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Opinião: O impacto dos juros exagerados

Confira artigo do presidente da FIESC, Glauco José Côrte, publicado nos jornais Diário Catarinense e A Notícia nesta quarta-feira, dia 10 de junho

A decisão do Banco Central que elevou novamente os juros básicos da economia, agora para 13,75% ao ano, não surpreendeu. Ainda assim, frustrou as 50 mil indústrias catarinenses, que têm seu potencial de geração de postos de trabalho e renda prejudicados. Com mais esta alta, os juros passam a se constituir, cada vez mais, num obstáculo à recuperação da economia, porque encarecem o capital de giro das empresas, desestimulam os investimentos e afetam negativamente o consumo. Essa decisão ignora o estado de desaceleração da economia, a queda no emprego e os efeitos do ajuste fiscal no controle à inflação.

Recentemente, o IBGE divulgou o resultado do Produto Interno Bruto do primeiro trimestre, com queda de 0,2% da atividade econômica, recuo na produção industrial, serviços, investimentos, consumo das famílias e do governo. Qual a demanda se quer inibir com o aumento dos juros? O atual cenário já é suficientemente restritivo e não revela os perigos da inflação de demanda, que são afetados pelos juros. Altas de custos, como os da energia, por exemplo, não são inibidos com elevações da Selic, embora se disseminem pela economia. Já os gastos com juros da dívida pública, são. E eles aumentaram R$ 63 bilhões no ano passado. É, praticamente, o superávit primário que o governo federal quer que a sociedade agora produza.

Com a redução dos gastos públicos será possível reduzir a inflação e caminhar para o desenvolvimento sustentável. Ao contrário, com o aumento da taxa de juros imputa-se um sacrifício desmedido à sociedade brasileira e se estimula uma espiral negativa na economia. O que precisamos, isso sim, é de instrumentos que financiem os investimentos, pois é deles que a retomada consistente da atividade econômica depende. E é de um bom ritmo da atividade econômica que dependem boas arrecadações para o setor público.

Ao não interromper o danoso ciclo de alta dos juros, o país  perdeu a oportunidade de combinar as políticas fiscal e monetária e a possibilidade de aliviar o custo do ajuste das contas públicas para as empresas e os consumidores, o que  favoreceria uma retomada gradual da produção.

 


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