Florianópolis, 18.11.2015 – O uso do couro de pescados no segmento têxtil ainda é pouco explorado no Brasil, mas algumas indústrias já estão preocupadas com a utilização desse produto. O que antes era descartado, agora é precioso nas mãos de especialistas do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil, Vestuário e Moda. Eles desenvolveram uma série de itens com o couro da tilápia, a convite da Vitalmar, indústria pesqueira de Itajaí. Oito looks foram compostos com cintos, sapato, bolsa e peças de roupas feitas com este couro.
O couro da tilápia passa por processos semelhantes ao do couro bovino (vacum). No Brasil, cerca de 210 mil toneladas de tilápia são consumidas ao ano. A especialista do IST de Blumenau, Mara Lucia Krause, costurou todas as peças do projeto. “É possível aproveitar até 62% do couro. Projetos anteriores chegavam a 30%. Esta foi a minha primeira experiência com couro”, revela.
O gerente do IST de Blumenau, Fábio Dutra, explica que vários segmentos podem incluir o couro da tilápia em seus produtos entre eles vestuário, calçados e joias. “O produto tem grande potencial de venda no mercado. Além da qualidade técnica, este couro é mais resistente e flexível do que os demais”, destaca Dutra, lembrando que a pele do peixe hoje é utilizada na fabricação de ração, mas sem agregar valor ao produto.
“As empresas precisam se apresentar competitivas no mercado. Pesquisa de tendências e desenhos mostra que nosso projeto é exclusivo, desenvolvido para o consumidor brasileiro”, afirma o designer italiano Giovani Maria Conti, do instituto politécnico de Milão (POLI.Design), parceiro no desenvolvimento do trabalho. “Neste projeto, o couro de tilápia tem papel estrutural e não apenas de decoração”, completa.
Para o empresário Dario Vitali, da Vitalmar, o resultado do projeto mostra que o uso desta matéria-prima amplia a cadeia produtiva do setor de pescados. “Hoje aproveitamos apenas 32% de toda a tilápia que pescamos. Por isso, temos a preocupação de encontrar estratégias para utilizar melhor nossos pescados”, afirma. As peças passam a integrar o acervo de moda do SENAI em Blumenau.
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