Blumenau, 19.04.2017 – “Dois terços dos afastamentos no Brasil ocorrem por causas não relacionadas ao trabalho. Portanto, precisamos nos atentar para o assunto além do âmbito empresarial”, enfatizou o médico e presidente da Associação Internacional de Promoção da Saúde no Ambiente de Trabalho, Alberto Ogata, no workshop Aliança Saúde Competitividade que ocorreu nesta quarta-feira (19), em Blumenau. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentados por Ogata mostram que os principais fatores de risco estão relacionados à alimentação inadequada, falta de atividade física, tabagismo e uso excessivo de álcool. “Atualmente, em Santa Catarina, apenas 35% da população é ativa no tempo livre. Cerca de 25% assiste televisão três horas por dia”, exemplificou. O evento, promovido pela FIESC, por meio do SESI, e uma iniciativa da Aliança Saúde Competitividade, reuniu empresários e gestores do setor industrial de Blumenau e região com o objetivo de estimular a atuação de lideranças locais como agentes promotores de ambientes de trabalho seguros e saudáveis.
Um dos fatores que ampliam ainda mais esse desafio, de acordo com o especialista, é a reforma da previdência, que vai aumentar o tempo de vida ativa dos trabalhadores. Um modelo adequado defendido por Ogata seria uma estratégia que integre segurança e saúde do trabalho com a promoção da saúde para prevenção de acidentes de trabalho. “Nenhum país no mundo pode ser competitivo sem trabalhadores saudáveis”, apontou o médico. Ainda de acordo com ele, a OMS estabelece cinco passos para um programa de sucesso: liderança e engajamento; envolvimento dos trabalhadores; ética e legalidade empresarial; programas amplos, integrados e efetivos; e sustentabilidade e integração do programa de saúde a outros indicadores da empresa.
O case da empresa Cremer foi apresentado no evento pelo gerente de saúde ocupacional da companhia, Edson Galisa. A partir de 2013 a empresa começou a analisar as causas que levam ao adoecimento dos trabalhadores. De 2008 a 2013 havia uma média de mais de 12% de absenteísmo. “Começamos a trabalhar em três alicerces: segurança, saúde e recursos humanos. Algumas mudanças implantadas foram: reestruturação da equipe, integração da equipe multidisciplinar, controle através de indicadores, foco na redução do absenteísmo, alinhamento entre a equipe de saúde e a liderança, resgate de qualidade de atendimento, descrição de tarefas individuais, entre outras”, explicou. Depois de três anos de atividades, o resultado das mudanças foi visível: em 2016 o absenteísmo caiu para 2%.
Outro exemplo apresentado no workshop foi da Metalúrgica Fey, de Indaial. O diretor administrativo da empresa, Fernando Fey, destacou alguns desafios do programa de segurança e saúde do trabalho, tais como: tornar a área autônoma e estratégica, fazer com que os reais responsáveis entendam seus papeis e ampliar o conhecimento de saúde e segurança no trabalho (SST) para além da prevenção de acidentes. Há cerca de três anos a Fey começou a mapear prioridades e criou um plano anual de ações, trabalhando com a filosofia que segurança é um valor e que saúde não é custo, mas investimento. “Em seguida, começamos a investigar mais as doenças do que os próprios acidentes. Depois disso, realizamos um diagnóstico que identificou esses índices e, na sequência, foi implantado o Programa Qualidade de Vida Fey”, observou. Quanto aos indicadores, os acidentes de trabalho caíram de 11 para um e acidentes de trajeto de seis para zero, caindo a cada ano entre 2012 de 2017. No mesmo período as doenças ocupacionais cariam de quatro para zero.
Além das apresentações, os participantes tiveram a oportunidade de responder a uma pesquisa online que prioriza ações voltadas à promoção da saúde e segurança do trabalhador. A partir da identificação dos desafios na área, será elaborado um plano de ação para a mobilização da região a favor da causa.
De acordo com o superintendente do SESI/SC, Fabrizio Machado Pereira, a questão precisa ser encarada como estratégica do Estado e das organizações. “Precisamos enxergar a promoção da saúde e segurança por outro viés e priorizá-las nas mais diferentes agendas, desde a pessoal, como também a empresarial e governamental”, afirmou Pereira, acrescentando que os trabalhadores precisam também atuar como agentes de transformação.
Aliança Saúde Competitividade
A Aliança Saúde Competitividade, iniciativa da FIESC, visa ao engajamento e à participação de lideranças empresariais, acadêmicas, políticas e da sociedade na promoção da saúde e ambientes seguros para o trabalho, com ações de sensibilização e mobilização, além de reposicionar o tema como um dos fatores estratégicos para a competitividade da indústria. Apoiam a aliança instituições públicas, como o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Ministério Público do Trabalho em SC, Superintendência do Trabalho e Emprego em SC e Tribunal Regional do Trabalho, e Federações de Trabalhadores (FETIAESC, FETICOM, FETIMMMESC, FITIEC e FETIGESC).
A iniciativa disponibiliza conhecimento sobre cenários e tendências de saúde e segurança e seus impactos para a competitividade das organizações. A Aliança Saúde Competitividade oferece ainda, por meio dos serviços das entidades da FIESC, o desenvolvimento e gestão de ambientes e comportamentos seguros e saudáveis na promoção da saúde integral.
Para saber mais acesse o site: www.aliancasc.org.br
Com informações da Presse Comunicação Empresarial.