exatamente um conceito novo, mas não há um produto deste tipo disponível no mercado”, afirma o engenheiro Luís Gonzaga Trabasso, pesquisador chefe do Instituto SENAI de Joinville e professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP). “É necessário criar robôs talhados para aplicações específicas”, diz, referindo-se a tarefas cumpridas em áreas de acesso complicado ou espaço restrito, como levar ferramentas, inspecionar soldas e aplicar selantes, ou fazer qualquer outro tipo de ação orientada por vídeo, por meio de uma câmera instalada em sua ponta.
Equipamento é capaz de realizar diversas tarefas em uma fábrica, como levar ferramentas, inspecionar soldas e aplicar selantes - Foto: Divulgação
Para que pudesse cumprir essas tarefas havia muitos desafios a serem superados, como a complexidade do sistema de controle e o grande número de variáveis envolvidas em um robô com grau de liberdade de movimentos muito maior do que os convencionais. Formado por elos e juntas, capaz de simular o movimento de serpentes na transposição de obstáculos, o snake desenvolvido em Joinville pode ter uma quantidade maior ou menor de eixos, a depender da tarefa a cumprir. Essa modularidade é que foi alvo do registro de patente nos Estados Unidos.
A GM terá acesso prioritário a versões atualizadas do equipamento, que deverá equipar todas as unidades da companhia ao redor do mundo, mas a ideia é que o produto seja vendido também para outras empresas. Dessa forma, além dos ganhos de produtividade em seus processos, a companhia vai faturar com a comercialização da tecnologia desenvolvida.
A tecnologia está em fase final de desenvolvimento, com o protótipo já se demonstrando efetivo em nível operacional em tarefas como inspecionar soldas ou outras ações orientadas por vídeo, por meio de uma câmera instalada na ponta. O primeiro modelo funcional será instalado na fábrica da GM em São José dos Campos, onde substituirá quatro robôs convencionais, resultando em grande economia de espaço na linha de produção.
A parceria entre a GM e os ISI prossegue com projetos envolvendo conceitos de IA e visão computacional. “A ideia é implementar um ciclo fechado de indústria 4.0. O robô snake, por exemplo, poderá levar visão computacional para onde a gente quiser”, informa Carlos Sakuramoto.
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