Santa Catarina destaca-se no cenário nacional por ser um dos Estados que melhor distribui sua renda. Se fosse um país, seria referência internacional em redução de desigualdade. A renda per capita do catarinense saiu de R$ 800,00 em 2002 para R$ 1.339,00 em 2014, alta de 4% ao ano. O crescimento da remuneração do trabalhador, que passou de R$ 1.251,00 em 2002 para R$ 1.905,00 em 2014, foi responsável por 65% desse aumento, segundo dados compilados pelo Instituto Ayrton Senna.
Mas é preciso ver, também, o outro lado dessa moeda. Em Santa Catarina os salários crescem o triplo da produtividade. Enquanto os primeiros aumentaram 4% ao ano, a produtividade avançou apenas 1,5% anualmente, entre 2004 e 2013. É menos que na África, onde a elevação da produtividade tem sido de 2,5% ao ano. Em 2004, Santa Catarina tinha o sexto maior PIB por trabalhador do País. Em 2013, caiu para o nono lugar. Ou seja, estamos perdendo competitividade, o que poderá, no futuro, afetar os indicadores sociais que nos diferenciam.
São os investimentos na saúde e na educação do trabalhador que nos permitirão reverter essa tendência: ambas melhoram a produtividade. No Chile, por exemplo, cada ano de escolaridade gera US$ 3 mil a mais de produtividade por trabalhador; na China US$ 3,5 mil e na Malásia US$ 2,5 mil. No Brasil, esse valor é de US$ 200,00 por série adicional. A produtividade não responde a aumentos na escolaridade. Significa que estamos produzindo muita educação, mas ela está desconectada da produtividade, como ressaltou, na FIESC, recentemente, o economista Ricardo Paes de Barros.
São dados impactantes, que precisam ser avaliados com atenção. E que confirmam a importância do Movimento Santa Catarina pela Educação, que acabamos de apresentar em Washington, a convite do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), como uma iniciativa de destaque na área educacional na região da América Latina e do Caribe. Fica a certeza de que é necessário ampliar, ainda mais, os esforços pela melhoria da qualidade da educação. É a chance que temos de nos aproximar das nações mais desenvolvidas. Mas só teremos sucesso se isso for uma verdadeira obsessão de todos os catarinenses.
Confira artigo do presidente da FIESC, publicado nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina na terça-feira, dia 15 de novembro