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Blumenau, 22.8.2016 – O fortelecimento e a elevação da competitividade da indústria do Vale do Itajaí no médio e longo prazos passam por sete fatores estruturantes: capital humano, infraestrutura, inovação e empreendedorismo, internacionalização, investimento e política pública, mercado e saúde e segurança. Eles foram definidos pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) em conjunto com lideranças da região durante encontro na noite desta segunda-feira (22), em Blumenau, e vão compor a Agenda de Desenvolvimento da Indústria Regional. A iniciativa tem o objetivo de construir uma agenda única com os principais pleitos e demandas do setor, priorizados em cada uma das seis mesorregiões catarinenses.
O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, lembra que Santa Catarina tem o parque industrial mais diversificado do País e, mesmo em períodos difíceis, tem se mantido forte e atuante. Em 2016 o Estado é o segundo em geração de empregos industriais no Brasil e apresenta a menor taxa de desemprego. “Os resultados obtidos derivam da força da indústria em todas as regiões do Estado”, afirma Côrte. “O comportamento observado em Santa Catarina em períodos desafiadores, como o atual, comprova que podemos ir mais longe e evoluir ainda mais. É necessário agir, sob óticas distintas, pois as potencialidades e necessidades regionais são específicas, mas com uma mesma visão de futuro”, acrescenta. “O desenvolvimento de Santa Catarina como um todo passa pelo fortalecimento das regiões”, completa.
O vice-presidente da FIESC para o Vale do Itajaí, Ronaldo Baumgarten Júnior, afirmou que Blumenau e região vêm buscando cada vez mais a inovação e o desenvolvimento das empresas. “Vamos evoluir muito a partir desse encontro e da Agenda”, disse. Ele destacou a importância dos investimentos em educação e, principalmente, em infraestrutura.
Com a agenda regional, a FIESC inicia a fase do Masterplan, previsto no Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense (PDIC 2022). Por meio do PDIC, 1,7 mil lideranças industriais, especialistas, governo e terceiro setor identificaram os 16 setores industriais com maior potencial de longo prazo e elaboraram rotas estratégicas para o desenvolvimento setorial.
O diretor de desenvolvimento institucional e industrial da FIESC, Carlos Henrique Ramos Fonseca, fez um balanço dos principais números da economia catarinense e destacou o engajamento da região na ampliação da competitividade. “Acreditamos que Santa Catarina tem condições de transformar e desenvolver a indústria. O Vale do Itajaí representa 28% do Produto Interno Bruto do Estado”, afirmou. De 2006 a 2014, o emprego na região cresceu, em média, 4,2% ao ano. No mesmo período, o número de estabelecimentos aumentou, em média, 6,4% ao ano, acima da média estadual (6%) e da brasileira (5,6%).
Durante painel em que foram debatidos os desafios tecnológicos e da saúde, o diretor técnico do SESI/SC, Marco Goetten, disse que a entidade lançou em maio a Aliança Saúde e Competitividade, movimento que tem o objetivo de congregar a sociedade em prol da saúde e segurança nos ambientes de trabalho. “Estudos mundiais relevam que a responsabilidade pela saúde e pela segurança das pessoas vai migrar do poder público para a esfera das organizações e dos indivíduos. A Aliança tem o objetivo de promover ações efetivas. Dentro dos sete fatores estruturantes temos a saúde como a base, um pilar estrutural que alavanca os demais fatores estratégicos. Ela está na posição inicial para que a gente possa vencer os demais desafios da indústria”, declarou.
No mesmo painel, o diretor regional do SENAI/SC, Jefferson de Oliveira Gomes, explicou que quando se fala em desafios tecnológicos há possibilidade de desenvolvimento de novos materiais, de micro ou nanotecnologia. “Mas estamos numa fase em que temos várias tecnologias de baixo custo, como sensores, digitalização e máquinas híbridas. O que percebemos é que esse conjunto de tecnologias de baixo custo faz com que possamos ter outros tipos de estruturas”, afirmou. Para ele, “a mesma lógica de construção de máquinas e processos utilizados em um setor pode ser aplicada em outro setor. O SENAI tem uma função muito clara nesse processo. Podemos auxiliar empresas novas ou já existente a desenvolverem novos produtos”. O diretor ressaltou que “não adianta deter tecnologia se as pessoas não tiverem uma formação adequada, seja ela dos jovens ou dos profissionais que estão no mercado, mas precisam de atualização para o novo mundo digital”.
Veja algumas das ações previstas na Agenda:
Capital humano: Ampliar a oferta de cursos técnicos e de qualificação com grade adequada às demandas específicas da região; readequar a grade curricular nos diversos níveis de ensino para melhor atender as demandas da indústria; estimular o treinamento, a capacitação e a formação continuada dentro da empresa, bem como garantir a valorização do funcionário qualificado; incentivar a qualificação profissional e a capacitação de gestores em cursos de marketing em áreas afins; atrair e reter mestres e doutores na indústria, assim como estruturar redes de cooperação para inovação entre academia, indústria e sociedade e criar estratégias para atração e retenção de talentos, além de criar mecanismos para facilitar a inserção do jovem no mercado de trabalho.
Infraestrutura: Elaborar programa de investimentos para a manutenção das rodovias estaduais na região do Vale do Itajaí; elaborar plano aeroviário do Estado contemplando a região, fomentar linhas de crédito e de financiamento público específicas para a melhoria e expansão da infraestrutura e logística; realizar levantamento detalhado para identificar os gargalos logísticos e de infraestrutura e traçar estratégias para tratar os pontos críticos identificados; duplicar a BR-470 no trecho de Navegantes, acesso a Gaspar, assim como os entroncamentos para as SCs 416 e 418; realizar obra do viaduto de acesso ao município de Lontras na BR-470; concluir a primeira e iniciar a segunda etapa de construção da Via Expressa Portuária de acesso ao Porto de Itajaí; realizar obra do anel rodoviário na área urbana de Gaspar; elaborar projeto de melhorias da SC-412 (Antiga SC 470); fortalecer o programa Crema, para que sejam realizadas obras de conservação, recuperação e manutenção da BR-470 no trecho Indaial – entroncamento BR-116/SC.
Inovação e empreendedorismo: Simplificar o processo de registro de patentes e incentivar o desenvolvimento tecnológico local; promover a integração entre indústria, governo e academia para o desenvolvimento de estratégias inovativas, ações empreendedoras e expansão do mercado; alinhar PD&I com as vocações da produção regional e incentivar a cultura da inovação; ampliar e fortalecer os institutos de pesquisa tecnológica por meio de investimentos públicos e privados; articular junto às agências de fomento o direcionamento de editais e fundos compartilhados para financiamento de PD&I voltados à indústria.
Internacionalização: Minimizar os obstáculos externos às exportações, como custo de transporte e burocracia tributária, alfandegária e aduaneira; promover ações de marketing internacional e de capacitação voltadas ao incremento de indústrias a mercados promissores; oferecer serviços de consultoria para orientar as indústrias exportadoras na adequação de seus produtos para exportação; pleitear a incorporação de acordos preferenciais de comércio como elemento central da política comercial brasileira e considerar o Plano Nacional de Exportações (PNCE) como um canal de diálogo com o governo federal, com ênfase na facilitação de comércio.
Investimento e política pública: fomentar a captação de recursos para o desenvolvimento e a modernização da cadeia produtiva do Estado; simplificar, com transparência, e adequar as legislações tributária e trabalhista; buscar melhores práticas de governança por parte do poder público, com um sistema de indicadores que permita a avaliação externa do desempenho das políticas públicas; promover simplificação e adequação da legislação ambiental, buscando o aprimoramento do processo de licenciamento ambiental e uniformizando a interpretação da legislação; promover a desburocratização, o alinhamento com o sistema regulatório e de fiscalização e um maior envolvimento da indústria na discussão de novos marcos regulatórios ou nas revisões dos atuais; ampliar as linhas de financiamento e os incentivos de maneira desburocratizada, principalmente, para PD&I em pequenas e médias empresas, além de reduzir a carga tributária.
Mercado: mapear competências, necessidades, fornecedores potenciais e oportunidades de integração existentes na indústria catarinense e aplicáveis aos diversos setores produtivos; desenvolver plataforma de comunicação entre indústria, academia e instituições públicas, promovendo maior integração e desenvolvimento da cadeia produtiva; criar um sistema de mapeamento das tendências do mercado consumidor para acompanhar as mudanças no perfil de consumo e as novas oportunidades de mercado; elaborar plano de marketing adaptado às caraterísticas dos produtos produzidos no Vale do Itajaí, com foco em difundir a marca de Santa Catarina; promover integração e eficiente entre os diversos agentes econômicos, facilitando o desenvolvimento de clusters e ecossistemas, além de beneficiar produtos com maior valor agregado, desenvolvendo também a marca SC.
Saúde e segurança: Consolidar informações sobre saúde e segurança dos trabalhadores da região para apoiar decisões estratégicas; capacitar lideranças no tema saúde e segurança para a competitividade; realizar pesquisas e propostas inovadoras para as empresas da região em saúde e segurança do trabalho; promover seminários, congressos ou encontros internacionais e nacionais para o alinhamento estratégico de ações, a partir das tendências mundiais em saúde e segurança e aproximar os interesses da indústria, dos sindicatos e dos órgãos fiscalizadores em saúde e segurança.
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